Música
PUBLICIDADE

Por Bernardo Araújo, Especial Para O GLOBO — Rio de Janeiro

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 09/08/2024 - 17:33

"Chico Buarque retorna ao Rio com show 'Que tal um samba?' emociona e reflete o Brasil"

Chico Buarque retorna ao Rio com show político e emocional, acompanhado por Mônica Salmaso e homenageando Gal Costa. O espetáculo "Que tal um samba?" traz reflexões sobre o momento político do Brasil, com mensagens de esperança e tensão, culminando na vitória de Lula. A presença de Mônica agrega musicalidade e emoção, com o público envolvido e engajado. O show, mais do que uma apresentação, torna-se um reflexo do país e das vidas de todos.

O mundo não é o mesmo desde a turnê “Caravanas”, a última vez em que Chico Buarque juntou sua turma — músicos como o violonista e diretor musical Luiz Cláudio Ramos, o baixista Jorge Helder e a tecladista e cantora Bia Paes Leme — e saiu em turnê pelo Brasil. Na ocasião, em 2017, Chico tinha um disco recém-lançado (homônimo à turnê), do qual saía boa parte do repertório do show. Em Brasília, o presidente era Michel Temer, empossado após o conturbado impeachment de Dilma Rousseff (e Chico, como sempre, foi um dos mais ativos contra esse movimento).

Já o show “Que tal um samba?”, que chega amanhã ao Vivo Rio (com ingressos já esgotados para toda a temporada), se baseia em uma nova canção (“Que tal um samba?/ Puxar um samba, que tal?... Um desafogo, um devaneio/ Um samba pra alegrar o dia”) e tem uma estrela dividindo os holofotes com o cantor de 78 anos: Mônica Salmaso. Entre diferenças e semelhanças, o verão carioca: “Caravanas” chegou à mesma casa no Aterro do Flamengo no dia 4 de janeiro de 2018, há cinco anos. E em Brasília...

— Chico chegou a dizer que não sabia se a turnê continuaria se Bolsonaro fosse reeleito — diz Bia Paes Leme, tecladista que acompanha o cantor tricolor há 25 anos, hoje com menos tarefas ao microfone do que habitualmente, exatamente devido à presença de Mônica. — Era um show de campanha mesmo, a gente via a esperança nos rostos e nas vozes das pessoas, e agora temos um sentimento de alívio, além da alegria de sempre.

Outros formatos

“Que tal um samba?” estreou em João Pessoa, na Paraíba, no dia 6 de setembro do ano passado, e passou por Natal, Curitiba, Belo Horizonte, Fortaleza e Recife, antes de chegar ao Rio. Os shows em Salvador, que seriam realizados em novembro, foram adiados por causa da morte da amiga Gal Costa, no início daquele mês, e porque Chico contraiu Covid. Além da capital baiana, em abril, o cantor faz temporada em São Paulo, em março, e no meio do ano segue para a Europa.

— Foi surpreendente para todos nós — diz Jorge Helder sobre a turnê sem disco, além do intervalo menor em relação à excursão anterior. — Mas o mercado da música é diferente hoje, muita gente nem tem mais onde ouvir CDs, as pessoas prestam atenção nos singles que chegam às plataformas digitais.

Jorge e seu contrabaixo completam 30 anos ao lado de Chico em 2023.

— Quando ele me chamou para gravar “Que tal um samba?” (lançada em junho, a música tem participação do bandolinista Hamilton de Holanda), eu senti um cheirinho de turnê — brinca o músico.

O violonista Luiz Cláudio Ramos é, mais uma vez, o responsável pela direção musical do show. Mesmo com a presença de Mônica Salmaso (uma “surpresíssima”, na definição de Bia Paes Leme) e um mergulho maior no repertório, pela ausência de músicas novas, o maestro garante que tudo se mantém sob controle.

— Dá um pouco mais de trabalho, porque quando a gente tem um disco novo, os arranjos estão frescos, as músicas acabaram de ser registradas — conta ele, que acompanha o amigo desde a década de 1980. — Mas com o Chico tudo é feito com calma, de forma organizada. Foram seis ou sete semanas de ensaios antes da estreia.

Louvada por todos como um reforço musical e emocional, Mônica é a mais animada da trupe. Ela começa o show cantando cinco músicas sozinha, até recebê-lo em “Paratodos”, antes de uma série de duetos. Só então Chico tem o palco para si.

