Trilogia Dono de Mim - Livro 01 - Dono de Mim - Katherine Laccom T
Trilogia Dono de Mim - Livro 01 - Dono de Mim - Katherine Laccom T
Trilogia Dono de Mim - Livro 01 - Dono de Mim - Katherine Laccom T
— Olha, olha, outra fã do Senhor Fodão? – uma voz sedutora dos
infernos interrompe-me e aquela vontade de enfurecê-la sempre que posso
volta. Encaro-a e respondo:
— Outra de muitas que tenho – aproximo-me dela, coloco uma
mecha do seu cabelo atrás da orelha e falo em seu ouvido: Você não faz
ideia da minha capacidade de seduzir, Manuela. Isso que você viu foi só
uma amostra do que posso fazer com uma mulher.
— Muito modesto – ela debocha.
Com o dedão, acaricio exatamente sobre a sua pulsação que, por
sinal, está acelerada. Sorrio, sabendo que eu estou provocando isso nela e,
para fechar com chave de ouro, mordo o lóbulo da sua orelha antes de falar:
— Mulheres arrogantes como você, Manuela, ajoelham-se e
imploram para serem fodidas por mim. Muitas vezes, não preciso nem tocá-
las, elas já ficam ofegantes. Sou um encantador de calcinhas, pequena.
Jamais duvide da minha pervertida capacidade de sedução.
Afasto-me dela e assisto uma linda mulher ofegante e com olhos
semicerrados umedecer os lábios. Sorrio com a certeza de que ela está
molhada, excitada. Passo minha mão pela sua nuca e a puxo para perto de
mim. Manuela vem sem esforço algum. Parece que, no final, acabei
ganhando em seu joguete, não?
— Boa noite, senhorita Vasconcelos. Até amanhã – saio sem dar a
oportunidade de ela responder. Respiro sentindo-me vitorioso. — Que os
jogos comecem!
Capítulo 01 – Rodrigo
— Deus, diga-me para que esse calor infernal antes do verão? Não
suporto o calor, sinto-me mal e um pouco assada...
O Rio de Janeiro é lindo! Um espetáculo da natureza, belas praias,
pessoas lindas, mas um inferno de calor. Cheguei à cidade há pouco tempo,
pois fui promovida a vice-presidente da Ideal´s Auditoria & Consultoria em
Gestão Empresarial e isso requeria a mudança para perto da matriz. Com a
promoção, vieram os problemas da mudança, a dificuldade de adaptação e
o estresse da cidade grande.
No momento, estou de licença, segundo o enxerido do médico, o
estresse elevou minha pressão e o fato de ter quase infartado exigia um
afastamento imediato. Então, parei de trabalhar, um pouquinho... bem
pouquinho mesmo. Amo meu trabalho, sou louca pelo que faço! Cursei
Direito, mas a vida me levou por outros caminhos. Fiz mestrado e
doutorado em Gestão Empresarial e tenho dois MBA´s em Administração e
Relações Internacionais. Gosto de negociações difíceis, da correria em
atender um prazo e a pressão para atingir um objetivo me faz ser melhor
no que faço.
Ah, sim... sou boa no que faço e muito modesta também!
Como um de nossos auditores teve uma emergência familiar, assumi
a consultoria em uma importante construtora do país. Clientes de grande
porte exigem atenção extrema e minuciosa. E, depois de alguns dias
passando um pente fino na empresa, minha equipe e eu chegamos à
conclusão de que houve grandes retiradas por parte do sócio. Retiradas
essas que não estavam contabilizadas onde deveriam, podendo, assim, dar
algum problema em uma eventual fiscalização. Mas a empresa é sólida, o
rombo não chegou a fazer cócegas no patrimônio e ela continua tão limpa
como antes.
Olho para o relógio e espanto-me ao ver a hora.
— Caramba, Alberto! O dia passou voando – ajeito minhas coisas
para sair. — Daqui a pouco vou me encontrar com o presidente da empresa
e apresentar os resultados da auditoria. Mas estou com tanta fome!
— Quer que eu traga algo para você? – Alberto se oferece
educadamente. Ele é um dos contabilistas que compõem a equipe que
participou desse projeto.
— Não, obrigada! Daqui já vou para casa – antes de sair, volto-me
para ele que também já guarda suas coisas e falo: Você fez um ótimo
trabalho. Bom, todos fizeram. Foram excelentes!
Ele sorri.
— Somos bons porque temos uma chefe ainda melhor – puxa-saco!
— Não é para tanto – respondo, tentando parecer séria e falho. —
Mas seu elogio fez meu dia valer a pena.
Caminho pelos corredores, cumprimentando os colaboradores da
construtora. Durante os dias que passei aqui, fiz bons amigos e aprendi
mais que ensinei. Logo que cheguei, disseram-me que os irmãos Alcântara e
Castro eram bonitos, acreditei até conhecer Arthur. Ele não é bonito, de
jeito nenhum, o cara é um espetáculo. Simpático, educado e muito galinha!
O tipo de qualquer uma... ou de quase qualquer uma. Suas palavras bonitas
e belos olhos verdes não foram suficientes para me fazer cair em suas
graças.
Agora, vamos conhecer o todo-poderoso, senhor de todas as falas
arrastadas e suspiros das funcionárias dessa empresa. Segundo a menina
do departamento pessoal, ele faz a calcinha de qualquer uma molhar só
com um olhar. Sei e Papai Noel existe! Ando confiante para encontrar-me
com quem paga!
Assim que chego à presidência, dou de cara com a secretária não
muito simpática.
— Boa tarde, Márcia. Tenho uma reunião com o senhor Rodrigo.
— Só um momento – o que essa garota pensa da vida com essa cara
de deboche? Ah, claro, deve ser o caso do chefe. Sente-se a rainha da cocada
preta por deitar na cama ou na mesa do todo-poderoso.
— Obrigada, flor! – não sou falsa, só um pouco simpática demais
com algumas pessoas.
Espero o momento que a senhorita “eu me acho” solicitou, olhando
meu celular e me divirto com as mensagens da minha amiga Bia. A garota é
completamente maluca, tem um rosto de anjo e a boca mais suja que já vi
na vida. Mas não há coração maior, um doce de menina que, às vezes, pode
ser um pouco ácida, e só os fortes aguentam sua sinceridade. Descobri que
ela é minha metade, ela é o que eu não sou... Na verdade, ela é o que eu
gostaria de ser, um espírito livre que não mede palavras e, assim, nos
completamos. Às vezes, tenho a nítida impressão de que somos amigas
desde sempre.
A secretária com um péssimo senso de moda tira-me do devaneio:
— Senhorita Vasconcelos, acompanhe-me por aqui – ela caminha à
minha frente e abre as portas duplas logo atrás de sua mesa. — Pode
entrar, o senhor Castro a espera.
— Obrigada, Márcia. Você é um encanto – e o senhor Castro vai ficar
muito feliz em saber que a secretária dele não só era amante do ex-sócio mas
também foi beneficiada com as retiradas.
Entro em uma belíssima sala estilo clean. A cor preta mesclada com
alumínio domina o ambiente. A parede que fica atrás da grande mesa
chama a minha atenção. Ela é toda em vidro, fazendo com que o ambiente
fique maior e mais claro. Também acredito que possa ver todo o
conglomerado daqui. E, debruçado sobre a mesa, está um belo homem. Põe
belo nisso: cabelos claros, pele dourada, braços longos e mãos... que mãos!
Concentra, criatura!
— Senhor Castro? – ele levanta a cabeça e... PUTA QUE PARIU! São os
olhos mais azuis que já vi.
— Boa tarde, senhorita Vasconcelos.
O homem dá a volta em sua mesa e vem até mim com toda sua glória
gostosa e aperta minha mão. Oh, Senhor das mulheres em perigo! A voz
grave é de fazer qualquer uma imaginar o pecado.
— Como tem passado?
— Muito bem, senhor. Obrigada por perguntar – esforço-me para
ser o mais profissional possível.
— Por favor, chame-me de Rodrigo – ele aponta a cadeira. — Sente-
se.
— Obrigada. Se não for incômodo, prefiro que me chame de
Manuela.
— Claro! Lindo nome, por sinal. Então, senhorita Manuela, qual foi o
resultado da auditoria? – seu olhar intenso puxa-me como se fosse um ímã.
— Manuela?
— Oh, sim! O valor é mais baixo que a sua estimativa inicial. Mas não
é um valor insignificante a ponto de relevar – entrego-lhe alguns papéis. —
Não ocasionou sérios prejuízos, só que, de agora em diante, requer mais
atenção.
— Certo – ele fala distraidamente enquanto folheia as páginas.
Passamos horas discutindo todos os pontos, valores e soluções. E,
por diversas vezes, peguei-me sentindo pena de que a minha parte tenha
acabado hoje. Gostei dele, faríamos uma bela parceria profissional.
— Manuela, sei que sua parte termina aqui, mas eu gostaria de saber
se é possível que você esteja à frente da reorganização da empresa – seu
olhar e sua voz fazem com que eu me distraia novamente. — Você passa
confiança, fala com propriedade e seriedade. Tudo isso indica que você é
excelente no que faz e gosto disso, gostei de você.
Papai Noel existe!
— Olha, Rodrigo, seria um prazer...
