Tijuca e Zona Norte
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Por — Rio de Janeiro

A ideia inicial de Lázaro Teixeira, morador de Triagem, quando se viu diante de um trompete pela primeira vez, em 12 de outubro de 2019, era apenas fazer poses com o instrumento de sopro, em tom de brincadeira, para registrar o momento em uma foto. Mas por que não tentar tirar um som, pensou ele? Em questão de segundos, o menino, que, do alto dos seus 12 anos, havia se encantado ao ouvir o músico Facundo Ezequiel tocar alguns acordes, estava vivendo esta experiência. A sintonia entre o garoto e o instrumento de metal foi fina, digna dos nascidos um para o outro.

Dois meses depois, já se arriscava na execução de “Anunciação”, de Alceu Valença. Novamente, o acaso o colocaria em contato com a música. Ao ensaiar o clássico do cantor e compositor pernambucano na fila de um banco, apenas para passar o tempo enquanto acompanhava uma tia, uma pessoa passou e deixou uma cédula em cima da sua bolsa. Foi o suficiente para ele entender que poderia transformar a sua paixão pelas canções em profissão. Apresentações na rua se tornaram rotineiras.

Em 12 de outubro do ano passado, um novo caminho artístico se apresentaria. O baterista e pianista Cadu Mazzoni, fundador da Fábrica Musical (Rua Conde de Bonfim 485, sala 302, Tijuca) ao lado do saxofonista Pedro Silva, entrava num shopping do bairro quando escutou o som que Lázaro produzia para arrecadar algum dinheiro. Como a sua escola tem um projeto social que promove a inclusão social através da música, logo entendeu que deveria dar uma oportunidade àquele jovem.

Cadu Mazzoni é um dos fundadores da Fábrica Musical — Foto: Divulgação/Eliane Dias
Cadu Mazzoni é um dos fundadores da Fábrica Musical — Foto: Divulgação/Eliane Dias

— Coloquei R$ 5 para ele e disse que, se estivesse tocando melhor, daria R$ 10. Deixei também o cartão da Fábrica Musical. No dia seguinte, quando cheguei na escola, o Lázaro já estava lá. Um ano depois, como é esforçadíssimo, evoluiu demais. Tanto é que, quando apareceu um novo aluno de trompete, expliquei que o Lázaro ainda não era um professor formado, mas entendia que ele poderia lhe ensinar os primeiros passos. Com o seu coração generoso, este aluno aceitou prontamente e foi mais um agente transformador na vida do Lázaro, que ganhou ainda mais responsabilidade e determinação ao ganhar esta função dentro da escola.

Mazzoni elogia o agora jovem assistente de professor:

— Lázaro interage com todos os professores-músicos, tem sede de aprender e, mais recentemente, de transmitir o seu conhecimento. Acredito na inclusão social através da música. Estamos com sete jovens estudando música gratuitamente na escola, além de quatro ritmistas da Unidos de Vila Isabel, mas dependemos de mais colaboradores para ampliar as bolsas. Por enquanto, não tenho como aumentar o número de alunos bolsistas — diz ele, também ritmista da Swingueira de Noel, que disponibiliza o perfil @fabrica.musical, no Instagram, para contato.

Admirador de jazz, MPB, bossa nova e louvores evangélicos, Lázaro Teixeira, agora com 16 anos, já tem convicção de que o seu caminho profissional está na música.

Isaac Nascimento na bateria, Lázaro Teixeira com seu trompete e Ana Beatriz Souza no contrabaixo — Foto: Divulgação/Eliane Dias
Isaac Nascimento na bateria, Lázaro Teixeira com seu trompete e Ana Beatriz Souza no contrabaixo — Foto: Divulgação/Eliane Dias

— Eu toco na rua para ganhar algum dinheiro e ajudar em casa. A situaçao financeira é difícil, mas nunca nos faltou nada. Na Fábrica Musical, estudo trompete e clarinete, além de fazer aulas de iniciação musical e canto. Eu não esperava me tornar um professor de trompete, mas o Cadu confiou em mim, me deu esta oportunidade e eu a abracei. Eu me aprimoro a cada dia. Sem esta bolsa, eu não teria como estudar música — observa o aluno do 1º ano do ensino médio do Colégio Estadual Central do Brasil, no Méier.

Instrumentista experiente, sendo 30 dedicados à música, Mazzoni, de 45 anos, tem certeza de que promover o acesso à arte é uma forma de reduzir a desigualdade social.

Pedro Gabriel é pianista — Foto: Divulgação/Eliane Dias
Pedro Gabriel é pianista — Foto: Divulgação/Eliane Dias

— Há um abismo entre o asfalto e o morro, entre os bairros de classe média e a periferia. Os ritmistas da Vila Isabel, por exemplo, em grande número, não sabem ler partituras. Integrantes de bateria, em sua maioria, não sabem tocar o instrumento bateria. O projeto social com os ritmistas da Swingueira de Noel vem preencher esta lacuna e mostra que o mundo musical é muito mais amplo do que uma bateria de escola de samba, ainda que este lugar seja mágico, primoroso, único. Na Fábrica Musical, os ritmistas estão sendo apresentados a outros gêneros, como o jazz, o reggae e a bossa nova. O meu sonho é instalar uma escola de música em cada comunidade — ressalta.

O jovem músico também tem seus desejos.

— Quando terminar o ensino médio, quero fazer concurso público para as bandas das Forças Armadas. É uma forma de seguir na música e, ao mesmo tempo, conquistar uma estabilidade financeira. Eu me apaixonei pela música, quero trabalhar com arte para sempre, mas seria muito bom ter um salário fixo para poder me sustentar e ajudar a minha família — observa o trompetista, que mora com os tios Natan e Andrea e tem sete irmãos.

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