Jackson Costa ganhou visibilidade em 1993 ao interpretar o Padre Lívio de “Renascer”. Na trama, o jovem religioso chega à região cacaueira e desperta a fúria dos poderosos por ser contestador e ter fortes ideais progressistas.
— Eu fui convidado pelo Luiz Fernando Carvalho (diretor da novela). Ele me contou na época que esse personagem não existia na história. Havia apenas o padre Santo (Jofre Soares). Ele então sugeriu ao Benedito Ruy Barbosa (autor) que fizesse esse religioso mais jovem — lembra o ator, que considera "um privilégio" ter gravado na Bahia, onde nasceu: — Eu estava ali falando sobre a minha região, de onde eu nunca quis sair.
Com barbas e cabelos longos na novela, Jackson acabou se tornando galã na época e chamava a atenção por onde passava. O romance que o personagem viveu com Joaninha (Tereza Seiblitz) mexeu ainda mais com o imaginário do público:
— Havia um certo fetiche com o padre. Lembro que a gente ficava muito na ponte aérea Rio-Ilhéus. E eu, com aquela barba e aquele cabelo, era reconhecido assim que chegava. Era como se estivesse maquiado o tempo todo. Lembro que, no auge da história do envolvimento romântico dele, eu estava num avião com três freiras sentadas na minha frente. Uma delas começou a conversar comigo e falou que eu não podia ter nada com a Joaninha porque a Igreja não permitia (risos). Eu fiquei sem saber o que dizer, até que eu perguntei o que ela faria. Ela deu um leve sorriso.
Após o grande sucesso em “Renascer”, Jackson fez outros trabalhos na televisão, mas conta que ela nunca foi o foco da sua carreira.
— O meu maior sustento se dá pela poesia. Eu tenho, acredito, uns 200 poemas escritos. Além disso, sempre que terminei um trabalho na TV, voltei para a Bahia. Nunca quis sair de lá. Então, de certa forma, eu escolhi seguir por um caminho mais difícil. Viver de teatro, ainda mais fora do eixo Rio-São Paulo, não é fácil. Mas, enquanto eu tiver essa vontade de fazer arte na rua, eu sinto que estou vivo – conta o ator, que é casado e tem três filhos adultos.
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Ele avalia que a sua decisão não foi entendida por todos:
— Quando um ator faz sucesso na TV e não segue por esse caminho, tudo fica mais difícil para ele. Algumas pessoas não entendem e acham que, para dar certo, é preciso ficar fazendo televisão sem parar. Claro, financeiramente faz muito mais sentido. Mas, graças a Deus, eu estou vivo, feliz e com vários projetos em andamento.
Costa, inclusive, fez um trabalho para o audiovisual recentemente: participou de “Cangaço Novo”, série de grande sucesso do Prime Video da Amazon. Ela interpretou o cangaceiro Lampião, que apareceu durante um delírio de Dinorah (Alice Carvalho). Atualmente, está no elenco do espetáculo musical “Viva o povo brasileiro (de Naê a Dafé)”, com músicas originais de Chico César. A peça, em cartaz até pouco tempo no Rio, esteará em novembro em São Paulo. O ator comanda ainda um podcast chamado “Pode.com”, com episódios que vão ao ar no YouTube.