A cidade de Joinville, em Santa Catarina, está em situação de emergência desde o início da manhã desta segunda-feira, quando um caminhão carregado com produto químico bateu de frente com um barranco, na curva do Mirante, na altura do km 14 da Serra Dona Francisca (SC-418). Com o impacto, o veículo tombou e a substância, considerada perigosa para a saúde, acabou despejada no Rio Seco, que fica à beira da estrada e desagua no Rio Cubatão, fonte de abastecimento para pelo menos 34 bairros do município. Por conta da grande espuma tóxica formada, e devido à periculosidade do material — ácido sulfônico ONU 2586 —, o fornecimento de água precisou ser imediatamente interrompido na Estação de Tratamento.
Um motorista flagrou o momento em que o caminhão carregado com a substância parece perder o controle, trafegando entre as duas pistas, até que bate no barranco. A colisão foi tão forte que o veículo chegou a pegar fogo. O condutor, segundo a Polícia Militar, teve apenas lesões leves. Aos policiais, o motorista afirmou que o acidente aconteceu "por falta de freios no veículo".
Vídeo mostra momento em que caminhão bate e derrama produto químico em Joinville
A Polícia Civil afirma que a Divisão de Crimes contra o Meio Ambiente de Joinville já instaurou inquérito policial para apurar causas e responsabilidades envolvendo o tombamento o caminhão. O ácido sulfônico é usado na produção de detergente. De acordo com a delegada Tânia Harada, responsável pela investigação, o local já foi periciado e a empresa responsável pelo transporte já está identificada. Ela acrescentou que será pedida uma perícia no caminhão e o DNIT será oficiado para verificar eventual irregularidade no transporte da carga.
Transtornos e água superfaturada
Por conta do despejo do produto químico no rio que desagua no Cubatão, a captação de água na Estação de Tratamento foi totalmente fechada às 10h. A prefeitura afirma que Técnicos da Companhia Águas de Joinville realizam análises constantes "para garantir que não há resquícios do produto químico" e que "a empresa constatou que os níveis dos reservatórios estão baixando rapidamente". Por volta das 10h30, o nível dos reservatórios estava em média de 50%, o suficiente para quatro horas de consumo. Segundo o município, "ainda não há previsão de normalização do abastecimento".
A Companhia Águas de Joinville alerta para a necessidade de economizar água na cidade e o município destaca que a água que ainda está sendo distribuída é própria para consumo. O prefeito Adriano Silva sobrevoou o local com o helicóptero Águia, da Polícia Militar, e constatou que o produto avança com velocidade pelas águas da região.
— Estamos agindo rapidamente e tomando todos os cuidados para garantir a segurança de todos, mas é necessário que a população colabore, economize água e evite o desperdício — disse, em divulgação da prefeitura.
Com a iminente falta d'água nas próximas horas, já há diversos relatos nas redes sociais de filas para comprar galões e, também, de oportunistas vendendo o produto com valores bem superfaturados. "Já estão vendendo água por R$ 45", reclamou uma moradora no perfil da prefeitura no Instagram.
O Procon de Joinville disse que já recebeu denuncia e orientou que, caso o consumidor registre locais onde houve aumento repentino da água, pode fazer uma denúncia formal utilizando o número de WhatsApps (47) 98815-3195 ou pela Ouvidoria da Prefeitura, utilizando o aplicativo Joinville Fácil ou a área de “Fale Conosco” do site joinville.sc.gov.br.
De acordo com o órgão, até as 15h45 da tarde desta segunda-feira (29), apenas uma denúncia havia sido registrada. Um fiscal da unidade esteve no local denunciado para apurar os fatos e, caso seja necessário, irá notificar a empresa.
"Além de atender as denúncias, o Procon está em contato com mercados para verificar se há problemas de abastecimento e conferir se há alterações de preço. Até o momento, há relatos de que a água sem gás está em falta em alguns estabelecimentos, mas que os mercados já estão recebendo reposição dos estoques. A orientação é para que a população economize água e não pague preços abusivos pelo produto, pois não há ressarcimento de valores".
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