Acusado de abusos sexuais e psicológicos contra pelo menos 20 mulheres durante atuação de 30 anos em uma comunidade religiosa na Eslovênia, Marko Rupnik chegou a ser excomungado em 2020 e depois reintegrado à Igreja após 'se arrepender formalmente' de ter tido relações sexuais com uma pessoa. Em junho do ano passado, ele foi expulso de maneira definitiva da ordem jesuíta. Nesta quarta-feira, duas freiras expuseram o comportamento do ex-religioso de 69 anos durante uma coletiva de imprensa em Roma.
— Ele me levou a teatros pornográficos para me ajudar a ‘crescer espiritualmente’. Ele disse que eu não cresceria espiritualmente se não satisfizesse as suas necessidades sexuais —, disse Gloria Branciani, que foi membro da comunidade até 1994
Na ocasião, ela contou que era influenciada pelo ex-padre a fazer sexo, ao mesmo tempo, com ele e mais outras pessoas. Segundo Branciani, Mako também sexualizava os conceitos religiosos.
— Outra freira fez sexo conosco porque ele disse que era como a Trindade —, disse Branciani em referência à cultura cristã central de Santíssima Trindade.
O caso de Rupnik ilustra e é mais um exemplo dos diversos problemas que a igreja católica enfrentou nos últimos anos com acusações de abuso sexual. A codiretora do site de rastreamento dos casos Bishop Accountability, Anne Barrett Doyle, afirmou que Rupnik foi poupado por religiosos de maior escalão.
— Clérigo poderoso que foi protegido nos mais altos níveis da Igreja e do Vaticano — disse Doyle à RFI.
O esloveno é conhecido também por ser um destaque na arte sacra, com projetos em mosaico espalhados em santuários de vários países, como Portugal, França, Polônia, Estados Unidos e até no Vaticano. Antes das denúncias começarem a ser divulgadas, Marko chegou a ser considerado um dos principais nomes da arte sacra na atualidade com mais de 200 obras desenvolvidas.