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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está incomodado com atitudes e decisões do venezuelano Nicolás Maduro e já não consegue esconder sua insatisfação. Essa foi a sensação — com base em comentários concretos do presidente brasileiro — que tiveram membros do governo colombiano durante a visita bilateral encerrada na quarta-feira em Bogotá. Lula relatou ao presidente Gustavo Petro conversas que teve com Maduro nos últimos tempos, destacando até mesmo, segundo fontes do Palácio de Nariño, que recorreu a expressões de ênfase e interjeições como “Meu Deus” nos diálogos com o chefe de Estado venezuelano.

Uma das ações que deixou Lula incomodado foi a investida da Venezuela contra a Guiana, no final do ano passado, já com o processo eleitoral do país começando a ser desenhado. Segundo as fontes colombianas, “num dos telefonemas a Maduro o presidente brasileiro comentou ter dito que o venezuelano deveria esperar as eleições [presidenciais de 28 de julho] passarem antes de continuar abrindo novas frentes de conflito”.

A percepção das fontes colombianas é de que Lula sente que está pagando um custo interno elevado por seu apoio a Maduro e, por conta desse impacto negativo em sua imagem, a paciência do presidente brasileiro parece estar chegando no limite.

De fato, pesquisas recentes refletem o dano causado ao presidente brasileiro pela relação com a Venezuela de Maduro. Uma pesquisa da Quaest, feita em dezembro passado, mostra que a retomada de relações com a Venezuela de Maduro é considerado o terceiro maior erro cometido por Lula em seu terceiro mandato. Uma sondagem da Atlas, também do final do ano passado, revelou que, para 59% dos entrevistados, o Brasil está mais próximo do que deveria da Venezuela. Na mesma pesquisa, Maduro tem 72% de imagem negativa.

Em Bogotá, Lula não conseguiu esconder a preocupação que esses números provocam no Palácio do Planalto e praticamente ignorou, segundo fontes colombianas, propostas de Petro de tentar novas comunicações com Maduro. O presidente brasileiro, acrescentaram as fontes de Bogotá, bateu várias vezes na tecla de que a eleição deve ser livre e que em eleições livres "se ganha e se perde".

Na mesma conversa realizada no palácio presidencial colombiano, os dois presidentes falaram sobre o cenário eleitoral venezuelano e não descartaram a possibilidade de uma eventual derrota do chavismo nas urnas. Lula e Petro coincidiram em que Maduro enfrenta dificuldades eleitorais claras, e, segundo as fontes colombianas, o assessor especial para a Presidência da República, Celso Amorim, mencionou uma pesquisa na qual o candidato opositor Manuel Rosales aparece na frente.

Consultado sobre o encontro na capital colombiana, Amorim evitou comentar detalhes da conversa, mas destacou o fato de ser sido uma "visita histórica" para ambos os países. A Colômbia, disse o Assessor Internacional do governo Lula é hoje "um parceiro estratégico do Brasil".

— Sobre a Venezuela, os dois países compartilham a visão de que é preciso encontrar uma solução — disse Amorim, que ressaltou, ainda, a defesa por parte de Brasil e Colômbia do cumprimento do Acordo de Barbados, selado em novembro de 2023 entre Maduro e seus opositores, com mediação da Noruega e participação de outros países, entre eles o Brasil.

Semana passada, Petro esteve em Caracas e se reuniu com Rosales, fato que provocou uma reação negativa de outros setores da oposição, entre eles o liderado por María Corina Machado. A tensão entre Rosales e María Corina é cada vez maior, já que a líder opositora não aceita apoiar a candidatura do governador do estado Zulia; Rosales, por sua vez, não aceita desistir da corrida presidencial para unir-se à campanha de María Corina — inabilitada por 15 anos pelo Tribunal Supremo de Justiça — a favor da inscrição de sua candidata substituta, Corina Yoris.

Na hora de redigir a declaração bilateral, houve mudanças de última hora. Uma delas foi a incorporação, no ponto 28, de uma proposta feita por Petro em Caracas. "Sobre a Venezuela, sublinharam a importância de se manterem a interlocução e o diálogo constante entre o governo e os demais setores políticos no espírito do Acordo de Barbados. Exortaram o governo e os setores de oposição a considerar a possibilidade de chegar a um acordo de garantias democráticas que possa ser referendado nas urnas. Reiteraram seu repúdio a qualquer tipo de sanções que unicamente servem para aumentar o sofrimento do povo venezuelano”.

O plebiscito sugerido pelo presidente colombiano foi considerado positivo pelo governo brasileiro. O acordo de garantias democráticas, como ele vem sendo chamado, tem o objetivo de preparar o terreno para depois da eleição, sobretudo se o chavismo for derrotado.

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