Ele corta-me:
— Mas? – um sorriso surge no canto de seus lábios. Senhor...
— Não há um “mas”. Como estou de licença, posso dedicar boas
horas para arrumar tudo em pouquíssimo tempo.
— Não nos preocuparemos com o tempo, terá o que for preciso. Sei
que pago um valor fechado pelo serviço, agora teremos que negociar o
novo valor. E, como você está de licença, merece que seu trabalho seja
recompensado em dobro – abro a boca para dizer que não é necessário,
mas ele levanta a sua mão e corta-me: — Faço questão e assunto encerrado.
Ok, bonitão! Quem sou eu para discutir.
Nesse momento, alguém entra como um furacão, falando alto e
batendo a porta.
— Rô, qualquer hora dou uns tapas nessa sua secretária “protótipo
de cruz credo”!
Logo que me recupero do susto, percebo quem é a visita inesperada.
— Bia?
— Manu! – ver aquela boneca de braços abertos me faz bem. Desde
que cheguei aqui, ela e sua família tem sido minha tábua de salvação. Amo
minha amiga. Só não suspeitava que ela era alguma coisa do Senhor Fodão.
Ela solta-me e volta-se para ele: Rô, passei aqui para entregar um bolo que
a mãe fez para você, cenoura com cobertura de chocolate.
Eles formam um lindo casal. E é melhor eu me retirar.
— Bom, já está na minha hora. Não vou mais atrapalhar – dou um
passo à frente e estendo a minha mão. — Rodrigo, nos vemos...
— Não! – os dois falam em uníssono. São tão sincronizados.
Bia sorri e me puxa pela mão estendida.
— Manu, quero lhe apresentar o irmãozão que cuida de mim desde
sempre, Rodrigo Alcântara e Castro. Rô, essa é a amiga que recentemente
chegou do Sul, Manuela Vasconcelos.
Irmão? Oh, yeah, baby! Estamos de volta no jogo. Percebo a loucura
que a minha cabeça começa a criar e recomponho-me.
— Fiquei feliz em vê-la, boneca, mas preciso ir. Tenho que passar no
escritório antes de voltar para casa. Rodrigo, foi um prazer conhecê-lo e
agradeço pela confiança – ele aperta minha mão e a segura por mais tempo
que o necessário.
— O prazer foi todo meu, Manuela. Fiquei encantado em saber que
você é a famosa amiga da Bia, ela fala muito de você. Muito bem, por sinal.
— Espera aí, Manu – ela vem até mim e olha fixamente para o meu
pescoço. Coloco a mão na intenção de tirar sua atenção de mim, mas ela
continua: Cadê sua coleira? – morri! Bia nota meu desconforto e acrescenta:
— Rodrigo é um mestre Dominador. E, antes que o senhor fale algo, ela é
uma submissa que há poucos dias tinha uma coleira...
Corto-a:
— Devolvi. Entre problemas e distância, o melhor era devolvê-la –
volto para o lindo homem à minha frente. — Mais uma vez, obrigada,
senhor Rodrigo. Até amanhã. Bia, nos falamos depois.
Saio sem graça e querendo matar aquela peste. Ela me paga!
Capítulo 03 – Manuela
Arthur vai dar uma daquelas festas para comemorar alguma coisa,
pode ser por um grande negócio concretizado ou por seu cachorro ter
aprendido algum truque novo. Ele faz festa por tudo! Olhando entre os
convidados, encontro amigos de infância, amigos do clã praticante do
BDSM, pessoas que não foram convidadas, há de tudo um pouco. Gente
bem-humorada, bonita, grandes parcerias. Apesar de ser reservado, gosto
de estar entre amigos.
— Rodrigo, meu velho, cadê as garotas da festa? – Steban vem
sorrindo em minha direção. Como “cadê as garotas da festa”? Aqui,
basicamente, são só mulheres.
— Está cheia de mulheres, Steban. Vai dizer que agora está cego?
Apesar de que, com sua idade, a visão já começa a abandonar – rio com um
dos meus melhores amigos. Com ele, aprendi muito sobre como ser um
Dominador no BDSM e foi através dele que me descobri.
— Estou falando da Bia, Manu, Duda.
Boa pergunta.
— Não sabia que a Manuela viria – falo surpreso.
Não nos vemos há quase um mês. Nos falamos muito pouco por
telefone e, quando isso acontece, é somente sobre negócios. Assim que ela
terminou suas tarefas na empresa, rapidamente se desligou e me evitou.
Será bom vê-la novamente, ela é uma boa amiga.
Steban olha para mim fixamente e fala sério.
— Acreditava que você a tomaria como submissa, cara. Mas eu
soube que ela está conversando com alguém, não sei se já estão
negociando. Achei que era você.
Isso é novidade. Depois de absorver a péssima notícia, digo:
— Não. Não falo com ela há um bom tempo.
Nesse momento, ouvimos as risadas das meninas. Olhamos em
direção à porta e vimos as três juntas. Ninguém dá conta desse trio. Elas
vêm em nossa direção. E logo estou concentrado somente em Manuela.
Saúdo-as.
— Boa noite, meninas. Chegaram animadas – olho para Manuela e a
pego encarando-me com afeto. Será que ela sentiu saudades como senti
dela? — Como está, Manuela?
Ela sorri.
— Estou bem. E você?
— Muito bem.
Ficamos nos olhando fixamente, tentando desvendar o que se passa
na cabeça do outro. Nesse momento, Greice resolve aparecer e, como
sempre, no momento impróprio.
— Mestre Rodrigo, pode me dar um minuto de seu tempo?
Forço-me a virar para ela.
— Claro – volto para os meus amigos. — Com licença – jamais
negarei tempo a quem me serviu ou me serve. É muito importante valorizar
uma mulher. Sendo submissa, merece ainda mais atenção.
Enquanto nos afastamos do grupo, penso no quanto Greice anda
estranha. Quando sinto algo assim, evito sessões porque não se deve entrar
no jogo se não está focado nele. Isso é para todos os lados. Minhas sessões
com Greice passaram de esporádicas a nenhuma. Mesmo não sendo minha
submissa fixa, todo cuidado a quem me cede seu controle é importante.
Greice começa a falar sobre tudo e sobre nada, e eu sem entender nem uma
palavra.
Enquanto ela fala, acompanho Manuela andando entre os
convidados. Ela tem uma belíssima postura, sua elegância é natural. Não
são as roupas ou sapatos, e sim a sua postura. O desejo de todo dominador
é ter uma mulher tão forte quanto ela dobrada aos seus pés, lhe servindo.
Pois, segundo a crença, são essas que se entregam com paixão instintiva.
Volto minha atenção a Greice, que não chega a lugar nenhum com essa
conversa. Enfadado, peço licença e caminho para a varanda para tomar um
ar.
Não ingiro bebidas alcoólicas, para mim é sempre água. Então, meu
copo com água e eu saímos para tomar um ar. Por coincidência, Manuela
está lá, provocantemente sexy. Vestida com um curto short branco que
deixa suas pernas amostra, uma blusa florida rosa e sapatos de salto alto.
Engraçado, ela é uma das maiores contradições que já encontrei: é insegura
com sua aparência, mas é autoconfiante com sua inteligência. Sabe que é
boa no que faz, mas acredita que não é bonita. Tola! Não faz ideia do que
pode fazer a um homem.
Há alguns dias, tenho pensando nela, em como seria tê-la. Venho
amadurecendo uma ideia que pode ser boa para nós dois. Me aproximo
dela e contemplo a cidade iluminada, a praia... Depois de um longo minuto,
corto o silêncio.
— Pagaria qualquer coisa para saber o que se passa nessa cabeça,
pequena.
Ela olha para mim e sorri.
— Estou pensando em como a vida pode dar voltas. Jamais imaginei
que um dia seria uma executiva, moraria no Rio de Janeiro e teria amigos
tão leais – ela levanta seu inseparável copo de com refrigerante e o leva à
boca. Ela precisa parar de tomar isso — E você, príncipe. Está pensando em
quê?
— Estou pensando em você – continuo encarando-a para ver a sua
reação. Aproveitando a sua surpresa, volto a falar: Como seria tê-la
ajoelhada perante mim, amarrada, gemendo, essas coisas que se passam na
cabeça de qualquer um.
Ela ri da minha afirmação irônica e sinto-me satisfeito ao ouvir seu
riso gostoso.
— Já tinha esquecido de como você é direto. Mesmo assim, bom
saber – ela volta a olhar a praia e o silêncio persiste até ela falar: Eu
também gostaria de saber como seria servir o Senhor Fodão.
Essa é a minha oportunidade.
— Podemos tentar, nada nos impede.
Manuela olha-me e assisto emoções passarem por seus olhos
brilhantes.
— Verdade, nada nos impede.
Meus pensamentos correm para se ordenar, para conquistar essa
mulher para o jogo. Desde que me tornei um dominador, não tive que
conquistar parceira nenhuma. Sempre houve fila de espera. Com Manuela
as coisas são diferentes porque ela é experiente e jamais se entregaria a
alguém que não tenha confiança ou que seja mais forte que ela.
— Gostaria de jantar comigo amanhã? Faz tempo que não temos
mais nossos encontros semanais – a convido.
Depois do silêncio agoniante, ela responde:
— Adoraria, Rodrigo.
