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Artista que há meio século inventou uma fórmula para entreter plateias ao redor do mundo com sua dança multimídia hipnótica, Moses Pendleton promete fisgar agora seu público cativo no Brasil com um salto delirante, cheio de movimento e impacto visual através da toca do coelho das aventuras de “Alice no País das Maravilhas”. A mente criativa por trás do mundo fantástico do Momix avisa que sua versão do clássico de Lewis Carroll — que passou por Curitiba, chega ao Rio para sessões dias 22 e 23 e se apresenta em Belo Horizonte dias 25 e 26 e em São Paulo dia 29 — é bem-humorada, sensual, poética, um pouco estranha e, por vezes, ilógica.

— No Momix, como sempre, você deve esperar o inesperado, muita lógica no ilógico. Nós nos inspiramos com liberdade nos personagens de “Alice”, como a Tartaruga Falsa, o Chapeleiro Maluco e o Coelho Branco, mas os colocamos nos termos do Momix. É mais visual, um teatro físico, um trampolim, uma fuga para a nossa toca do coelho, que não é a história original propriamente dita — diz um falante Pendleton ao GLOBO, em entrevista por vídeo, da fazenda-sede da companhia onde vive, na região da Nova Inglaterra, em Connecticut, Estados Unidos, enquanto uma das duas trupes do Momix já rodava a América do Sul, antes de chegar ao Brasil, para a 16ª turnê desde 1987.

A “Alice” à la Momix tem 22 cenas (quadros) e parte, sobretudo, da camada visual da obra original: os desenhos criados pelo ilustrador John Tenniel para a edição inaugural, de 1865, foram a inspiração primeira de Pendleton. Outra fonte criativa foram 12 gravuras com grife do mestre surrealista Salvador Dalí, para uma versão numerada e exclusiva das “Aventuras de Alice no País das Maravilhas” lançada pela Random House em 1969, ilustrando cada capítulo da saga da menina pelo mundo dos sonhos.

— Ninguém teria realmente entendido ou tomado conhecimento do livro se não fosse lindamente ilustrado por Tenniel. A combinação da linguagem maravilhosa, maluca, sem sentido e escapista, com os recursos visuais foi o que chamou a atenção dos leitores pelo mundo. Carroll era muito visual, apaixonado por fotografia como eu. O livro é a inspiração mas também usamos as impressões de outros artistas sobre “Alice”, como Dalí e Walt Disney — conta Pendleton, ele mesmo formado em Literatura Inglesa pelo Dartmouth College.

Veja cenas de 'Alice no País das Maravilhas', novo espetáculo do do Momix que chega ao Br

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E para criar as imagens psicodélicas, que costumam grudar nas retinas do público do Momix, o diretor conta que ele e sua equipe exageraram ainda mais nos recursos tecnológicos, a ponto de terem pensado em usar a sigla IA (inteligência artificial) no título do espetáculo. Desde o início do Momix, em 1980, e até mesmo antes, quando ajudou a fundar o Pilobulos, em 1971, Pendleton sempre usou a tecnologia como aliada para oferecer um mundo poético de fantasia, onde os corpos dos dançarinos se transformam, com ajuda de projeções oníricas, em toda uma sorte de seres vivos, de animais a vegetais.

— Usamos novas tecnologias. Há grandes avanços na tecnologia de som, iluminação, projeções e outros estímulos — diz Pendleton, sem, contudo, entregar mais dos bastidores de “Alice”.

O diretor assume que há um lado seu um pouco temeroso com o avanço da IA nas artes, assim como no mundo como um todo:

— Eu tenho um pouco de medo, mas estou resignado em lidar com isso de alguma forma. É preciso absorver e tentar tirar o lado bom. No Congresso (dos EUA), há grandes discussões sobre que tipo de legislação é necessária para proteger os seres humanos do crescimento exponencial da IA para que não fique fora de controle. As guerras que estão sendo travadas agora estão sendo feitas de outra forma, no mundo cibernético, drones, carros não tripulados, aviões sem piloto. Também pode acontecer no mundo das artes, talvez em breve existam produções teatrais sem diretores. Fico curioso para ver como será isso tudo daqui a cem anos.

