O cientista político Luiz Carlos Ramiro Júnior foi exonerado do cargo de presidente da Fundação Biblioteca Nacional nesta segunda-feira (2). Ele estava desde março na função, substituindo Rafael Nogueira.
A gestão de Ramiro Júnior foi marcada por polêmicas com os servidores da instituição. O maior atrito aconteceu em julho, quando a FBN entregou a Medalha da Ordem do Mérito do Livro a bolsonaristas sem histórico de contribuições para a causa do livro, como o deputado federal Daniel Silveira.
Na época, a Associação dos Servidores da Biblioteca Nacional (ASBN) criticou duramente Ramiro. Em nota, a associação afirmou que a homenagem foi entregue "a um político (Daniel SIlveira) completamente desvinculado da causa do livro, da leitura e da cultura, e infame por seus seguidos ataques às instituições democráticas". Além da associação, imortais da Academia Brasileira de Letras também expressaram indignação, chegando a devolver suas medalhas.
Natural de Joinville (SC), Ramiro concluiu seu doutorado em 2019, com a tese "Da crise à restauração. O pensamento político de João Camilo de Oliveira Torres", a partir da obra do historiador e jornalista mineiro, uma das referências do conservadorismo nacional. No ano passado, ele publicou junto a outros três autores (incluindo Christian Lynch, seu orientdor no doutorado) o livro "Rio 2º Distrito Federal". A obra aborda a crise no Rio criada a partir da perda da condição de capital, e aponta como solução o seu retorno à condição de Distrito Federal, junto com Brasília.
Antes de assumir a Bn, Ramiro matinha um canal no YouTube, onde dá aulas online e debate questões políticas e sociais. Em um vídeo de 2020, ele classificou a situação da pandemia como “uma guerra bioideológica” e considerou exageradas as medidas de isolamento social.
A exoneração de Ramiro foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União junto com outras saídas da área da cultura. Na FBN também foi exonerado o diretor-executivo João Carlos Nara Júnior. Saíram ainda o presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Pedro Mastrobuono, a presidente do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Larissa Peixoto Dutra, e Jessica Pinto Lima, secretária nacional de Direitos Autorais, entre outros