— Eu a pegarei às oito. Pode ser?
Aproximo-me dela para tocá-la. Tenho necessidade de sentir seu
cheiro, seu gosto... Até que um infeliz resolve aparecer. Arthur, como
sempre, dá as caras nas horas mais impróprias.
— Manu, a Duda não está bem. Eu queria levá-la para casa, mas ela
não aceita. Diz que veio com você e voltará com você. Por favor, faça com
que ela fique aqui mais um pouco.
Enquanto Arthur está com cara de cachorro que foi abandonado,
Manuela fecha a cara. Pelo jeito, haverá mortes. O tom de voz de Manuela
não deixa dúvidas sobre o seu desagrado.
— Eu vou levá-la para casa. Seja o que for que tenha acontecido,
você está envolvido, então não pode ser boa coisa – ela fala com decepção.
O que é estranho, visto que sempre se deram muito bem. Manu beija o meu
rosto e diz: Até amanhã. Boa noite, Senhor Fodão – ela se vira e fala para o
Arthur antes de sair: Boa noite, “Senhor Fodinha” e cuide-se. A castração
ainda não saiu da minha lista de vingança.
Olho para Arthur e tenho uma crise de riso. Eu sabia que isso não ia
dar certo. Manuela é muito leal às amigas e, se fizer alguma coisa para
machucar alguma delas, a leoa destroça sem dó! Não sei por que, mas a fera
me excita.
— Eu avisei, animal. O que você fez? – questiono o meu irmão.
— Nada, juro que não fiz nada. As mulheres são loucas! – ele passa a
mão pelos cabelos, um pouco nervoso. Depois de respirar fundo, volta-se
para mim. — Ouvi que vocês vão sair amanhã. Fico feliz por você, mas, pelo
jeito, minha aula foi cancelada, hein? – assinto. — Me responde uma coisa?
— Sempre.
— Seja sincero comigo, eu levo jeito para ser dominador? Porque eu
sinto que nasci para isso. Isso me excita, às vezes, chega a ser avassalador o
tesão. Mas tenho dúvidas – ele desvia o olhar. Se eu não conhecesse bem o
meu irmão, diria que ele está envergonhado. — Eu só o procurei para me
ensinar porque queria alguém que está no BDSM. Mas, no meio do caminho,
algo mudou, é como se eu tivesse...
— Descoberto algo que existia, mas só se deu conta quando o
experimentou – complemento.
— Isso!
— Você é um dominador nato, como poucos. Dúvidas são normais e
esse questionamento só mostra sua maturidade. Ainda assim, aconselho, só
entre nisso se realmente lhe der tesão. Se o fizer somente para
impressionar alguém, você só terá a perder. Fará disso uma coisa ruim para
você e para quem estiver sob seu domínio.
Ele me dá um abraço. Somos apenas dois irmãos e o fato dos meus
pais não serem muito sentimentais fez com que fossemos ainda mais
unidos. Afinal, era ele por mim e eu por ele. Me afasto para dizer:
— Como não haverá lição amanhã, trouxe um chicote de nove tiras
para você treinar como lhe ensinei. Está em seu quarto. Cara, nem esse
chicote vai livrá-lo de ser capado pela general quando ela souber que você
quer a Duda. Aconselho a comprar um caixão.
Rindo, viro-me para sair e ouço:
— Não seja babaca! Se você contar a Manuela sobre a Duda, eu
mesmo vou capá-lo!
Retirei-me da festa cedo, dei uma volta pela cidade adormecida e fui
para casa. Passei parte da noite pensando sobre o jantar com Manuela,
pesando os prós e contras de termos algo. Mas, por mais contras que
possam existir, o interesse em possuí-la faz com que qualquer contra se
transforme em pró. Eu não sei se é o desafio de jogar com alguém forte ou
se é genuíno interesse, a única coisa que é incontestável é a forte atração
que temos um pelo outro.
* * *
Depois de levantar bem-disposto e correr na praia, passo o dia
resolvendo algumas coisas fora da empresa. Com três empreendimentos de
porte grande sendo finalizados e dois em lançamento, os dias têm sido
curtos, fazendo-nos correr contra o tempo. No final da tarde, volto para o
escritório somente para assinar alguns documentos. Como a minha visita é
rápida, Maria Eduarda e sua eficiência vêm em meu encalço, repassando as
tarefas a serem reagendadas.
— Duda, tenho mais alguma coisa para olhar? – pergunto cansado.
— Não, senhor.
— Faça uma reserva para hoje à noite no Le Pré Catelan, para duas
pessoas às oito e meia – pego as minhas coisas e já vou saindo da sala. —
Estou indo para casa agora, não esqueça de me ligar assim que a reserva for
feita.
— Sim, senhor!
— Até mais, Duda. E cuide-se! – sorrio e pisco para ela que cora.
Duda é uma boa menina, muito dedicada e fiel a nós. E se aquele filho da
puta do Arthur pisar na bola com ela, eu mesmo me encarrego de esganá-lo.
Vou para casa descansar e me arrumar para o encontro. Sob a
ducha, escolho com cuidado o que direi a Manuela caso ela não aceite se
render a mim. Eu não consigo desvendar o motivo do fascínio que tenho
por ela. E ontem percebi que estava com saudades assim que a vi. Nenhuma
outra mulher despertou tanto desejo em mim, deixando-me curioso em
saber como são os seus gemidos e sua resposta aos meus comandos.
Inferno! Eu nem sei se a mulher é capaz de obedecer a alguém.
Depois de tanto tempo sem novidades, Manuela é um refresco cítrico. E se
nada der certo... Dou risada comigo mesmo. Não existe “não dar certo”
comigo, eu sou do tipo que faz acontecer! As horas voam, e eu corro mais
uma vez, mas, nesse momento, é para encontrar-me com a mulher que tem
tirado o meu sono.
Impaciente no hall de entrada de seu condomínio, espero Manuela
descer. Por mim, já pularia esse jantar e iria direto para a sobremesa.
Então, me perco em pensamentos eróticos envolvendo um corpo de pele
morena...
— Boa noite, Rodrigo – sou tirado do meu delírio sexual assim que
ouço a voz dela.
Manuela está deslumbrante como sempre, veste uma calça branca
de cintura alta e camisa de seda rosa. Seu estilo clássico é elegante, o que
me atrai ainda mais nela. A cor de sua pele também é um dos seus pontos
fortes ou sou eu que tenho uma queda por mulheres negras. Não sei...
Alcanço sua mão e a beijo.
— Boa noite, linda menina. Podemos ir?
— Sim, senhor! – ela não faz ideia de como isso me afeta. Minha
cabeça trabalha montando a cena em que eu a possuo e ela repete sem
parar: Sim Senhor!
A partir de agora, tenho uma missão, fazê-la minha. Caso ela não
queira, o que é impossível, porque todas querem, eu a farei querer. Tenho
meus métodos e, claro, o meu charme.
Nossa viagem segue tranquila até o restaurante, minha playlist nos
acompanhava. Pelo que percebi, temos um gosto musical muito semelhante
e gostei de ouvi-la cantarolando algumas músicas. Todos os fatos
relevantes da minha vida têm uma trilha sonora. Algumas letras parecem
ser a nossa história em versos; outras, parecem orações. E ainda há
aquelas, que dão a impressão de que foram feitas para o momento, como
Comme un fils que toca nesse instante.
(...) Dê-me tudo, mesmo quando não há mais nada. Embriague-me de
você, quando nada está bem. Faça amanhã, quando o hoje é terrível e eu farei
da mesma forma. Leia minhas penas antes que eu as diga. Esqueça as minhas
vergonhas sem que eu peça. Esconda-me se um dia você me amar, porque eu
farei da mesma forma (...) – Corneille.
Gosto de boa música, boa comida e boa companhia. Na minha tosca
concepção, não adianta ser um restaurante caro se não oferecer boa
comida. Prefiro ir na Rocinha comer a feijoada da Dona Cida, isso sim que é
comida de verdade, a comer escargot, que, para mim, nem é comida, muito
menos símbolo de riqueza. Lesma encontro no quintal de casa.
Já no restaurante, sentados à mesa reservada a nós, conversamos
sobre negócios e amenidades do dia a dia enquanto nossos pedidos não
vêm. Bom, acho que esse é o momento de ir ao que interessa.
— Fico feliz que tenha aceitado o meu convite. Eu realmente senti
sua falta – alcanço a sua mão sobre a mesa. — Falta de estar com você!
Encaro-a querendo trazê-la a mim para que veja a verdade de
minhas palavras. Quero que ela leia em meus olhos o que sinto, o que
quero. Acariciando seus dedos, volto a falar:
— Gosto muito de você, talvez até mais do que deveria. E gostaria de
fazer uma proposta a você, Manuela.
— Sou toda ouvidos, querido. Diga-me – Manuela me desconcerta
com o seu sorriso. Gosto de mulheres com senso de humor, a vida fica mais
fácil e mais leve assim.
— Quero propor uma relação Dom/sub, com um contrato, sessões
uma vez por semana e duração de um mês. Saiba que eu realmente quero
tê-la sob meu domínio, sob mim – sinto a mulher estremecer e mantenho-
me firme, mas satisfeito com a sua reação. — No momento, é o que posso
lhe oferecer, uma relação puramente D/s. Mas garanto que você será minha
preciosidade, Manuela.
