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Tanto “Breaking bad” quanto “Better call Saul” se apoiam nas alianças entre seus personagens centrais. A primeira, na ligação de mestre/pupilo de Walter White (Bryan Cranston) e Jesse Pinkman (Aaron Paul). A outra, na complementaridade do casal Jimmy (Bob Odenkirk) e Kim (Rhea Seehorn). Atenção, daqui para a frente tem spoiler. Agora, a um episódio do fim de “Better call Saul”, estamos acompanhando o esfacelamento da relação simbiótica de Kim e Saul. E Jesse aparece sozinho, numa cena surpresa, quase no fim de “Waterworks”, nome do penúltimo capítulo da série.
O público fiel estava ansioso para rever Kim. Quando a reencontramos, no futuro em preto e branco, ela está vivendo na Flórida. Aquela mulher decidida, elegante, de passo firme e mente brilhante sumiu. A ex-advogada abandonou os tribunais e tem um emprego medíocre numa fábrica de irrigadores de jardim. Como é “Better call Saul”, e não uma série qualquer, fica impossível não enxergar alguma dose de simbolismo nesse ramo profissional. Kim sofre com a consciência pesada, ela escolheu logo uma atividade que envolve água e jardins plácidos. Essa nova Kim fofoca sobre assuntos banais com amigas bobas e namora um sujeito desinteressante que adora “The amazing race”. Não consegue decidir sequer sobre qual maionese usará numa salada. Virou uma mulher submissa, pesada e sem charme.
Numa cronologia intermediária, pediu o divórcio, e Jimmy a tratou com (falsa) frieza. A antiga cumplicidade irrestrita se quebrou.
Os choques morais se aprofundam à medida que o episódio avança. A trama vai de novo até o futuro, onde Kim tenta consertar os malfeitos do passado. Procura a viúva de Howard (Patrick Fabian) para confessar tudo. É uma decisão chocante. Enquanto isso, Jimmy, vivendo em Omaha como Gene Takavic, segue aplicando seus golpes. Continua avesso a violência física.
“Better call Saul” é sensacional.
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