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Por Lucas Salgado — Rio de Janeiro

Theo é um cartunista bem sucedido e divorciado. Após um ano sem se encontrar com a filha, que se mudou com a mãe para outra cidade, ele passa um período com a menina, Duda, durante suas férias. É justamente neste período que começa a receber ligações de uma desconhecida informando sobre o estado de saúde preocupante de seu pai, Theodoro, que o abandonou quando era criança. Em conflito com seus sentimentos, o homem decide então ir visitar o pai internado em um hospital no sertão da Bahia. Saindo de Salvador, ele pega a estrada na companhia da filha.

Esta é a premissa de “Sol”, filme escrito e dirigido por Lô Politi que estuda as relações entre pais e filhos para tratar de abandono e reconexão. Rômulo Braga interpreta Theo, enquanto que a estreante Malu Landim vive Duda. Everaldo Pontes completa o trio principal na pele de Theodoro.

— Quis fazer um filme sobre a dificuldade de um homem em lidar com as emoções mais profundas, sobre a falta de instrumentos que muitas vezes o feminino tem — conta Politi. — É sobre um cara introspectivo que foi abandonado e que tem emoções muito fortes com relação a isso, mas que não consegue lidar com elas. Ele tenta soterrar essas emoções, mas a vida o obriga.

Braga, que conquistou o prêmio de melhor ator do Festival do Rio 2021 pelo trabalho na produção, conta que foi justamente essa dificuldade em lidar com os sentimentos, seja na relação com o pai, com a filha ou com o casamento fracassado, que despertou seu interesse.

— É um homem em uma situação sócio-econômica confortável, mas que internamente está totalmente fraturado — contra Braga, que usou elementos de sua vida pessoal no desenvolvimento do personagem. — É uma história que, de alguma maneira, perpassa pela minha vida e pela de muitas pessoas. Não são temas completamente isolados de minha experiência. Tenho um filho de 22 anos e uma filha de 9, de casamentos distintos. A relação com um filho, com um pai, são relações de uma vida.

Politi descreve "Sol" como um filme sobre abandono e reconexão. Para a diretora, que no momento trabalha na finalização de "Meu nome é Gal", longa sobre Gal Costa estrelado por Sophie Charlotte, a obra conversa muito bem com o cenário político e social dos últimos anos.

— É um filme sobre reconexão que estreia em um momento em que buscamos nos reconectar. Por causa da pandemia e do momento político, nos desconectamos do mundo e de muitas pessoas. Estamos muito desconectados. Entre eleições e pandemia, é maravilhoso poder lançar um filme que fala sobre reencontro, sobre família e sobre afeto.

O afeto, inclusive, foi o que conquistou Braga. Visto recentemente no drama "Carvão" e na série "Rota 66", o ator ressalta que mesmo repleto de personagens duros e introspectivos, o afeto é o ponto condutor da história, principalmente na relação entre pai e filha, que é aquela que "ainda é possível salvar".

Mais do que um drama entre pais e filhos, "Sol" também é um road movie. Em determinado momento, os três personagens principais se veem dentro de um carro no sertão da Bahia em busca de seus destinos.

— O road movie tem uma coisa que é muito interessante para a dramaturgia que é o fato de que tudo é novo. O tempo todo o cenário vai mudando. Não gosto de olhar para o road movie apenas através dessa coisa da jornada interior espelhada no caminho, na estrada. O impacto do filme de estrada é a busca constante — destaca a diretora.

Diante dessa "busca constante", os personagens se permitem momentos de tensão, afeto e catarse. Um deles, em particular, chama a atenção, com Theo alcoolizado em uma espécie de cabaré ouvindo "Supera", música imortalizada na voz de Marília Mendonça. Politi conta que queria uma música baiana inicialmente, mas que depois decidiu utilizar uma canção que as pessoas ouviam na região. Ela acabou descobrindo a canção dias antes de rodar a cena e teve a certeza de que era a única opção.

— Foi uma cena que toda a equipe queria muito rodar. É um filme que tem uma dureza, então estávamos sentido falta deste momento de libertação. Foi um dia muito festivo e especial — lembra o ator.

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