Espero que ela fale alguma coisa, mas apenas encara-me com rosto
inexpressivo, o que me deixa tenso. Sorrio sem jeito.
— Desculpe por ser tão direto, mas é que... Inferno, Manuela! Só em
pensar nisso já me excito.
Ela fecha os olhos e balança a cabeça. Ao abri-los, contemplo desejo.
Manuela solta a sua mão da minha e brinca com os meus dedos.
— Desde quando nós dois fazemos rodeios para falar o que
pensamos? Talvez até seja isso que nos atraia. Bom, eu não estou
procurando um relacionamento, Rodrigo. Estou em um momento da minha
vida em que o amor não tem lugar, minha vida é o meu trabalho. Também
não estou aberta a relacionamentos homem/mulher, pois não quero
compromisso. Mas sinto-me lisonjeada com a sua proposta... – ela entrelaça
nossos dedos e olha-me. — Essa proposta, vinda de você, é um privilégio
que não pretendo descartar. E há muito venho imaginando como seria estar
sob você.
Jesus Cristo! Sua afirmação e seu olhar fazem fogo correr pelas
minhas veias. Fico surpreso com a reação do meu corpo a suas palavras.
Manuela mexe mais comigo do que eu esperava. Nesse momento, os
garçons nos servem, me dando a desculpa perfeita para me afastar de seu
toque. Preciso erguer as minhas defesas quando se trata de Manuela
Vasconcelos.
— Será perfeito! Faremos uma grande parceria – assim que me sinto
no controle de minhas emoções novamente, inicio a negociação. — Você já
teve dono, então conhece as nuances de uma negociação. O meu contrato é
bem básico, constará nossos limites e as exceções, o número de sessões
acordado, sua palavra de segurança e nossas assinaturas. Para redigi-lo,
preciso saber quais são os seus limites e o que você está disposta a tentar.
— Não faço, em hipótese alguma, bloodplay, que é a prática que
envolve sangue, e nem scat, pissing ou afim, que são coisas que envolvem
algo da fisiologia humana – com pura confiança, ela coloca as coisas do seu
modo. É muito fácil negociar com alguém experiente. — Os meus limites
estão aí para serem quebrados. Cada dominador tem o seu jeito e suas
peculiaridades, sendo assim, prefiro que você teste cada um e molde-me
conforme seus desejos.
— Ótimo! Manuela, nas sessões, quero você por completo, seu
corpo, sua cabeça e sua devoção. Quero tudo. Também não abro mão de
toda a liturgia e ritos que cercam uma sessão. Posso contar com isso? –
pergunto.
— Claro que sim. Mas há algo que não falarei. Sei que a expressão
correta para tratamento de um dono é “dono de mim”, isso eu não falo. Meu
repertório tem Senhor, Senhor meu, meu Mestre, Mestre Rodrigo. Mas
“dono de mim”, não. Tudo isso apenas quando estivermos somente você e
eu. Porque, para mim, Rodrigo, o BDSM é algo para a minha satisfação e não
para que os outros rotulem ou discriminem.
Sinto-me muito satisfeito com as suas palavras e com a firmeza que
são ditas.
— Posso conviver com isso – concordo. — Mais alguma coisa?
— Sim. Não quero que ninguém saiba. Se não der certo, isso estará
só entre nós dois. Temos o mesmo círculo de amigos, se eles tomarem
conhecimento, podemos imaginar como reagirão.
— Quero deixar claro que, por mim, não há problema algum de
saberem. Mas, se você faz questão, que assim seja. Fiz exames semana
passada que constatam que eu estou bem, depois mostrarei todos eles a
você. Há algo sobre sua saúde que eu deva ter cuidado?
Tenho ciência das fragilidades que a afastaram do trabalho, mas
preciso saber se há mais coisas para que as nossas sessões não passem dos
limites.
— Meus exames são recentes e estou bem também. Não há nada que
você deva se preocupar. Faz, mais ou menos, quatro ou cinco meses que
não tenho relações sexuais – meu pau reage no mesmo instante. Isso não
deveria acontecer, mas estou sedento por essa mulher. — Os exames que
tenho talvez sejam suficientes para você.
— Sim, tenho certeza que são. Vou redigir o contrato e enviarei para
você assinar ainda essa semana. Nossa primeira sessão pode ser quarta-
feira que vem? – eu queria que fosse agora mesmo.
— Esperarei ansiosa – fico preso em seu olhar.
Eu também, menina bonita... eu também.
— Obrigado por confiar em mim, Manuela. Garanto que você não irá
se arrepender.
O maître nos traz a carta de sobremesas, mas Manuela dispensa,
assim como eu. Tomamos uma taça de vinho para fechar o nosso acordo e,
depois de pagar a conta, saímos do restaurante. Assim que chegamos no
carro, pressiono-a contra a porta com o meu corpo e coloco as mãos no
carro, aprisionando Manuela entre os meus braços. Aproximo-me de seu
ouvido e falo:
— Não vejo a hora de despir você, amarrá-la e fodê-la até não
aguentar mais. Vou saborear cada parte sua, minha língua explorará cada
pedacinho do seu corpo e vou fazer você gemer, gritar o meu nome e
implorar por mais.
Sinto a sua respiração acelerada quando me aproximo para beijá-la.
Tomo sua boca em beijo devorador que é correspondido com a mesma
intensidade. Enlaço sua cintura e levo a outra mão até sua nuca, para
controlar o seu ritmo. Manuela acaricia o meu corpo, fazendo-me sentir o
calor de suas mãos mesmo por cima da roupa. Tiro minha boca da sua, só
para afirmar minha posse.
— Você é minha, toda minha! – agarro-a novamente e só a solto
quando não temos mais como respirar. Faço uma trilha de pequenos beijos
em seu pescoço e mordo o lóbulo da sua orelha. É impossível parar... Quero
mais...
Colo o meu corpo no seu para que sinta o que faz comigo. Tenho que
me controlar, senão a tomarei aqui mesmo.
— Sente o que faz comigo? – sua resposta é um gemido que me faz
beijá-la mais uma vez. — Lembre-se bem, você é minha!
Antes que eu rasgasse sua roupa e a fodesse sobre capô, correndo o
risco de ser pego por atentado ao pudor, ajudo-a entrar no carro. Quando
se trata de Manuela, meu corpo ruge de necessidade. Algo me diz que um
mês com essa mulher será muito pouco.
Capítulo 12 – Manuela
De São Bernardo do Campo tive que vir até Campinas. Gosto dessa
cidade, ainda faço planos para me mudar para cá. Estou aqui desde segunda
negociando um novo empreendimento, um prédio com salas comerciais.
Gosto do que faço, o que não gosto é de ficar em hotel, acompanhado é
melhor, mas sozinho é chato. Meu telefone toca logo que saio de uma
reunião. Olho o visor e vejo que é o meu pai. Preocupado, atendo:
— Oi, pai.
— Rodrigo, tudo certo por aí?
— Tudo indo conforme o esperado. Aconteceu alguma coisa? – se
não aconteceu, vai acontecer. Meus pais nunca ligam por nada ou para
saber como o filho está. Isso não faz o tipo deles.
— Quero saber se você estará no Rio amanhã. Temos um jantar
importante com políticos e alguns deles querem ver você. O governador é
um deles.
— Amanhã já é quinta... – penso por um instante se terei tudo
resolvido para ir embora. — Ok, pai, eu irei.
— Obrigado, Rodrigo. Esse jantar é muito importante para nós.
— Tudo bem, pai. Até amanhã.
Com os meus pais é sempre assim, é sempre em prol deles. Vou,
porque, se eu não aparecer, vão me encher o saco para o resto da vida. E
com o meu pai entrando na política, a família tem que estar unida, segundo
a minha mãe. Ligarei para a Manuela para convidá-la, em sua companhia
tudo fica mais suportável. Tento ligar algumas vezes, mas o celular está
desligado. Adiantarei as coisas para poder pegar o avião amanhã pela
manhã. Mais tarde, tento novamente.
* * *
Vinte e quatro horas não são suficientes para mim, preciso que os
dias se estendam em vinte e oito horas, no mínimo. Vim de Campinas
ontem, cheguei em cima da hora para o bendito jantar. Sai da cama cedo
para ir à empresa, mas tive que passar no banco e lá se foi minha manhã.
Chegando ao escritório, lembro-me de organizar o final de semana na
chácara.
Ah, não, cacete! Esqueci de ligar para Manuela. Enquanto caminho
para a minha sala, digito o número da minha menina, mas não obtenho
resposta. Envio uma mensagem, mas não recebo uma resposta imediata
também.
— Boa tarde, Duda – assim que passo, Maria Eduarda vem com a
agenda e, provavelmente, já telefonou para a copa para providenciarem o
meu café. Deixo as minhas coisas sobre a mesa e enquanto o computador
inicia, instruo: — Antes de qualquer coisa, ligue para a chácara e veja se
está tudo em ordem para receber os hóspedes. Depois de passarmos a
agenda, localize Manuela, por favor. Estou tentando falar com ela, mas não
obtive êxito. Outra coisa, terei que rever aquele projeto de Itaboraí e,
provavelmente, levará a tarde inteira. Então, ligue para Arthur, Steban e Bia
para confirmarem o final de semana. Você também deve confirmar.