“Alice” é um espetáculo de cerca de uma hora e meia. Oito dançarinos expõem toda a fisicalidade em acrobacias e coreografias, enquanto contracenam com projeções, efeitos visuais caleidoscópicos e objetos cênicos variados, embalados por trilha e iluminação feitas para enfeitiçar quem está na plateia. A primeira cena é a senha para a engenhosidade que se seguirá.

Com o título “Dia de verão”, vê-se Alice com seu vestido branco flutuando numa escada-gangorra, enquanto lê um livro com seu nome, com uma paisagem bucólica ao fundo. Aos poucos, um outro personagem que parece simbolizar o próprio Carroll vai girando a escada-gangorra com mais intensidade, até que os pés da dançarina-menina tocam o chão, para o início de uma descida de múltiplas Alices por tubos-sugadores para o País das Maravilhas.

'Meu objetivo é tentar me manter vivo'

No palco, personagens que povoam o imaginário dos fãs de Lewis Carroll há mais de um século vêm e vão num ritmo trepidante. A lagarta conselheira, que na história original fuma narguilé, ganha corpo num conjunto de dançarinos carregando grandes bolas azuis de ginástica, que se multiplicam em jogos de imagens; coelhos selvagens aparecem em bando dando saltos mortais; suspensa por elásticos, a Rainha de Copas rodopia com seu vestido vermelho, ao lado de um exército de cartas de diferentes naipes; Rosas vermelhas bailam nos ares; e Alices-fantoches ganham proporções gigantescas encostando no céu.

Tudo isso é a materialização da tal alquimia multimídia professada por Pendleton:

— Nosso trabalho é uma mistura. Não é ginástica, não é acrobacia, não é dança, não é balé, não é performance. É uma mistura de todas essas coisas, uma situação alquímica, que também une som, luz e adereços. Nossa dança é expandida, uma dança que usa luz e o som como parceiros. Costumo brincar dizendo que, se não gostar do que está vendo no Momix, feche os olhos e ouça a dança. Você sabe que, às vezes, o som pode criar impressões de movimento.

Aos 75 anos, Pendleton esbanja a mesma vitalidade e o bom humor que oferece nos espetáculos da sua companhia. A vida na fazenda ressalta seu fascínio pelos seres dos reinos animal, vegetal e mineral, que também costumam povoar suas criações oníricas (“várias partes de ‘Alice’ lembram algum tipo de planta”, diz). Ele conta que uma das atividades que mais o encantam ultimamente tem sido fotografar vegetais, ao ponto de preparar uma exposição desses trabalhos para um futuro próximo. Seu dia a dia é cercado de natureza e cuidados com o corpo:

— Meu objetivo principal é tentar me manter vivo. Eu passo muito tempo tentando me certificar de que estarei aqui no dia seguinte. Eu me preocupo em não perder minha energia. Tomo banhos gelados, nado em lagos frios nas montanhas, ando de bicicleta oito quilômetros por dia, faço exercícios à noite, cultivo e cavo a terra. A coisa mais importante é me mover. Mesmo quando estou um pouco cansado, entediado e preguiçoso, dou instruções a mim mesmo e me ordeno a entrar no lago frio — diz ele, que depois da entrevista pretendia ir para o campo plantar girassóis.

O fundador do Momix também faz uma convocação para que as pessoas deixem seus celulares de lado e olhem para a natureza. E ainda dá um recado final aos cariocas.

— Não acho que as pessoas saiam para vivenciar o mistério e a magia de um dia de verão ou reparem no seu jardim ou olhem para uma flor ou uma formiga. Há muito o que observar. E continuo interessado e fascinado pelo poder da natureza, pois a natureza nutre. Ela certamente nutre meu pensamento e me inspira a ver que não estamos sozinhos — ele diz. — Estamos conectados a muitas coisas que não são humanas, mas que são essenciais para nossa energia e nosso sustento. Essa conexão tem de ser sentida. Eu recomendo que as pessoas no Rio mergulhem no mar todos os dias, isso lhes dará uma conexão muito boa.

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