Na sala de seu apartamento no Leblon, Ingrid Guimarães manda um WhatsApp ao grupo de pais da escola de Clara, sua filha, de 10 anos. Na mensagem, está a cena do filme “De pernas pro ar 3” em que Alice, personagem da atriz, passa por uma saia-justa com mães do colégio, que a julgam por ela não ser presente.
No longa-metragem que estreou semana passada, Alice se sente mal por se dedicar demais ao trabalho, dando pouca atenção à família. A esta altura do século XXI, feministas poderiam criticar o filme por perpetuar a culpa materna da mulher que prioriza sua profissão — coisa que os homens sempre fizeram. Mas Ingrid não concorda:
“Não é desserviço, é identificação. Pois é assim que eu me sinto”, diz ela. “Essa mudança não vem de uma hora para outra. Não dá para, do nada, Alice virar feminista. Ela não é uma artista, é uma mulher comum”. E, se o protagonista fosse homem, essa questão também estaria ali? “Aí, nem existiria filme”, acredita.
Nove anos depois da estreia da franquia, a humorista se deparou com a necessidade de debater temas que não geravam discussão na época do primeiro longa, em 2010.
Na vida real, Ingrid sempre viveu a união e o empoderamento feminino. Cresceu cercada por sete mulheres (mãe, irmãs, avó, tias e primas). “Minha irmã mais velha era ótima na escola, eu ficava de recuperação. Minha mãe dizia a ela: ‘Ajuda a Ingrid, ela tem dificuldade’” (risos). Filha de uma advogada do setor petroleiro, que se mantém na ativa aos 72 anos, e de um pai, jornalista, que vibrava com sua carreira, a atriz, de 46 anos, sempre soube o que quis. E o que não quis também.
Nesta entrevista, ela lembra quando disse “basta” nos papeis estereotipados (“sempre fiz o papel da feia, até que disse ‘chega’ “), fala de vaidade, do personagem que viverá na nova novela das 7 (“vai disputar o Rômulo Estrela com a Grazi Massafera”) e de como gostaria de falar de sexo com a filha.
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