— Sim, senhor. Ninguém o esperava aqui hoje, como o senhor não
entrou em contato, mantive tudo como já estava.
— Certo. Muito obrigado – ela está impassível, o que acontece com
ela? É sempre tão doce e conhecida como a rainha da paciência. — Algum
problema, Duda?
— Nada, tudo está bem. Se me permite, voltarei à minha mesa para
fazer essas coisas. – ela se levanta. — Senhor Rodrigo, já viu as fotos do
jantar de ontem que saíram na mídia?
— Não, nem sabia que tinha saído – algo me diz que não gostarei do
que estar por vir.
Maria Eduarda joga o jornal em minha mesa antes de sair da minha
sala. Fico surpreso com a atitude dela, pois nunca age assim, deve ser TPM.
Uma daquelas épocas em que as mulheres se tornam serial killers. Um
conselho, jamais peça para uma mulher na TPM fazer algo para você com
facas, jamais!
Olho para a coluna social e lá está uma notícia que ocupa duas
páginas da porra do jornal. “Rodrigo Alcântara e Castro, enfim, assume
Bárbara Becker como sua noiva. As más-línguas dizem que o menino de ouro
irá amarrar-se à bela socialite muito em breve... ouço sinos por aí”! Esse
colunista fofoqueiro estava lá ontem. Minha mãe resolveu pegar pesado.
Que merda! Não vou casar, pelo menos não com a Bárbara. O telefone toca.
— Sim.
— Senhor Rodrigo, a Manuela está em reunião, mas disse que o final
de semana está confirmado, já que foi uma ordem do senhor. Ela também
disse que, como trabalhará amanhã, chegará somente à noite e irá com o
carro dela. Já repassei o endereço a ela. O senhor Arthur e Steban também
já confirmaram. Falta somente a Bia, ainda vou ligar. Sobre a chácara, está
tudo pronto como o senhor mandou. Mais alguma coisa?
— Obrigado, Duda. Arthur está na sala dele? – pergunto.
— Sim, senhor. Quer que o chame?
— Não, obrigado.
Marcho para a sala do meu irmão para convencê-lo a ir para a
chácara hoje ainda. Bato à porta, ele manda entrar. Sempre bato à porta
antes de entrar porque podemos esperar tudo de dele. Assim que entro,
Arthur já metralha.
— Rodrigo, eu não sei que porra a mãe está pensando, mas não vou
fazer parte desses joguetes dela. Passei a manhã falando com o escritório
de relações públicas, os telefones da empresa não param de tocar querendo
saber do seu casamento e do caralho do meu casamento – ele anda de um
lado para outro com a mão na cintura e outra na cabeça. Sento-me e o
observo. — Inferno! A garota mal olha na minha cara e só o faz porque
trabalha e é obrigada.
— São boatos, logo acontece outra coisa e ninguém mais lembrará
disso. Vim convidá-lo para ir a chácara hoje à noite e podemos chamar
Steban também. Teremos uma noite sossegada de homens e saímos desse
inferno. Amanhã, quando elas chegarem, já estaremos melhor.
— Boa ideia. Vou ligar para ele.
Enquanto Arthur fala com Steban, envio outra mensagem a Manuela.
Ela costuma responder logo em seguida, mas não é o que está acontecendo.
A tal reunião deve ser importante. Arthur fala, tirando-me da divagação:
— Steban disse que estará na sua casa às seis. O que dá a você três
horas para se organizar.
— Duda vai com você? – pergunto.
— Como? Ela nem fala comigo, como viajaria em minha companhia?
– ele reclama. Mamãe marcou o seu ponto a ferro. — Ela irá com a Bia, as
duas devem chegar lá depois do almoço.
Volto para minha sala e me enterro no trabalho. No final de tudo, o
que me resta é o trabalho. Mandei mais duas mensagens para Manuela e
todas sem resposta. Costumo falar que ela precisa trabalhar menos, mas
nisso somos espelho um do outro. Nossa vida profissional vem antes de nós
mesmos, amamos o que fazemos.
Final da tarde seguimos para a chácara que fica em Barra de
Guaratiba, mais ou menos uma hora e pouco de carro. Esse lugar é um
paraíso. Uma área de dois hectares, cercado por montanhas, vegetação
nativa e não muito longe da cidade, mas distante o bastante para descansar.
Há dois grandes jardins que eram as paixões da minha avó, uma grande
piscina e o deck. A casa é um espetáculo, com oito quartos, seis banheiros,
duas salas amplas e abertas.
Seu João vem nos receber, ele é caseiro aqui há mais de dez anos.
Moram aqui, ele e sua esposa, dona Albertina, que prefere ser chamada de
Bete e que cozinha maravilhosamente bem. Lembro que, muitas vezes, vim
aqui somente para comer. Bons tempos em que a minha preocupação era
somente com os estudos.
Sentamos na varanda para conversar, já que nos tem faltado
oportunidade para isso. Nós estávamos mais cansados do que
imaginávamos, fui o primeiro a despedir-me e ir para a cama. Enquanto
tomo banho, penso em quanto tenho sentindo falta de Manuela. Pergunto-
me por que ela não responde as mensagens ou as ligações. Por mais que ela
esteja ocupada, sempre conseguia um tempo para mim. Logo que deito,
apago.
Acordo com o canto dos pássaros, coisa estranha para mim. Olho
para o telefone para ver se Manuela deu sinal de vida, mas, além de não ter
nada dela, vejo que já são duas horas da tarde. Levanto nada disposto e faço
a minha higiene. Visto-me e vou tomar café ou almoçar. Atravesso a casa e,
pela cara amassada dos outros dois, vejo que acabaram de levantar
também.
— Boa tarde, meu povo! Cruz credo, que caras são essas? – Bia. Não
preciso nem falar mais nada, não é? Muitas vezes, não há como descrevê-la,
então falamos “Bia é Bia” ou nossa... agora você foi Bia.
Vou ao seu encontro, abraço-a.
— Acabamos de acordar – dou um beijo em Duda. — Melhorou o
mau humor, Maria Eduarda?
Ela arregala os olhos.
— Quem? Eu? Não estava de mau humor, só estava chateada.
— Um conselho, senhores: não cheguem perto dela quando estiver
chateada. Fiquei feliz que aquele jornal não era uma faca. Ela atirou em
mim com a intenção de me fazer engolir – todos riem. Agora sei o que a
deixou chateada.
Depois do café-almoço, todos acharam o que fazer. Eu fui olhar a
propriedade com seu João. Passamos a tarde andando pelo lugar e vendo o
que precisava de reparo. Mas, ao contrário do que pensava, o lugar está em
perfeito estado. Volto para casa, tomo banho e deito para assistir ao jornal.
Assusto-me e me dou conta de que cochilei. Visto-me decentemente para ir
à sala e ver se Manuela já chegou.
Todos estão sentados à mesa para jantar e tomo o meu lugar na
ponta, onde todo bom anfitrião deve sentar. Então, percebo que a minha
menina não chegou ainda.
— Nada da Manuela ainda?
— Ela ligou e disse que tentou falar com você, mas não conseguiu –
Duda fala. — As reuniões tomaram mais tempo do que deveriam e, como
está com muita dor de cabeça, acha melhor vir somente amanhã.
Logo que ela termina de falar, vou ao quarto pegar o telefone e volto
para a mesa. Vejo que ela me ligou apenas uma vez, mas não se deu ao
trabalho de deixar uma mensagem. Estou preocupado com ela e
impaciente.
— Ligarei e, se ela quiser, vou buscá-la. Está desligado – merda! Essa
distância tem mexido comigo. Eu a quero. Caralho! Ela é minha!
— Ela sofre com muitas dores de cabeça, alguém sabe a causa? –
Steban pergunta.
— Pressão alta é uma das causas, mas o que causa o resto é o
estresse – Bia explica. — Ela não para e, se parar, é capaz de morrer com
depressão.
— Mas ela é nova demais para passar por isso. Quantos anos ela
tem? Vinte seis, vinte sete anos? – Steban questiona.
—Trinta e um – respondo.
— Com aquela carinha? – meu amigo fala impressionado.
Esse passeio está quase chegando ao fim para mim. A ideia era que
descansássemos, principalmente Manuela, mas ela não pensa dessa
maneira. E eu continuo chateado por isso e pela sua ausência. Retiro-me
para o meu quarto logo após a refeição.
Levanto pela manhã e vou caminhar para pensar, colocar algumas
ideias em perspectiva: delinear novos projetos, quem sabe uma filial, e
frear a minha mãe, porque a mulher tem como missão de vida me casar
com a Bárbara. Quando volto para a casa, vejo Manuela saindo do carro.
Apresso o passo, alcançando-a.
— Bom dia, senhorita Vasconcelos. Estava pensando seriamente em
buscá-la – beijo sua boca deliciosa. Saudades disso... saudades dela. — Sua
dor de cabeça melhorou?
— Estou bem, só preciso descansar. Cadê o resto do pessoal?
— Acho que estão dormindo ainda – passo por ela e alcanço a sua
pequena mala. — Levarei suas coisas para o meu quarto.
Mal dou dois passos e ela para-me.
— Rodrigo?
— Sim.
— Você se importa se eu ficar em outro quarto? Quando estou com
essas enxaquecas, prefiro ficar sozinha.
