O ex-policial militar Ronnie Lessa afirmou, em seu acordo de delação premiada, que "ninguém esperava" a "divulgação estratosférica" que o assassinato da vereadora Marielle Franco teve. De acordo com Lessa, a situação "saiu do controle" e todos os envolvidos com o crime ficaram "preocupadíssimos".
"A coisa já tinha saído do controle. Em que sentido? A divulgação estratosférica. Ninguém esperava aquilo. Então eles demonstraram preocupação máxima, e nós estávamos preocupadíssimos, todo mundo estava preocupado demais", afirmou Lessa, de acordo com a transcrição do depoimento.
O ex-PM fez a declaração ao falar sobre um encontro que teria ocorrido com os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão — que ele aponta como mandante do crime — após o assassinato. Segundo Lessa, os dois o teriam tranquilizado dizendo que o então chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, "estava vendo" e estaria "virando o canhão" da investigação para o outro lado.
"Então eles tranquilizaram a gente o tempo todo, falaram o tempo todo que o Rivaldo estava vendo, que o Rivaldo já está redirecionando e virando o canhão pra outro lado", afirmou.
Os irmãos Brazão e Rivaldo foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pela participação no crime. Os três, no entanto, negam qualquer envolvimento.
Quando a denúncia foi apresentada, os advogados Márcio Palma e Roberto Brzezinski, que defendem Domingos Brazão, afirmaram que "a narrativa acusatória é uma hipótese inverossímil, que se ampara somente na narrativa do assassino confesso, sem apresentar provas que sustentem a versão do homicida".
Também na época, Cléber Lopes, que defende Chiquinho Brazão, disse não ter tido acesso à denúncia apresentada ao STF, bem como os termos da delação citados pela PF. "Assim, ainda não é possível fazer um juízo de valor sobre as acusações", informou, no comunicado.
Em depoimento prestado na segunda-feira à PF, Rivaldo negou envolvimento no crime e se disse alvo de "perseguição". O delegado ainda apontou fragilidades na investigação que culminou em sua prisão.
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