Saúde
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Por O GLOBO — Rio de Janeiro

Um novo estudo publicado neste mês na revista científica Journal of Sexual Medicine apontou que homens relatam ter até 30% mais orgasmos do que mulheres. O trabalho foi conduzido por pesquisadores da Universidade de Indiana e da Universidade Texas Tech, nos Estados Unidos, e da Universidade Concórdia, no Canadá.

Os responsáveis citam que a chamada “lacuna do orgasmo”, fenômeno atribuído às diferenças em chegar ao prazer sexual entre gêneros e orientações sexuais, já é bem demonstrado por pesquisas científicas há pelo menos 20 anos. De um modo geral, os estudos indicam que homens relatam mais orgasmos do que mulheres e, entre o sexo feminino, mulheres lésbicas ou bissexuais relatam mais do que as heterossexuais.

No novo trabalho, os cientistas norte-americanos decidiram investigar diferentes levantamentos para entender também se essas diferenças tinham alguma relação com a faixa etária. Para isso, analisaram respostas de 24.752 adultos dos EUA com idades que variaram de 18 a 100 anos, coletadas em 8 pesquisas entre 2015 e 2023.

Os participantes responderam qual a taxa média de alcance do orgasmo durante uma relação sexual, numa escala de 0% a 100%. Os resultados mostraram que a idade exerceu pouca influência. Em todos os grupos etários, homens relataram taxas que variaram de 70% a 85%, enquanto as das mulheres oscilaram entre 46% e 58%.

Na comparação, homens tiveram taxas de orgasmo entre 22% e 30% maiores do que as das mulheres. Entre as mulheres, aquelas que se identificavam como lésbicas e bissexuais tiveram taxas maiores que as heterossexuais, porém apenas na faixa dos 35 aos 49 anos. No geral, homens heterossexuais foram os que relataram as maiores taxas.

"Esses resultados estão alinhados com pesquisas anteriores que mostram taxas de orgasmo mais altas entre os homens do que entre as mulheres e destacam a estabilidade dessa diferença com a idade", resumiram os autores no estudo.

Por que homens relatam mais orgasmos?

O tema da “lacuna do orgasmo” foi abordado num artigo recente da professora de Psicologia da Universidade da Flórida, nos EUA, Laurie Mintz, publicado no site The Conversation. Nele, a pesquisadora, que conduz trabalhos sobre o tema e escreveu um livro que aborda o problema, explora as possíveis explicações para as diferentes taxas.

Ela cita, por exemplo, que é comum atribuir o fenômeno a distinções na anatomia de cada gênero, já que a glande do pênis é altamente sensível e, por isso, os homens conseguem chegar mais facilmente ao orgasmo com movimentos simples quando o sexo envolve apenas a penetração.

No entanto, ela destaca que, se essa fosse a única possibilidade, não haveria uma taxa de orgasmo maior entre mulheres que se relacionam com outras mulheres. O que mostra que a diferença está na forma como a relação sexual é conduzida, com o foco exclusivo na penetração.

“Em todos esses cenários em que as mulheres estão atingindo mais o clímax, há um foco maior na estimulação do clitóris. A maioria das mulheres precisa de estimulação clitoriana para chegar ao orgasmo, o que faz sentido, já que o clitóris e o pênis se originam do mesmo tipo de tecido. E tanto o clitóris quanto o pênis estão repletos de terminações nervosas sensíveis ao toque e tecido erétil”, escreveu Mintz no artigo.

Ela conta que num de seus trabalhos somente 4% das mulheres responderam que o caminho mais confiável para o orgasmo seria a penetração – as outras 96% citaram a estimulação do clitóris sozinha ou combinada com a penetração.

“A principal razão para a ‘lacuna no orgasmo’, portanto, é que as mulheres não estão recebendo a estimulação clitoriana de que precisam. E as mensagens culturais sobre a supremacia da penetração contribuem para isso. De fato, inúmeros filmes, programas de TV, livros e peças teatrais retratam mulheres atingindo o orgasmo apenas com a penetração”, continuou a pesquisadora.

É como pensam também os autores do novo estudo. No trabalho, eles escrevem que “a presença da 'lacuna do orgasmo' ao longo da idade adulta pode ser atribuída a influências e normas socioculturais, como a subvalorização da satisfação sexual das mulheres, a educação sexual preconceituosa e a ênfase no sexo com penetração”.

“Essas atitudes sociais provavelmente moldam os comportamentos e as expectativas sexuais dos indivíduos, perpetuando a dinâmica de gênero que favorece o prazer dos homens ao longo da vida. Além disso, a educação sexual inclusiva inadequada ignora o prazer mútuo e pode reforçar atitudes e comportamentos que sustentam a ‘lacuna do orgasmo’”, continuam.

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