Cultura
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Por O GLOBO — Rio de Janeiro

Anderson Leonardo, vocalista e cavaquinista do grupo Molejo, morto nesta sexta-feira (26) em consequência de um câncer inguinal raro, na região da virilha, seguiu a vocação do pai, Ubirajara de Souza, o Bira Haway, lenda da produção musical de samba e pagode.

Bira, que tem 72 anos, é o incentivador da criação do Molejo e também o responsável pelos álbuns de outros grupos de pagode dos anos 90, como Exaltasamba, Soweto, Revelação e Samprazer.

Durante a internação de Anderson Leonardo, em um hospital na Barra da Tijuca, Bira postou uma foto do filho recebendo a visita dos integrantes do Soweto. Na legenda, 'Meu guerreiro, meus meninos; te amo, filho".

Criador do Molejo

No fim dos anos 1980, Bira Haway montou o Molejo como uma banda de baile. No começo da década seguinte, Anderson e Andrezinho (surdo e vocal) assumiram a banda e se juntaram a Claumirzinho (pandeiro e vocal), Lúcio Nascimento (percussão e vocal), Robson Calazans (percussão e vocal) e Jimmy Batera (bateria). Orientados por Bira misturaram o samba-pop e bem-humorado dos Originais do Samba com as inovações introduzidas no samba de raiz pelo grupo Fundo de Quintal.

“Queríamos ser uma banda de baile, e nosso primeiro nome era Nossa Banda. Depois, mudou para Grupo Molejo que era o nome da banda do meu pai. Por querer ser uma banda de baile é que temos toda essa alegria, esse repertório e sempre estar cantando músicas de outros artistas e outros companheiros”, disse Anderson ao jornal “O AbreCampense”.

Em 1994, o Molejo lançou seu primeiro LP, “Grupo Molejo”, que estourou com o samba-rock “Caçamba” (“está tudo aí / que papo legal / estão dizendo lá no gueto / que você tem um suingue legal”). Os discos seguintes trariam “Paparico” (“arranjei um carro importado / uma beca e um celular / na verdade era tudo emprestado / não tenho nem onde morar”), “Brincadeira de criança” e a “Dança da Vassoura” (“diga aonde você vai / que eu vou varrendo”). Para sublinhar a alegria dos sambas, era fundamental a presença de Anderson, com o seu riso largo, sua voz rouca e uma dentição muito particular — que ele optou por corrigir em 2015.

Quem é Bira Haway

Natural do Morro de Laranjeiras, Bira começou a se apresentar na noite aos 13 anos, tocando surdo, repique, tantã e pandeiro.

Acompanhou grandes nomes da MPB como Elis Regina, Wando, Jair Rodrigues e o grupos Os Originais do Samba e Trio Mocotó, e também se apresentou com nomes internacionais como Dionne Warwick, Lisa Ono e Al Jarreau.

Bira integrou ainda o grupo Sambrasil, ao lado de Mauro Diniz (filho de Monarco), Claumir Jorge (pai de Claumirzinho, companheiro de Anderson no Molejo) e Carlinhos Werneck.

Seu nome vem do Estúdio Haway, no Rio de Janeiro, que Bira passou a frequentar nos anos 70. em 1983, produziu seu primeiro disco, “Brasileirinho no Samba”, de Silas de Andrade. Em 1989, produziu a demo do grupo do filho, Anderson.

Além de produtor, Bira integrou a ala de compositores da Estácio de Sá. Hoje, ele dirige o próprio selo musical, o Bira Haway Music.

Sobrinho de Elza Soares

Além de filho de Bira Haway, Anderson Leonardo também era sobrinho de Elza Soares.

Em entrevista ao Balanço Geral em meados de 2020, Anderson explicou que foi ela quem o incentivou e chegou a conversar com Bira para deixar o filho ser músico.

“Ela falava para o meu pai: ‘Deixa ele, Bira. Ele gosta da música, deixa ele'”, disse Anderson, acrescentando que também recebia conselhos de Elza. “Você precisa ser responsável, ensaiar bastante, treinar bastante, ouvir bastante”.

Na mesma entrevista, Anderson explicou que preferiu esconder o parentesco com Elza para construir seu espaço na música sozinho.

“Só fui dizer que era sobrinho dela quando eu estava conhecido com o Molejo. Eu sempre gostei mesmo de estar ali na minha luta, devagarzinho, com bastante simplicidade, humildade. Eu nunca gostei de falar que era sobrinho dela”, disse.

Mais recente Próxima Além da música, Anderson Leonardo, do Molejo, também influenciou Flamengo, Vasco e Ronaldinho Gaúcho; saiba como
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