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Por Daniel Schenker


 Seu Jorge em cena do filme "Marighella", de Wagner Moura Agência O Globo — Foto:
Seu Jorge em cena do filme "Marighella", de Wagner Moura Agência O Globo — Foto:

Filme que atravessou sucessivos obstáculos após despontar no Festival de Berlim de 2019, a julgar pelo constante adiamento da data de estreia e pelo vazamento de uma cópia na internet, “Marighella” finalmente desembarca nos cinemas brasileiros. Sem explicitar uma conexão entre o período da ditadura e o atual, Wagner Moura procura conscientizar e, ao mesmo tempo, envolver o público. Fornece, desde o letreiro da abertura, uma contextualização do país nos últimos anos da vida do guerrilheiro Carlos Marighella (interpretado por Seu Jorge) — entre 1964, início da ditadura, e 1969, quando foi assassinado. E investe numa variedade de gêneros, com destaque para sequências de ação, referentes aos atos praticados pelo grupo de Marighella e aos embates frontais com os agentes da repressão.

Além da proximidade com a gramática do thriller, o filme reúne passagens dramáticas, concentradas na tortuosa conciliação entre o apego à militância e a preservação das relações afetivas. É o que se pode perceber na perda de convivência de Marighella com o filho, Carlinhos (Renato Assunção e Francisco Matheus Bacelar de Araújo em idades distintas), enviado para Salvador, no vínculo entre o personagem-título e a mulher, Clara (Adriana Esteves), e no elo entre o guerrilheiro Jorge (Jorge Paz) e a família. Para completar, o filme conta com uma pitada de humor, a exemplo da breve cena em que comentam sobre a peruca usada por Marighella. Esses climas emocionais diversos, unidos numa atmosfera de tensão permanente, tendem a seduzir a plateia.

Escorados no livro de Mário Magalhães (“Marighella: O guerrilheiro que incendiou o mundo”), os roteiristas (Moura e Felipe Braga) chamam atenção para conflitos internos da luta armada. Esse aspecto se manifesta na discordância entre parceiros como Marighella e Branco (Luiz Carlos Vasconcelos). Também vale mencionar um momento de catarse em que o protagonista, um dos fundadores da Ação Libertadora Nacional (ALN), frisa, de frente para a câmera, a determinação em seguir adiante com intervenções de choque. A intenção não é afirmar o terrorismo, mas de evidenciar, da forma mais contundente possível, um modo de estar no mundo, a obstinada resistência à ditadura.

Wagner Moura não idealiza nem critica a atuação extremista dos guerrilheiros. Não banaliza ou minimiza a importância daqueles que combateram a barbárie da época. Guerrilheiros e torturadores surgem em planos opostos, realçados pela ótima montagem de Lucas Gonzaga, que entrelaça circunstâncias contrárias: uma entrevista de Marighella e um encontro de figuras filiadas à repressão. O contraste é potencializado com a rivalidade entre Marighella e o sádico delegado Lúcio (Bruno Gagliasso). Outras questões relevantes ganham espaço, como a dificuldade de alertar a população para as arbitrariedades do regime em vigor.

Wagner Moura demonstra competência tanto na concepção técnica — cabe elogiar ainda a direção de arte de Frederico Pinto — quanto no resultado obtido junto ao elenco (preparado por Fátima Toledo), com um pulsante Seu Jorge à frente. O resultado sinaliza uma habilidosa conjugação entre informação histórica e entretenimento.

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