Encaro-a. Se me importo? Claro que sim! Não a entendo, mas ela não
está bem e não discutirei.
—Tudo bem – levo-a até o quarto em que estou. — Faremos o
seguinte, irei para o outro quarto e você fica nesse que é maior, a vista é
melhor.
— Obrigada – ela responde suavemente, mas seus olhos não
encontram os meus. Deixo suas coisas por ali e seguro o seu rosto entre
minhas mãos.
— O que acontece, Manuela? Você está abatida, nunca a vi assim.
Ela sorri e coloca as suas mãos sobre as minhas.
— Cansaço, bonitão. Somente cansaço.
Sento na cama e a puxo para o meu colo. Arrebato sua boca e tento
aplacar a minha sede dela.
— Senti sua falta, minha menina – beijo seu pescoço, mordo o lóbulo
da sua orelha, e ela geme. Tão responsiva e gostosa. Coloco minhas mãos
por baixo da sua blusa, alcanço seus fartos seios e é minha vez de gemer. Do
nada, ela fica tensa. — O que foi, Manuela?
Ela balança a cabeça.
— Nada, só estou com fome. Já tomou café?
— Ainda não – arrumo sua blusa, ajudo-a a se levantar e pego a sua
mão. — Vem, vamos tomar café juntos.
O meu prazer é ver Manuela bem, preocupo-me com a minha
menina. Ela não é do tipo que compartilha o que lhe aflige, guarda para si.
Terei que trabalhar isso com ela, afinal, ninguém é uma ilha para viver só.
— Bom dia, dona Bete. Quero apresentar alguém especial. Manuela,
essa é dona Bete, a pessoa que cuida desse lugar. E essa é a Manuela, a
minha garota.
Beijo-a antes de sentar.
— Bom dia, seu Rodrigo. Muito prazer em te conhecer, dona
Manuela.
Manuela vai em direção à dona Bete e a cumprimenta.
— Por favor, nada de dona, assim a senhora me envelhece uns pares
de anos. Prazer em conhecê-la, dona Bete. E o café está muito cheiroso.
Se um dia eu fosse me casar, seria com alguém como Manuela,
alguém que sabe o valor do trabalho duro e, principalmente, sabe valorizar
as pessoas. Está sempre de bom humor e tem resposta para tudo. Ela é a
companheira ideal, é do tipo que leva o marido para cima e não apenas um
bibelô de clube... Rodrigo, Rodrigo, pare com esse raciocínio, rapaz.
Casamento não é coisa para você.
Depois do café, a convido para dar uma volta. O pessoal ainda está
dormindo e fico muito surpreso ao saber que a Duda e a Bia dormiram no
mesmo quarto. Deduzi que Maria Eduarda ficaria com Arthur. Sabemos que
Steban e Bia de vez em quando tem recaídas. Eles foram destinados um ao
outro, mas preferem fingir cegueira.
Sentamos no balanço que tem na varanda de frente para a piscina.
— O que a incomoda, pequena? Compartilhe comigo – peço.
— Você confia em mim, Rodrigo?
— Confio a minha vida – aí vem bomba.
— Quem é Débora? – bum! — Desculpe a inconveniência. Se não
quiser responder, sinta-se à vontade em não o fazer. Esqueço o assunto
aqui.
— Não. Respondo sem o menor problema. Só diga-me como soube.
Manuela demora a responder.
— No jantar na casa de seus pais, sua mãe a citou.
— Imaginei – abro os braços e Manuela se coloca entre eles. — Há
uns dois ou três anos, conheci Débora em uma festa, moça bonita e de
sorriso fácil, me apaixonei. Saímos por três meses e então, ela disse-me que
estava grávida. Nossa! Senti-me o homem mais sortudo da Terra. Um filho
com a mulher que estava apaixonado – olho para Manuela para estudar sua
fisionomia, mas estava inalterada, olhando para a montanha. — Eu a pedi
em casamento, e ela aceitou. Até então, tinha sido o dia mais feliz da minha
vida. Quando a apresentei aos meus pais, você já deve imaginar a reação
deles. Não foi fácil. Minha mãe não se conformava por eu ter me
apaixonado por uma mulher da zona Oeste da cidade, mas, para mim, era o
de menos. Nem o fato de que iam ter um neto os deixou felizes. Bom, insisti
para ela se mudar para o meu apartamento, mas ela não quis, dizia que era
mais sensato se esperássemos até o casamento, mas sempre reclamava da
sua companheira de casa...
Manuela deita a cabeça em meu ombro. Não sei por que, mas isso
me dá uma sensação de paz. Volto para minha triste história.
— Arthur tinha um apartamento há duas quadras do meu
condomínio, conversei com ele, que gentilmente cedeu, e ela se mudou. Eu
estava em uma correria danada, a obra em Angra era a primeira das
grandes. Tive que viajar em cima da hora, fiquei chateado, porque não
queria deixá-la sozinha. Resolvi tudo rapidamente, passei em uma
joalheria, comprei um par de brincos e voltei para casa antes do previsto.
Como tinha a chave reserva do apartamento, fui direto para vê-la. Hoje,
penso que não era paixão, era pela criança. Eu queria aquele filho, era tudo
o que eu mais queria. Então, cheguei ao apartamento, e ela tinha reunido
alguns amigos. Até aí, nenhum problema.
Respiro fundo antes da minha mente voltar a vagar pelas amargas
lembranças do passado.
— O lugar estava cheio e Débora estava sentada no colo de um
homem tomando uísque. Ninguém percebeu a minha presença até que eu
sentei ao lado do casal apaixonado. A hora em que ela me viu, empalideceu
e caiu do colo do cara. Quando se recuperou, veio com aquela velha
história...
— Não é o que você está pensando – Manuela complementa.
Sorrio.
— Exatamente. Levantei e ordenei que desocupasse o apartamento
em duas horas. Se por acaso ela ultrapasse o tempo, eu chamaria a polícia.
Virei as costas e ia saindo quando ela se jogou no chão, segurou a minha
perna e fez uma daquelas cenas dignas de novela. O cara falou que ela tinha
que contar a verdade. Nessa altura do campeonato, nem precisava.
— Não existia criança.
— Não, não existia. Essa é a história da Débora – Manuela olha para
mim. Esperava ver pena ou qualquer sentimento parecido com esse em
seus olhos, mas não tinha nada. Talvez raiva e... ciúme?
— Depois disso, você a viu novamente? – ela pergunta. — Tentou
saber o porquê de toda essa farsa?
— Não. Depois que saí daquele apartamento, nunca mais a vi. Não
vale a pena ficar remexendo em coisas que não tem futuro.
— Verdade. Desculpe, mas sua mãe é fogo na roupa. Ela vai casá-lo
de qualquer maneira.
— Isso é o que ela pensa. Não quero me casar, nem com Bárbara,
nem com ninguém. Ela que se conforme. Hoje, eu só quero a minha menina
assim, quietinha no meu colo – trago a boca de Manuela ao encontro da
minha em um beijo quente, até todos aparecerem na varanda e
atrapalharem tudo.
O dia foi assim, tranquilo, as meninas alternavam entre a piscina e
varanda, eu dormindo e os outros se divertindo. Gostei muito deles estarem
aqui comigo... de ela estar aqui comigo. Cai a noite e, logo após o jantar, as
meninas se recolhem. A Bia mesmo estava quebrada. Elas deveriam ter em
mente que não são mais adolescentes, mas, ainda assim, nos fazem dar
boas risadas. Arthur e Duda se acertaram também, pelo menos é o que
parece, e que dessa vez dure!
Arthur, Steban e eu ficamos na varanda conversando sobre BDSM,
trocando ideia, auxiliando Arthur em seus questionamentos e falando sobre
a avaliação de novas submissas. Quando fui para cama, já era mais de duas
horas da manhã, vou direto ao banheiro para um relaxante banho e, depois,
cama. Assim que saio do banheiro enrolado na toalha, sou surpreendido
por uma linda menina ajoelhada, com as mãos no chão e cabeça baixa.
Manuela é uma submissa impecável e o fato de estar aqui, assim, faz com
que meu orgulho aflore. Abaixo diante dela e levanto o seu rosto, ela me
tenta com aquela expressão de garota má.
— Você quer algo, menina bonita?
Ela sorri e responde:
— Sim, senhor.
Acaricio o seu rosto, contornando o seu lábio inferior com o polegar.
— Diga-me o que quer, Manuela.
— Use-me – sua expressão fica séria e seus olhos prometem
perversidade. — Todos esses dias sem o seu toque, sem seu perfume, foram
difíceis. Eu só quero me sentir viva, senhor meu.
Um gemido sai do fundo da minha garganta e beijo-a loucamente.
Será que ela faz ideia do efeito que tem sobre mim? Ouvir isso dela me faz
sentir o homem mais poderoso do mundo. Não é para qualquer um ter uma
mulher dessas aos seus pés. Tiro sua camisola e volto a beijá-la. Estico-a no
chão e deito sobre ela, beijando o seu pescoço, seus seios... Essa mulher
será o meu fim. Chupo um mamilo enquanto belisco o outro, e seus
gemidos fazem-me insano. Continuo a descer em uma trilha de beijos
úmidos pelo o seu corpo, abrindo as suas pernas e constatando que
Manuela já está molhada. Ela responde muito bem a mim.
