Quando “007 contra o satânico Dr. No” (1962), a primeira aventura do agente James Bond, foi lançado e se tornou sucesso estratosférico, uma nova fórmula de fazer filme foi estabelecida: espião bonitão protagonista que reunia os mais diversos talentos, supervilão com planos de dominar o mundo, sequências impossíveis de ação que desafiavam a física, canção-tema, cenários paradisíacos ao redor do mundo e gadgets que pareciam pertencer a outro universo. Essas características resultaram em dezenas de produções que se inspiraram ou mesmo copiaram os longas de 007 — uns com um bom resultado e outros, não. “Argylle — O superespião” se encaixa no primeiro grupo. O projeto do diretor Matthew Vaughn (da franquia “Kingsman”) é entretenimento inteligente, divertido e com pitadas de romance, que segue a fórmula do 007, mas com muita criatividade.
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A história apresenta Elly Conway (Bryce Dallas Howard), espécie Ian Fleming (criador de James Bond) em versão feminina, autora de uma série de romances de espionagem sobre o agente secreto Argylle (Henry Cavill). O problema é que os livros de Conway começam a retratar uma organização de espionagem de verdade, o que a coloca como alvo. Conforme a narrativa avança, ficção e realidade começam a se mesclar.
O roteiro bem estruturado de Jason Fuchs (“Mulher-Maravilha”, 2017) pavimenta com eficiência a trama, com o adendo de algumas ótimas reviravoltas. Matthew Vaughn aproveita as boas ideias de Fuchs para imprimir um ritmo engraçado e frenético ao filme. O terceiro ato é um grande acerto ao apresentar duas sequências memoráveis: um balé composto por fumaças coloridas e uma patinação artística, ambas recheadas de tiroteios e lutas.