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Por Jin Yu Young, The New York Times — Seul

A Coreia do Sul tem a menor taxa de natalidade do mundo, mas pais afirmam que o governo não está facilitando a tarefa de ter filhos quando centenas de espaços públicos em todo o país são classificados como "zonas proibidas para crianças".

No início deste mês, uma deputada levou seu bebê à Assembleia Nacional e pediu ao governo que abolisse a política, que permite que restaurantes, museus, cafés e outros estabelecimentos proíbam a entrada de crianças.

Em seu discurso, Yong Hye-in, representante do Partido da Renda Básica, disse que estava se tornando mais difícil criar uma família em cidades que proíbem a entrada de crianças em determinadas áreas. Acabar com as zonas proibidas para crianças e criar uma sociedade que as aceite melhor ajudaria o país a superar sua baixa taxa de natalidade, disse ela.

— A vida com uma criança não é fácil — disse Yong enquanto segurava seu filho na Assembleia Nacional. — Mas, ainda assim, temos que recriar uma sociedade na qual possamos coexistir com nossos filhos.

No ano passado, a Coreia do Sul teve uma taxa de natalidade de 0,78, de acordo com dados do governo. Muitos casais jovens do país estão optando por não ter filhos devido ao aumento dos custos com creches e moradia, à escassez de empregos e à crescente ansiedade em relação ao futuro. Durante anos, o governo ofereceu incentivos, como subsídios mensais no valor de centenas de dólares, para famílias com filhos, mas não conseguiu lidar adequadamente com a crise demográfica.

Há centenas de zonas sem crianças em toda a Coreia do Sul. A Biblioteca Nacional da Coreia, por exemplo, proíbe a entrada de qualquer pessoa com menos de 16 anos de idade sem permissão especial. Recentemente, alguns lugares também tentaram proibir a entrada de idosos, provocando um forte debate nas redes sociais.

Esta é a segunda vez que Yong comparece à Assembleia Nacional com seu filho. No verão de 2021, ela veio com seu filho quando ele tinha apenas algumas semanas de vida. A Assembleia Nacional proíbe a entrada de qualquer pessoa que não seja funcionário e pessoal autorizado, e é considerada uma zona proibida para crianças.

Yong apresentou a "Lei de Acompanhamento de Crianças da Câmara da Assembleia Nacional" em 2021, pedindo que bebês com menos de 24 meses de idade pudessem entrar no andar principal da legislatura. O projeto de lei ainda não foi aprovado.

O debate sobre onde as crianças devem e não devem ser permitidas vem ocorrendo há anos, e não apenas na Coreia do Sul. Viajantes irritados sempre perguntam por que as companhias aéreas não introduzem áreas de assento designadas para famílias com crianças pequenas.

Vários países, inclusive a Austrália e os Estados Unidos, permitem a entrada de crianças em prédios governamentais. Os bebês foram permitidos pela primeira vez no plenário do Senado em Washington depois que a senadora Tammy Duckworth, cuja presença era necessária para confirmar um novo administrador da NASA, deu à luz uma filha menos de duas semanas antes da votação em 2018.

Stella Creasy, membro do Parlamento Britânico, foi repreendida em 2021 por levar seu bebê ao Westminster Hall em Londres.

Yong nasceu em 1990 em Bucheon, uma cidade nos arredores de Seul, e virou deputada em 2020. Além de acabar com as zonas proibidas para crianças, ela também planeja introduzir uma legislação que permita que as crianças e suas famílias evitem filas em locais como museus e parques de diversões.

Há quase 3,5 milhões de crianças com menos de 10 anos de idade na Coreia do Sul e mais de 11 mil instalações públicas destinadas a brincadeiras infantis, de acordo com estatísticas do governo.

A opinião pública sobre zonas livres de crianças sugere que a maioria dos sul-coreanos as apoia. Uma pesquisa realizada em 2022 pela Hankook Research, uma empresa de pesquisas com sede em Seul, mostrou que 73% dos entrevistados eram a favor das zonas livres de crianças, enquanto apenas 18% eram contra. Outros 9% dos entrevistados mostraram-se indecisos.

Os defensores da política dizem que as crianças podem incomodar os clientes.

— Geralmente vou às cafeterias para estudar. Não quero ser interrompido por crianças chorando — disse Lee Chan-hee, um estudante de engenharia em Seul que frequenta uma cafeteria que proíbe crianças.

Outros motivos para apoiar as zonas incluem a prevenção de acidentes e danos à propriedade, bem como ferimentos em crianças pequenas. A proteção dos direitos dos proprietários de pequenas empresas também foi levada em consideração.

Mas a maré pode estar mudando.

A pressão para se livrar das zonas proibidas para crianças ganhou força na semana passada, quando o comitê de segurança de saúde e bem-estar da Ilha de Jeju — um destino turístico popular na ponta sul da Península Coreana — deliberou uma portaria que aboliria as zonas proibidas para crianças em toda a ilha.

Os legisladores da ilha farão uma sessão no final deste mês para decidir se aprovam ou não o projeto de lei. Se for aprovada, será a primeira legislação do tipo na Coreia do Sul.

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