Uma São Paulo praticamente desconhecida. Às vezes até para os próprios paulistanos. A metrópole, famosa pelos festivais de música e por sua efusiva vida cultural e noturna, também exibe grande riqueza natural e mantém um Polo de Ecoturismo, em seu extremo sul.
Ao lado de teatros, museus e centros culturais, o cardápio de atividades também inclui cachoeiras, remansos e mais de 1.500 hectares de verde. Pedaço da mata atlântica dentro da região metropolitana, o Polo de Ecoturismo de São Paulo convida a trilhas e atividades na natureza, com mais de 50 atrativos turísticos mapeados.
A região, que cobre quase um terço do território do município, oferece aventura e turismo rural aos visitantes e desenvolvimento econômico a moradores e pequenos empreendedores.
– Você tem ali uma área rural, com sítios, muitos com produção de orgânicos. Está cercada pelas represas Billings e Guarapiranga. Uma das maiores terras indígenas do Sudeste está nessa região, dentro da capital. É uma área muito importante tanto para a preservação ambiental quanto para a valorização desses costumes e para a produção de alimentos dentro da cidade – explica Fernanda Ascar, diretora de Turismo da São Paulo Turismo (SPTuris), empresa da Prefeitura de São Paulo responsável pela divulgação da cidade aos visitantes.
Quatro parques naturais
![Bororé está entre os Parques Naturais Municipais (PNM) — Foto: Divulgação](https://s2-oglobo.glbimg.com/xPewiSH6y0hO8qZUuYIUdpJC8AA=/0x0:1035x690/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/Q/S/uIR1t0Rdq6ghgBDQKlVQ/ff024c74-f5d3-4b43-b4dd-c339c931456e.jpeg)
Com mais de 400 km², o extremo sul de São Paulo se divide entre os distritos de Parelheiros e Marsilac e um pedaço do distrito do Grajaú, com a Ilha do Bororé. A região engloba quatro Parques Naturais Municipais (PNM): Jaceguava, Itaim, Varginha e Bororé. Com cerca de 1.500 hectares de área e importantes trechos de vegetação nativa, eles são foco de interesse de pesquisadores e apresentam um potencial para atividades de lazer e educação ambiental.
No polo, é possível fazer turismo de base comunitária, em vivências na terra indígena Tenondé Porã ou nos sítios, para aprender sobre cultivo e experimentar alimentos locais.
Também há atrativos de natureza, caso do Borboletário de São Paulo, ou pontos de aventura, como o Selva SP, lugar para rafting e stand up paddle.
– Tem o rio limpo, o Capivari, onde é possível nadar e fazer tirolesa. O parque é privado, mas tem todo o nosso acompanhamento. Há outros espaços que fazem ‘day use’, para o contato com a roça – diz Fernanda.
Como ir até lá
No site https://ecoturismo.cidadedesaopaulo.com, o público encontra informações sobre empresas que oferecem atividades na região e opções de restaurantes e de hospedagem. Também pode saber sobre pontos de venda de produtos artesanais como mel e geleia. É recomendável combinar a visita antes com as atrações.
Dá para ir até lá em veículo próprio ou se juntar a um grupo do Vai de Roteiro, programa municipal com rotas turísticas gratuitas que mostram a cidade. Os ingressos devem ser reservados pela plataforma Sympla: https://www.sympla.com.br/produtor/turismoprefsp.
– A prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Turismo, entendendo esse interesse e a necessidade de organizar, porque às vezes as pessoas tinham dúvida de como chegar, montou o Vai de Roteiro – diz Fernanda. Todo sábado e domingo, sai às 8 horas da estação Vergueiro do Metrô, que fica em frente ao Centro Cultural São Paulo.
– A melhor experiência no polo é feita com uma agência ou um guia local. A gente está falando de propriedades rurais, onde as pessoas moram, e há os deslocamentos. Se tem alguém que consegue te orientar, essa experiência fica mais interessante – afirma a diretora de Turismo da SPTuris.
![Cerca de 30 roteiros diferentes para o fim de semana — Foto: Divulgação](https://s2-oglobo.glbimg.com/J-oe21-XHa2CiliowmhuJK3WSaA=/0x0:1038x691/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/I/A/PASP9sRbGihQgS3YktKw/3500f18d-bf50-4f77-aab9-4ad289faf818.jpeg)
Cada fim de semana o grupo faz um roteiro diferente; são mais de 30 no total. Fernanda conta que as rotas combinam sempre uma atração pública, como o Parque Estadual da Serra do Mar, com um sítio, a terra indígena ou um parque de aventura, por exemplo.
– A prefeitura oferece ônibus e guia para acompanhar a experiência. A pessoa arca com o custo no local – explica a diretora, sobre gastos com alimentação e ingresso, se o atrativo do fim de semana cobrar entrada. Os passeios são divulgados às segundas e terças-feiras no https://www.instagram.com/polodeecoturismosp.
Fomento à economia local
A lei de criação do Polo de Ecoturismo de São Paulo é de 2014. Desde 2022, o foco do governo municipal é estruturar e divulgar o potencial da região como destino turístico sustentável. De acordo com Fernanda, a prefeitura mapeou as atrações e constantemente qualifica os empreendedores. – A gente fez uma visita técnica a cada lugar para entender as possibilidades, o tipo de experiência que a gente podia oferecer ali – lembra. – Passa também por auxiliar na definição do valor que vai ser cobrado do turista, para que seja justo, gere renda e fomente a economia local.
A diretora de Turismo da SPTuris explica que a formatação envolve vários aspectos, como a combinação das atividades para atender a diversos perfis de turistas, em termos tanto de faixa etária quanto de poder aquisitivo. – A gente também tem cuidado com os deslocamentos, em concentrar os atrativos daquele fim de semana para que o tempo dentro do veículo seja menor – diz. – A área é muito grande. De um lugar para outro, você pode demorar mais de 50 minutos – exemplifica.
Para muitos empreendedores, o turismo é uma novidade. – Eles estão começando a receber agora. Não entendiam o valor do espaço onde vivem, do interesse que é possível desenvolver. Em muitos deles, a grande atração é sentar e conversar. O turista mais urbano não tem às vezes ideia do que é esse processo, essa relação com a terra.