— Você está pronta para mim.
— S-sim, senhor... ah... ah...
Sem tirar os meus olhos dos seus, desço a minha boca até o meio de
suas pernas e, com a minha língua, provoco o seu clitóris. Penetro-a com
dois dedos enquanto sugo seu nervo sensível, fazendo Manuela gritar.
Perfeita! Tomo todo o tempo que necessito para matar a minha sede.
Contemplo o seu corpo ondulando em uma dança erótica.
— Olhe para mim, Manuela – ela abre os olhos e vejo o tesão. —
Diga-me o que quer.
— Quero que me use – seu tom de voz é firme.
— Quer que a use como, Manuela? – ela apenas geme. Então ordeno:
— Diga-me o que quer.
Manuela levanta-se em seus cotovelos e, em tom nada submisso, ela
fala:
— Quero que me foda sem piedade. Que tome posse de tudo que é
seu!
E, com isso, a penetro forte e rápido. Quanto mais ela geme, mais
fundo vou.
— Como você é deliciosa, menina – prendo suas mãos acima da sua
cabeça e, beijando sua boca, continuo a fodê-la. Viro-a de quatro e volto a
penetrá-la. Céus! Estar dentro dela é o verdadeiro paraíso. — Você me deixa
louco... completamente louco!
Ainda dentro dela, levanto-a e trago sua boca para a minha. Levo
uma mão até o lugar onde nossos corpos se encontram e estimulo o seu
clitóris. Manuela goza, levando-me junto com ela, gozando como nunca
gozei na vida. Deitados no chão, abraçados e ofegantes, acredito não ser
capaz de levantar agora. Puxo a coberta da cama e, ainda dentro dela,
caímos no sono.
Acordo com Manuela deitada ao meu lado e com a cabeça em meu
peito, nua. Foi a melhor noite de sono que tive em anos. Levanto com
cuidado, pegando a Manuela no colo e, ao colocá-la na cama, ela abre os
olhos.
— Bom dia, menina bonita.
— Bom di...
Não espero ela terminar de falar e assalto a sua boca. Já estou duro e
quero mais Manuela. Entro nela devagar, sem tirar os meus olhos dos seus,
para que ela sinta cada centímetro meu invadindo sua boceta apertada e
para que ela possa ver em meus olhos o quanto a desejo. Se eu continuar
com isso, vou gozar antes de começar. Não há nada mais gostoso do que
começar a manhã com uma boa transa.
Após o almoço, resolvemos sentar à beira da piscina. Enquanto Duda
e Bia tomam sol para se bronzear, Manuela, que detesta sol, estava dentro
da piscina de óculos escuros e de sombrinha para não ficar exposta aos
raios UV.. Arthur e Steban ficam tão chocados com a cena que não
desviavam o olhar da sombrinha verde da minha garota. Para entretê-los
ainda mais, provoco-a.
— Vamos caminhar na praia, Manuela?
— Debaixo daquele sol de cinquenta graus? Nem pensar! Não gosto
de praia, nem de sol – ela responde séria.
Arthur entra na conversa.
— E mora no Rio de Janeiro. Controverso, não?
Escorada na escada da piscina, ela dá de ombros.
— Fazer o quê, a vida nem sempre é justa.
— Mas se você não viesse, nós não nos conheceríamos – falo para
constatar um fato, e ela acaba com minha empolgação.
— Como falei, nem sempre a vida é justa.
Os outros caem na risada. Não lembro de sair com mulheres com um
senso de humor apurado ou de fácil convivência. Esses pequenos detalhes
tornam a vida mais leve e me atraem. Vivemos uma realidade em que tudo
é complicado, em que as pessoas problematizam demais e discutem por
nada. Ouço meu celular tocar e saio à procura, o encontro sobre a mesa de
centro da sala.
— Alô.
— Oi, gato – Bárbara. — Estive em seu apartamento, mas não havia
ninguém. Onde está, docinho?
Estas são coisas que me incomodam: gato, docinho, lindinho e todos
os “inhos” possíveis acabam com a masculinidade de qualquer homem.
— Oi, Bárbara. Não estou na cidade.
— Precisamos conversar, Rô.
— A hora que eu voltar, nos falamos – respondo secamente.
— Amor, eu preciso que você me dê uma chance, por favor! Diga
onde você está e vou até aí. Tem alguém com você? – sua voz é estridente.
— Não, estou sozinho. Você quer a chance para quê, Bárbara?
— Chance para ganha-lo.
— Não precisa de chance, porque não há uma disputa. Quando
voltar, nós conversaremos e colocaremos as coisas em seu lugar. Ok?
— Ok, gato. Esperarei ansiosa.
Despeço-me e desligo o telefone rapidamente. Era só o que me
faltava! Bárbara querer vir aqui para estragar o meu final de semana. Não
mesmo. Se eu falar onde estou, é capaz dos meus pais baterem aqui
também. Quero descansar de tudo e curtir minha menina. Só isso. É
engraçado que, às vezes, posso sentir quando Manuela está por perto, como
agora. Viro-me para vê-la, mas não há ninguém. Estranho.
Então, volto para a piscina, mas ela não está com os outros. Procuro
pelas outras salas e pelo jardim, mas não há nenhum sinal da Manuela.
— Algum problema, irmão? – Arthur pergunta.
— Viram a Manuela?
Então, Duda responde:
— Ela foi para o quarto. Estava com dor de cabeça, tomou remédio e
foi se deitar.
Aceno e vou direto vê-la, mas dou de cara com a porta trancada.
Bato algumas vezes e nenhuma resposta vem. Ela deve estar tomando
banho ou deitada. Volto para sala e sento para jogar videogame. Sim, eu
jogo! Bia e Steban se unem a mim. Mesmo jogando e me divertindo, não
deixo de me preocupar com a Manuela. Ela não chegou bem, demorou para
se soltar e novamente voltou a se distanciar.
As horas passam e Dona Bete nos chama para jantar. Nada da
Manuela. Faço menção de ir chamá-la, mas Bia me barra, dizendo que, se a
acordarmos, ninguém suportará seu mau humor. Bem a contragosto,
desisto de ir atrás de Manuela e sento para jantar. A conversa também não
foi a das mais animadas, parece que estão cansados ou pressentem algo de
errado, assim como eu. Antes de deitar, passo no quarto dela e nada. Deito
para dormir com esperança de que, pela manhã, Manuela esteja melhor.
Depois da noite incrível que tive no dia anterior, acreditava que a
dose se repetiria. Não foi o que aconteceu. Sono inconstante, permeado por
pesadelos e preocupação. Não gosto de começar o dia assim. Então, para
mudar o rumo das coisas, vou direto ao quarto em que Manuela dormiu e
bato à porta. Se ela não abrir, eu entrarei, nem que para isso tenho que
arrebentar a porta. Levanto novamente, mas ela abre enquanto fala ao
telefone. Manuela mostra o dedo indicador me pedindo um minuto. Não
precisa ser gênio para saber que é trabalho.
Sento na cama enquanto ela discute algo sobre um contrato.
Observo-a trabalhando e fico ainda mais encantado com a sua beleza. E fico
excitado com aquele camisão branco aberto até a altura dos seios. Assim
que desliga, volta-se para mim e sorri.
— Bom dia, mestre – ela faz uma mesura.
— Bom dia – aponto a cama para que ela sente de frente para mim.
— Estou preocupado com você. Está trabalhando excessivamente e suas
dores de cabeça estão cada vez piores.
— Eu amo fazer o que faço e acabo me entregando demais – ela
sorri. — Mas estou bem, não se preocupe. Ontem eu acho que foi o sol,
muito calor...
Exasperado, levanto e estendo a mão a ela.
— Vim buscá-la para tomar café. Ontem você já não jantou e precisa
se alimentar direito.
Manuela segura a minha mão.
— Aproveitando que está aqui, preciso avisá-lo que, depois do café,
vou embora. Tenho que ver alguns arquivos e enviar documentos para a
empresa. É importante.
— Tudo bem. Mas antes... – pressiono-a contra a parede e posiciono
minhas mãos em cada lado de seu rosto. Aproximo-me dela e corro o meu
nariz pelo seu pescoço, inalando o seu cheiro. — Quero um bom dia digno
de um mestre.
Manuela segura o meu rosto entre as suas mãos e devora a minha
boca. O meu corpo, que já estava em alerta, agora está prestes a explodir de
tesão. Deslizo a mão pelas suas costas arqueadas e aperto a sua bunda para
que sua boceta se esfregue em meu pau. Com muito custo, afasto-me dela.
— Que tal ser meu café da manhã, menina? Deitaria você sobre a
mesa em frente a todos, abriria a sua camisa, ordenaria para ficar
quietinha... – enquanto falo, desço meu dedo indicador pelo seu pescoço. —
E, quando você estivesse nua, eu abriria suas pernas e tomaria o seu gozo
direto da fonte...
A respiração dela fica difícil, as pupilas dilatadas e o tesão em alta.
Levo o meu dedo médio até sua abertura molhada e acaricio, fazendo as
pernas de Manuela fraquejarem.
— Comeria você inteira. Mas... – tiro o meu dedo dela e o levo à boca
para saborear. — Por mais que eu quisesse tê-la como café da manhã, você
está sem comer desde ontem e tomando medicamentos. Vamos.
