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GERADO EM: 09/07/2024 - 04:30

Ameaças a igrejas no Complexo de Israel

O tráfico no Complexo de Israel estaria ameaçando igrejas católicas, ordenando o fechamento e impondo restrições religiosas. Moradores relatam medo e restrições nas celebrações religiosas. Polícia investiga as denúncias e reforça o policiamento na região. A atuação do traficante evangélico Peixão é vista como extremismo religioso.

Após rumores de que três igrejas católicas foram impedidas de celebrar missas e fazer festas por ordem do tráfico no Complexo de Israel, na Zona Norte, a Polícia Militar fez ontem uma operação em comunidades da região, onde removeu barricadas dos acessos. O conjunto de favelas é formado por Parada de Lucas, Vigário Geral, Cidade Alta, Pica-Pau e Cinco Bocas. Na ação policial, não houve prisões nem apreensões de drogas.

A Polícia Civil investiga se as informações divulgadas em redes sociais sobre o fechamento de igrejas são verdadeiras. A ordem teria partido do chefe do tráfico do Complexo de Israel, Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, integrante da facção Terceiro Comando Puro (TCP). O criminoso, que tem seis mandados de prisão em aberto, se apresenta como evangélico e impõe regras nas favelas — ele impede o culto a religiões de matrizes africanas e o uso de roupas brancas, alimentando a destruição de terreiros.

Embora a Arquidiocese do Rio negue ameaças do tráfico, moradores dizem que o medo ronda a região. Na Igreja de Santa Edwiges, em Brás de Pina, por exemplo, é possível ver uma pichação com a sigla do TCP em um dos muros laterais. O local fica próximo a um acesso à Favela Cinco Bocas.

Festa vazia

Por volta das 13h de ontem, a rua onde fica a igreja estava vazia. Um dos frequentadores contou que a festa julina do fim de semana teve público reduzido devido aos rumores. Segundo ele, a violência também levou à mudança do horário das missas há cerca de dois meses, passando das 19h para as 17h, nos fins de semana.

— As pessoas estão com medo. A festa poderia ter tido mais gente se não fossem os boatos — disse ele, que pediu para não ser identificado.

Outra pessoa também relatou o clima de apreensão:

— Aqui não anda muito tranquilo, não.

Os rumores começaram a circular no sábado, quando uma mensagem foi publicada na rede social da Paróquia Nossa Senhora da Conceição e São Justino, em Parada de Lucas. No texto, havia o aviso de que as missas e reuniões estariam suspensas “até segunda ordem”. A postagem, que foi posteriormente apagada, não dava detalhes sobre os motivos da alteração na rotina da igreja. Entre moradores, no entanto, começou a circular a informação de que seria por ordem de Peixão.

Além da mensagem, houve relatos de que motoqueiros armados com fuzis deram a mesma ordem a funcionários da Igreja de Santa Cecília, em Cordovil, para que não houvesse celebração de casamentos e batizados.

De acordo com a Polícia Civil, o caso é investigado pela Delegacia de Combate aos Crimes Raciais e Delitos de Intolerância. Já a Polícia Militar afirmou que o policiamento no local foi reforçado e que as paróquias funcionam normalmente.

Peixão foi batizado por um pastor de uma igreja evangélica no início dos anos 2000, junto com toda a cúpula do TCP, em Parada de Lucas. Na época, ele ainda era do segundo escalão da quadrilha. Só em 2016, ele se tornou chefe. Quatro anos depois, o bandido decidiu dar o nome de Complexo de Israel ao território sob seu controle. Pela região, há bandeiras bandeiras de Israel e uma grande Estrela da Davi iluminada no alto de uma caixa-d’água. Até mesmo o nome da comunidade Vila Santa Edwiges foi mudado para Cinco Bocas.

Deputado federal pelo PSOL, o pastor Henrique Vieira reforça que práticas como as impostas por Peixão podem ser interpretadas como extremismo religioso:

— A gente chama essa iniciativa de se colocar como um “escolhido de Deus” de teologia do domínio. Os traficantes se apresentam como superiores, escolhem os inimigos, iniciam uma guerra contra eles, sempre em nome de Deus, de um propósito. Acredito que a gente possa falar de um extremismo religioso, de pessoas usando a força da religião para o ódio, dando um contorno heroico à violência.

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