Brasil
PUBLICIDADE
Por — São Paulo

A Justiça Federal determinou que a União pague indenização de R$ 1 milhão por danos morais ao professor João Florêncio Junior, 73 anos, que foi preso e torturado em 1972 em Pernambuco, quando era ainda estudante de Física, acusado de envolvimento com "práticas subversivas" do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR). A decisão é da juíza federal Fernanda Ribeiro Pinto, da 4ª Vara Federal de Niterói (RJ).

Segundo da Comissão Estadual da Verdade de Pernambuco, João Florêncio foi preso em Recife por datilografar documentos e circular panfletos na universidade. A prisão, segundo noticiaram os jornais da época, ocorreu em 12 de maio de 1972, porém, no inquérito aberto contra ele pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) constou como data de prisão o dia 25 de abril. Ele foi denunciado por panfletagem, treinamento de tiro, transporte de armas, veiculação de arquivos ilegais, expropriação de bens para fins subversivos e dilapidação do patrimônio público, crimes que teriam sido todos fundidos devido à uma única suspeita de subversão ao regime militar.

Na Justiça, a denúncia contra ele foi considerada improcedente, mas João Florêncio permaneceu preso por quase oito meses até que o caso chegou ao Superior Tribunal de Justiça, que manteve a decisão das instâncias inferiores e determinou a soltura do estudante. Todas as confissões que embasaram o inquérito e a denúncia haviam sido desconsideradas pela Justiça por "claros indícios de tortura".

João Florêncio, hoje professor da Universidade Federal Fluminense, foi à Justiça e pediu indenização de R$ 150 mil por danos morais por ter sido preso ilegalmente, torturado e difamado pela mídia, que na época era controlada pelo regime militar. Ele nunca havia recebido qualquer valor pelo sofrimento e não havia apresentado pedido à Comissão de Anistia, que trata de indenização material. Com a correção monetária, o valor atual chega a R$ 1.025.142,88.

Na ação, a União afirmou que ele deveria ter apresentado pedido administrativo a ser julgado pelo então Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, formatado no governo Bolsonaro, e que a pretensão estava prescrita. Ele teria também de apresentar provas que sua prisão foi exclusivamente por motivos políticos.

Na sentença, a juíza afirma que a Constituição assegura que não será excluído de análise pela Justiça de qualquer ato lesivo ou ameaça a direito e que o crime de violação dos direitos humanos é imprescritível.

O advogado João Pedro Brígido, do escritório BBL Advogados, que representou o professor, afirmou que a decisão reconhece danos e reafirma o compromisso do Judiciário com a verdade.

-- A decisão contribui para que a história não seja esquecida e para que as violações aos direitos humanos nunca mais se repitam em nosso país -- disse Brígido.

A União não contestou qualquer prova apresentada pelo professor, como depoimentos de pessoas que estiveram presas com ele em 1972. Para a magistrada, restou configurado que ele foi preso arbitrariamente por motivos políticos e torturado durante regime de exceção.

Mais recente Próxima OAB adia segunda fase de exame no Rio Grande do Sul devido a chuvas

Inscreva-se na Newsletter: Jogo Político

Mais do Globo

Como acontece desde 1988, haverá uma demonstração aberta ao público no Centro de Instrução de Formosa, em Goiás

Tropas dos EUA e da China participam de treinamento simultaneamente dos Fuzileiros Navais no Brasil

Auxiliares do presidente veem influência excessiva de integrantes da legenda do deputado em eventos de campanha

Entorno de Lula vê campanha de Boulos muito 'PSOLista' e avalia necessidade de mudanças

Cantor criticou autoridades responsáveis pela Operação Integration; Fantástico, da TV Globo, revelou detalhes inéditos do caso que culminou na prisão da influenciadora Deolane Bezerra

Com R$ 20 milhões bloqueados, Gusttavo Lima diz que suspeita de elo com esquema de bets é 'loucura' e cita 'abuso de poder': 'Sou honesto'

Investigação começou após a encomenda com destino a Alemanha ser retida pelos Correio; ele criava aranhas em sua própria casa para venda

Homem que tentou enviar 73 aranhas para a Alemanha por correio é alvo da Polícia Federal em Campinas

Um dos envolvidos já havia sido preso e confessou ter entrado em uma briga com as vítimas

Chacina da sinuca: o que se sabe sobre briga após campeonato em Sergipe que terminou com seis mortos, um preso e dois foragidos

Num deles, Alexandre de Moraes é sugerido como sendo 'advogado do PCC'

Eleições SP: campanha digital de Nunes lança série de vídeos de ataques a Marçal

A decisão é da 4ª Câmara de Direito Privado do TJ do Rio

Vendedora ambulante será indenizada após ser abordada com violência no Metrô do Rio