Os promotores japoneses solicitaram, nesta quarta-feira, a pena de morte em um novo julgamento contra Iwao Hakamada, um ex-boxeador conhecido como o preso que mais tempo permaneceu no corredor da morte, antes de sua libertação em 2014.
Hakamada, de 88 anos, passou quase cinco décadas no corredor da morte após ser condenado em 1968. Este ex-boxeador, que trabalhava em uma fábrica de missô, foi acusado pelo assassinato quádruplo de seu chefe, a mulher dele e seus dois filhos. No entanto, em 2014, foi liberto e um novo julgamento foi ordenado devido às dúvidas sobre as provas que levaram à sua condenação.
O caso de Hakamada e a longa saga judicial se tornaram um símbolo e um argumento para os defensores da abolição da pena de morte no Japão. Hakamada confessou o crime após semanas de brutais interrogatórios depois de ser detido. Mas posteriormente se retratou.
Desde então, não cessou de clamar sua inocência. Seus advogados afirmam que é provável que as provas que o incriminaram tenham sido orquestradas pela polícia ou pelos investigadores, para justificar sua prisão e condenação.
“Acredito que Iwao é inocente”, afirmou sua irmã Hideko Hakamada, de 91 anos. Os promotores pedem a pena de morte “por uma questão de processo” e a argumentação da equipe de defesa foi “tão sólida que estou certa de que vai vencer”.
Este novo julgamento começou no ano passado e o tribunal deve anunciar o veredito no final de setembro. Japão e Estados Unidos são as únicas democracias industrializadas onde a pena de morte é legal.
Hakamada relatou que as décadas em que esteve detido, majoritariamente em isolamento, sempre com a ameaça de ser executado, impactaram gravemente sua saúde mental. Em uma entrevista à AFP em 2018, afirmou que sentiu que “cada dia era uma luta”.