Theresa Fonseca reconhece: assumiu a pele de uma pessoa difícil. Na nova versão da novela “Renascer” — que estreia nesta segunda-feira (22), na TV Globo na faixa das 21h —, coube à jovem atriz encarnar o papel que, há 30 anos, fez Adriana Esteves ser criticada e até repensar a carreira. Personagem central da trama, Mariana é, nas palavras da sua nova intérprete, “uma mocinha sem o estereótipo clássico, cheia de nuances”. Ciente do desafio, Theresa pediu a bênção de Adriana para fazer esse trabalho à sua maneira.
— Não tenho preocupação com críticas. Esta é uma personagem complexa. Às vezes, ela faz muita besteira, é verdade... Mas eu não a julgo! — ressalta a paulistana de 26 anos, que não se contém nos gestos largos e olhos arregalados ao defender a figura da ficção. — É alguém que abre o leque de todas as emoções e sente tudo com muita intensidade. Ninguém é muito bonzinho sempre, né? Acho interessante brincar com isso.
'Renascer’: compare o elenco das duas versões da novela
Como já havia feito em 2022 na atualização de “Pantanal”, outra obra de seu avô Benedito Ruy Barbosa, o autor Bruno Luperi vai manter intacta a espinha dorsal de “Renascer”. E é Mariana quem dá o maior pontapé para os grandes conflitos do folhetim.
Com um jeito brejeiro, a personagem entra na trama no 12º capítulo, na segunda fase da novela. Surge disposta a se vingar, em nome da família, do fazendeiro José Inocêncio (Marcos Palmeira, em papel que foi de Antonio Fagundes). A menina acaba se apaixonando pelo “rei do cacau” da Bahia, muito mais velho do que ela — um combustível para polêmicas, dentro e fora da ficção. E mais: em paralelo, Mariana se envolve amorosamente com um filho de José Inocêncio, o menosprezado caçula João Pedro (Juan Paiva, em papel que foi, veja só, de Marcos Palmeira).
Jovem analógica
O universo televisivo é relativamente novo para Theresa. Filha de advogados, ela é a primeira pessoa na família a incursionar profissionalmente pelas artes cênicas. Natural de São Paulo, a jovem se inscreveu, aos 17 anos (“comecei tarde”, ela opina), num curso de teatro ministrado por Jair Assumpção, depois de ouvir incentivos da mãe. Nesse período, largou a graduação de publicidade para se dedicar com mais afinco aos palcos.
— Mães enxergam coisas além da nossa visão. Acredito que segui uma intuição. (A carreira de atriz) foi algo que ela percebeu com a sensibilidade dela e, sabiamente, me aconselhou — rememora.
“Renascer” é a segunda novela no currículo da artista. Em 2022, ela integrou o elenco de “Mar do sertão” (TV Globo), folhetim das 18h em que interpretou a romântica Labibe, o que lhe deu a primeira exposição nacional.
Com pouco mais de 50 mil seguidores no Instagram, ela conta ser pouco afeita às redes, a despeito de pertencer a uma geração que já nasceu diante de celulares. Diz que vai, no seu ritmo, aumentar a interação com os fãs, pois valoriza a troca com o público. No entanto, prometeu a si mesma não ver a internet como validador profissional.
— Se for pensar na dimensão do que é estar tão em evidência numa novela das 21h, ficarei doida. Não estou nem mexendo mais em telefone! Vivo 100% analógica, para não ver o que estão falando — conta ela. — Estou muito colocando toda a minha atenção para o trabalho. Pode ser até uma forma de burlar um pouco a expectativa (risos). Sendo muito sincera, é claro que a expectativa chega até mim pelos outros, mas eu estou vendo um trabalhado tão bonito sendo feito, uma equipe tão entrosada, focada em contar essa história.
Produção já gravada
Nos últimos meses, Theresa Fonseca esteve dividida entre as gravações de duas novelas, simultaneamente. O segredo para equilibrar trabalhos tão diferentes — com tipos embalados por trejeitos e sotaques opostos — era “não pensar muito e só ir adiante”, como ela graceja. Em outubro do último ano, enquanto rodava as primeiras sequências de “Renascer”, ela também se dedicava a cenas de “Guerreiros do Sol”, folhetim inédito do Globoplay, de autoria de George Moura e Sergio Goldenberg. A produção, já inteiramente rodada, tem previsão de estreia para o próximo ano.
— Admito que sair de um personagem e ir para o outro, em questão de dias, provocava um tilt na minha cabeça às vezes. Mas estou tão realizada com esse instante profissional que “descanso” não é uma palavra que uso agora. — ela afirma. — Batalhei muito para conquistar esse espaço. Então, neste momento, quero trabalhar muito. E não poderia estar mais feliz e realizada.
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