— Nem alucinando forte eu poderia supor que receberia um convite como esse — diz a cantora, de São Paulo. — Acho que a ideia veio depois que Chico gravou uma música comigo, durante a pandemia (os dois cantaram “João e Maria” para a série “Ô de casas”, de colaborações remotas). Ele levou séculos para aceitar, eu mandava as outras gravações, ele agradecia, eu chamava e ele dizia não, não, não (risos). Depois que tivemos esse pequeno convívio para a gravação, acho que ele acabou pensando em mim.

Segundo os companheiros, Chico pensa no roteiro, sem deixar de lado um bom debate democrático.

— Ele ouve todo mundo, pede sugestões, opiniões, mas já vem com o show na cabeça — diz Luiz Cláudio. — Eu sugeri “Roda viva”, porque achava que tinha a ver com o momento político, mas ele não quis.

Chico Buarque e Mônica Salmaso — Foto: Leo Aversa
Chico Buarque e Mônica Salmaso — Foto: Leo Aversa

Depois da morte de Gal, o repertório ganhou uma canção em homenagem a ela, “Mil perdões”, além do dueto com Mônica em “Biscate” e de outras gravadas pela baiana, uma das intérpretes favoritas do compositor. A cantora paulista, claro, teve direito a uma parte no latifúndio.

— Chico me disse para pensar no que cantaria, e apenas avisasse a ele — conta ela, lembrando da brincadeira. — Ele já tinha pensado nesse desenho, em que o show começa comigo, depois vêm os duetos, aí ele canta sozinho, e eu volto no fim.

Mônica começa o show com “Todos juntos”, aquela mesma dos “Saltimbancos”, em mais um recado político de “Que tal um samba?”. E ainda canta “Mar e lua”, “Passaredo” e “Bom tempo”, antes de chamá-lo em “Paratodos”.

— Eu tive a preocupação de não fazer nada longo demais, para não cansar as pessoas — conta ela. — E, ao mesmo tempo, prepará-las para a chegada do Chico.

E o mestre, então, enfileira mais de 20 dos seus clássicos, como “Bastidores” ou “O meu guri”.

‘Brasil inteiro’

Mônica é mais uma a destacar a importância do show no atual momento político do Brasil, com sua mensagem de esperança, depois a tensão, principalmente entre os turnos, e a vitória de Lula.

O primeiro show após o segundo turno foi justamente em Brasília, onde o público recebeu o espetáculo de forma “elétrica, quase histérica”, na definição de Bia.

— O Brasil inteiro está no show — continua Mônica. — Já saí chorando várias vezes. É muito intenso ver duas ou três mil pessoas cantando, querendo as mesmas coisas, ao som de músicas que falam das vidas de todos nós. A gente canta com alívio, raiva, cansaço, tudo junto. É muito lindo. Para você ter uma ideia, esse show, neste momento, é mais importante do que o próprio Chico.

Mais recente Próxima Música em 2022: ano teve volta dos shows presenciais, força da MPB veterana e Anitta internacional
Mais do Globo

Como acontece desde 1988, haverá uma demonstração aberta ao público no Centro de Instrução de Formosa, em Goiás

Tropas dos EUA e da China participam de treinamento simultaneamente dos Fuzileiros Navais no Brasil

Auxiliares do presidente veem influência excessiva de integrantes da legenda do deputado em eventos de campanha

Entorno de Lula vê campanha de Boulos muito 'PSOLista' e avalia necessidade de mudanças

Cantor criticou autoridades responsáveis pela Operação Integration; Fantástico, da TV Globo, revelou detalhes inéditos do caso que culminou na prisão da influenciadora Deolane Bezerra

Com R$ 20 milhões bloqueados, Gusttavo Lima diz que suspeita de elo com esquema de bets é 'loucura' e cita 'abuso de poder': 'Sou honesto'

Investigação começou após a encomenda com destino a Alemanha ser retida pelos Correio; ele criava aranhas em sua própria casa para venda

Homem que tentou enviar 73 aranhas para a Alemanha por correio é alvo da Polícia Federal em Campinas

Um dos envolvidos já havia sido preso e confessou ter entrado em uma briga com as vítimas

Chacina da sinuca: o que se sabe sobre briga após campeonato em Sergipe que terminou com seis mortos, um preso e dois foragidos

Num deles, Alexandre de Moraes é sugerido como sendo 'advogado do PCC'

Eleições SP: campanha digital de Nunes lança série de vídeos de ataques a Marçal

A decisão é da 4ª Câmara de Direito Privado do TJ do Rio

Vendedora ambulante será indenizada após ser abordada com violência no Metrô do Rio