Após uma semana turbulenta, que levou o real a ter o pior desempenho entre as moedas emergentes, analistas de mercado elevaram a projeção da cotação do dólar até 2027.A moeda americana que, há quatro semanas, era cotada em R$ 5,05 ao fim de 2024 e 2025, chegou a R$ 5,15 para os dois anos. Para 2026 e 2027, as estimativas saíram de R$ 5,10 para R$ 5,15 e 5,18, respectivamente. Na quinta-feira, o dólar chegou ao maior patamar no atual governo Lula, quando fechou a R$ 5,46. O Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central, trouxe ainda uma ligeira elevação nas previsões de inflação para este ano, de 3,96% para 3,98%. Para 2025, a estimativa para o IPCA saiu de 3,80% para 3,85%.
- Semana para entender como o Banco Central está vendo a economia brasileira: Divulgação da Ata do Copom e do relatório da inflação devem indicar o que vem pela frente
- A inútil briga com o Banco Central: Se Lula propuser o fim da autonomia do BC terá duas derrotas: no Congresso e com aumento de preços da economia real
Os analistas ouvidos pelo Banco Central fizeram ainda um pequeno ajuste para cima na projeção do crescimento da economia em 2024, de 2,08% para 2,09%. As estimativas para os outros anos se mantiveram em 2%.
Em seu relatório nesta segunda-feira, o economista Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica do Goldman Sachs para a América Latina, destaca que "as expectativas de inflação de médio prazo desancoradas provavelmente refletem a expectativa de que as metas fiscais não serão alcançadas (alterando a meta e/ou não atingindo devido a falhas de execução) e que as autoridades fiscais e monetárias estão inclinadas a acomodar a inflação acima da meta."
O economista ressalta ainda que as projeções" de inflação de médio prazo prolongadas acima da meta (2026-27) podem contaminar e endurecer os mecanismos de formação de preços e tornar mais custoso para o Banco Central entregar a inflação na meta." Ramos destaca ainda a expectativa mediana para o saldo fiscal primário entre 2024 e 2027 permanece no vermelho, "contrariando as metas do governo de não resultados negativos, atestando a baixa credibilidade e o fraco efeito de ancoragem do arcabouço fiscal."
- O que Lula e o PT ainda não entenderam na briga com o BC: Autoridade monetária autônoma pode ajudar o governo
Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, encerrou o ciclo de corte de juros da taxa Selic, mantendo-a em 10,5%, alegando uma deterioração na expectativa da inflação. As projeções das últimas semanas, de fato, se afastam da meta para este ano que é de 3%, mas ainda estão dentro do intervalo de flutuação que vai até 4,5%.
As projeções do mercado para a Selic se mantiveram esta semana, em 10,5% para este ano e em 9,50% para 2025 e 9% para 2026 e 2027.