Carnaval
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Por Jéssica Marques — Rio de Janeiro

Samba no pé e o gingado na Avenida ela já mostrou que tem de sobra. Tanto que a musa da Viradouro Carolina Macharete viralizou nas redes sociais. Agora, o que Carolina “sorriso aberto” ainda não revelou é como foi sua trajetória de passista da Império da Tijuca à sensação do pré-carnaval carioca 2023. Nascida e criada no morro do Turano, na Tijuca, Macharete, como é conhecida entre os amigos, ganha a vida como vendedora e dona de uma linha de roupas que ela mesma confecciona. Aos 22 anos, sonha em cursar educação física e se tornar rainha de bateria.

— Comecei a empreender bem nova. Tinha que me virar para pagar as contas. O samba está na minha vida desde que nasci. Meus pais ainda moram na comunidade, e eu sempre estou indo lá visitá-los. Eu moro na Tijuca. A comunidade está no meu coração, assim como o carnaval —contou Macharete.

Musa da Viradouro, Carolina Macharete, viraliza ao mostrar muito samba no pé no ensaio té

Musa da Viradouro, Carolina Macharete, viraliza ao mostrar muito samba no pé no ensaio té

No sábado, durante o último ensaio técnico da Viradouro, Carolina surgiu na Avenida deslumbrante, usando uma roupa de pedraria dourada, um salto de 15 centímetros e um adereço de cabeça pesando quase três quilos. A leveza dos seus passos combinados à batucada encantaram não só quem estava na Sapucaí, como também os internautas. Os vídeos da noite já passam de 300 mil visualizações. Preparada para o desfile da escola do Grupo Especial na próxima segunda, ela desabafa que sofreu um perrengue depois da performance na pista:

— Meu salto quebrou um pouco depois dos vídeos. Tive que sambar descalça. Eu já fiquei com o pé machucado por sambar no asfalto. Pé de passista é um pé feio, não se iludam — brincou a musa, prometendo não se abalar caso isso se repita no desfile oficial e se referindo à santa africana Rosa Maria Egipcíaca, tema o desfile da Viradouro. — Estou acostumada a me virar. Se o salto quebrar novamente, acredito que eu vá me sair bem na situação. O enredo fala de ancestralidade e se eu ficar descalça está tudo bem. É tudo no mesmo quintal.

Samba de berço e passista desde infância

Carolina Macharete, musa da Viradouro, que viralizou nas redes com muito sampa no pé  — Foto: Reprodução
Carolina Macharete, musa da Viradouro, que viralizou nas redes com muito sampa no pé — Foto: Reprodução

O coração da musa da Viradouro, apesar do dourado da escola que a acolhe, bate forte pelo vermelho e branco da Estácio de Sá. A influência vem de berço. Sua avó, Tininha, da Velha Guarda da Estácio, foi quem a levou para dar os primeiros passos na quadra. Aos 5 anos, Carolina sambou pela primeira vez na escola mirim da agremiação. Foi o início de uma caminhada que a levaria rumo à Sapucaí anos depois.

Seu pai, Marinho, mestre-sala na Império da Tijuca, também tempera o sucesso de filha. O samba no pé, marca registrada de Carol, deu frutos, levando-a para a ala de passistas da São Clemente, aos 12 anos. Ela foi chamada para desfilar também na Paraíso do Tuiuti que, na época, estava no acesso. Carol ficou desfilando pelas duas agremiações.

Em 2016, virou musa na Tuiuti e seguiu assim até o ano seguinte, quando teve um problema pessoal e se afastou das quadras e da trajetória na escola de samba.

Carismática, voltou à cena em 2018 na Unidos da Tijuca, para integrar a comissão de passistas, retomado seu lugar na Marques de Sapucaí em 2022.

— A gente ganha o cargo de musa e depois volta para ala das passistas para dar espaço para outra. Em 2017, eu não queria mais desfilar por motivos pessoais. Voltei para a Unidos da Tijuca anos depois, preparada para encarar novos desafios — afirmou.

Macharete assumiu a função de musa da Viradouro em outubro de 2022 a convite do presidente da escola, Marcelinho Caliu. Antes, tinha sido convidada para ser musa da Vila Isabel. Convite recusado, apesar do carinho e admiração dela pela agremiação.

— Acho que fiz a escolha certa. Tenho um carinho muito grande pela escola. Ainda bem que segui o meu coração. Talvez por isso, todo esse reconhecimento esteja acontecendo. Meu coração é da Estácio, mas a Viradouro também tem um lugar especial no meu coração. Tenho vontade de ser rainha de bateria, mas darei tempo ao tempo. Se Deus quiser e for da vontade Dele, isso acontecerá. Agora, eu vou aproveitar o momento — desabafou Carolina.

A Unidos do Viradouro vai fechar os desfiles do Grupo Especial na noite de segunda-feira. O enredo do carnavalesco Tarcísio Zanon conta a história de Rosa Maria Egipcíaca, a santa africana escravizada que viveu no Brasil. Com seus dons premonitórios e a devoção em Santana (avó de Cristo), cruzava a fé dos brancos com aos cultos aos mais velhos.

Rosa Maria Egipcíaca tinha o poder da vidência e foi a partir das letras divinas que se alfabetizou, quando começou a escrever compulsivamente. Seu livro, "Sagrada Teologia do Amor Divino das Almas Peregrinas", é considerado o primeiro a ser escrito por uma mulher negra no Brasil.

Nascida no litoral do Golfo do Benim, na África, foi vendida às Minas Gerais ainda jovem, onde conseguiu acumular joias para se enfeitar e, assim como fez Maria do Egito, a santa meretriz, distribuiu aos seus o pouco que tinha.

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