— Jesus Cristo! Isso não é justo, Rodrigo. Mal consigo andar. Espere,
vou colocar uma roupa – sorrindo, pisco para ela e seguimos para a mesa
do café.
— Fique assim, só feche esses dois botões. Não quero ter que
esmurrar meu irmão e meu melhor amigo por olharem a minha mulher.
Manuela paralisa.
— O quê? – ela olha-me com olhos estreitos.
— Não sou sua mulher.
Sorrio de canto.
— Quem disse que não? Antes de você ir, quero mostrar algo.
— Tudo bem.
Arrasto-a para tomarmos café. Sentamos à mesa juntamente com os
outros, mas não consigo acompanhar a conversa animada entre eles. Estou
concentrado em desvendar esse pressentimento que venho sentindo há
algum tempo. Algo me diz para aproveitar esse momento, porque pode ser
o último. Por mais que eu repita que ela é minha pelo tempo que eu quiser,
sinto que Manuela pode escorregar entre os meus dedos.
Levo-a até o estábulo e fecho a porta principal, entramos em uma
baia e caminho até o cavalete com sela pronto para o meu uso. Coloco um
pelego de lã de carneiro para não a machucar e algumas cordas. Faço sinal
para ela se colocar em posição de sub, o que graciosamente faz.
— Vamos brincar um pouco, querida. Tire toda a sua roupa e suba
na sela – assim ela fez, sem questionamentos. — Vou amarrá-la porque
quero tomá-la como uma boa potranca. O que acha, menina?
— Potranca, hein? – ela ri enquanto sobe na sela. — Eu adoraria,
senhor.
— Amarrei seus joelhos e suas mãos no cavalete – faço a amarração
de uma maneira que não machuque a sua pele delicada e, quando termino o
trabalho, tenho uma verdadeira obra de arte. Manuela aberta sobre o
pelego branco que contrasta com a sua pele morena. Meu pau está dolorido,
implorando para entrar nela. Acaricio suas costas. — Boa menina. Qual é a
sua palavra de segurança, Manuela?
— Vermelho, senhor.
— Muito bem. Você está confortável? Seja sincera – confiro o aperto
das cordas para ver se pode machucá-la.
— Não muito confortável, senhor.
Sorrio.
— Perfeito! – abaixo-me em frente a ela. — Você está tão bonita –
beijo sua boca, belisco seus mamilos, e ela geme. — Seus gemidos são
música para os meus ouvidos.
Coloco-me atrás dela e passo dois dedos pela sua abertura que já
está pronta para me receber. Dou um tapa na sua bunda. — Logo, logo eu
desfrutarei dessa sua bunda linda. – enfio o dedo úmido com a sua
excitação em sua abertura. — Então, você será completamente minha.
Outro tapa. Penetro as suas entradas simultaneamente alternando
com tapas. Sigo nesse ritmo até Manuela implorar.
— P-por f-favor... p-por favor, senhor... Não aguento mais... ah... ah...
Assim que deslizo o meu pau na sua boceta, ordeno:
— Goze, agora! – Manuela geme alto ao gozar, e eu sigo penetrando-
a com força até um orgasmo avassalador tomar conta de nós dois. Curvo-
me sobre ela até conseguir me equilibrar novamente e, quando o faço,
desamarro-a. Sento no chão e a trago para o meu colo. — Boa menina.
—O-obrigaada, mestre.
Falo em seu ouvido:
— Foi um prazer, menina Manuela. Você é o meu prazer – e, assim,
fechamos com chave de ouro o nosso final de semana. Eu poderia
facilmente me apaixonar por ela. Não! Nada de paixões, Rodrigo. Nós já
assistimos essa novela uma vez.
Capítulo 18 – Manuela
— Bom dia, irmão. Já viu os jornais? Não dou mais uma hora para a
sua mãe ligar surtando – Arthur coloca o jornal à minha frente. — Os sites
de fofocas devem estar fervendo.
— O que tem de tão importante? – pergunto enquanto folheio o
exemplar.
— Vá para as colunas sociais – ele responde.
Abro na página da coluna social, em que o responsável é um
fofoqueiro de primeira linha, e encontro a matéria:
A noite no Jockey Clube foi marcada pelas belas pessoas que por lá
circulavam, mas os herdeiros Alcântara e Castro e suas acompanhantes
tiveram todos os holofotes direcionados a eles.
O príncipe playboy e sua linda acompanhante foram um dos
destaques, segundo as más-línguas, nosso menino rebelde anda calmo
demais. Será que a cinderela tem algo a ver com isso?
Agora, o nosso galã Rodrigo Alcântara e Castro desfilava com a
belíssima executiva Manuela Vasconcelos arrebatando a todos. Eram só
sorrisos. A jovem executiva é conhecida no bussines world como "ice queen".
Mas, pelo jeito, o nosso menino de ouro derreteu seu gelo. Segundo amigos
próximos a Rodrigo, eles são apenas amigos. Será que ela sabe que o galã é o
prometido da loiríssima Bárbara Becker? Seja o que for, aquele casal estava
digno de Hollywood. E cá para nós, as duas acompanhantes estavam à altura
do red carpet.
— Elas estavam lindas mesmo – coloco o jornal de lado e tomo o
meu café. — Amanhã passarei o dia em São Gonçalo para ver aquela
reformulação do shopping. Preciso que faça a vistoria do prédio da Ataulfo
de Paiva no Leblon.
— Ok.
— Como estão as coisas com a Duda? – pergunto. — Desculpe por
ter ido embora sem avisar. Ultimamente, tenho agido por impulso e no
evento não foi diferente.
— Tudo bem, raramente você se solta e, quando faz, nem podemos
reclamar. Duda e eu estamos curtindo – ele senta-se. — Você e Manuela
parecem estar bem também.
Recosto-me na cadeira com um sorriso incomum. A cada dia que
passa, estou mais atraído por aquela mulher.
— Estamos curtindo – respondo com suas palavras e meu irmão ri.
Duda entra na sala para passarmos a agenda do dia. Como já
imaginava, essa segunda-feira está cheia, ainda mais com a reunião com
alguém da prefeitura. Penso no meu domingo com a Manuela e sinto pesar
por não poder prolongar... Bem, eu posso. Volto a minha atenção para
Maria Eduarda, que olha-me sorrindo, assim como Arthur.
— Por que me olham assim? – pergunto.
Maria Eduarda balança a cabeça e resmunga “nada” sem muita
confiança, enquanto o meu irmão continua a sorrir abertamente para mim.
— Estávamos observando você perdido em pensamentos com o
sorriso do Coringa no rosto – meu irmão implica.
— Idiota – agora é a minha vez de resmungar. — Sabe se a Manuela
tem compromisso aqui na construtora hoje?
— Sim, ela tem uma reunião com o Arthur na primeira hora da
tarde.
Assinto e continuamos a repassar os meus compromissos. Por mais
que eu tente me concentrar, minha cabeça volta a Manuela. A única
maneira de aplacar a fome por aquela mulher é possuindo-a por inteiro,
sem que reste dúvidas de que ela é minha.
— Só para confirmar, Maria Eduarda, tenho uma reunião às duas da
tarde com a coordenadora de Desenvolvimento Urbano, é isso? – pergunto.
— Exatamente – ela responde.
— Desmarque o que tiver depois dessa reunião. Obrigado, Duda –
olho para o casal à minha frente. — Vocês estão dispensados. Arthur, não
esqueça de ir ao Leblon.
Assim que os dois saem, ligo para Manuela.
— Oi, Rodrigo. Tudo bem? – a voz dela não é sensual, é sexual.
— Tudo certo. Além da reunião com o Arthur, tem mais alguma
coisa hoje à tarde? – pergunto.
— Não. Por quê?
— Gostaria de ser minha assistente por essa tarde?
— Hum... Isso soa como uma proposta quase indecente, senhor
Castro – indecente é o que eu farei com você, querida.
— Prometo recompensá-la da melhor maneira possível, menina –
falo.
Ela respira fundo e, quando fala, sua voz é baixa e sexy.
— Será uma honra servi-lo à tarde.
— Ah, minha menina. Assim, com essa voz, terminarei antes de
começar – rimos. A sua risada é deliciosa — Eu a espero depois da reunião
com Arthur. Quero que venha de saia e camisa.
— Sim, senhor. Beijos.
— Até mais.
Definitivamente, o dia será bom! Não lembro a última vez que me
dei ao luxo de misturar prazer e trabalho, na verdade, não lembro de ter
feito isso nunca. Boas ideias começam a fluir para deixar essa tarde mais
divertida. Depois de tudo organizado em minha cabeça, foco-me no
trabalho. Durante o almoço, providenciarei tudo o que preciso para
provocar e incendiar a minha menina.
Volto do almoço em cima da hora para a reunião das duas e
encontro Manuela conversando com a Maria Eduarda. Abro a porta da
minha sala e aceno para Manuela entrar.
— Tenho uma reunião agora, não é? – pergunto a Duda.
— Sim, senhor.
— Manuela será minha assistente por hoje, Maria Eduarda. Tem
algum conselho para ela?
— Não, senhor. Acredito que ela saiba se virar muito bem – Duda
fala sorrindo para a sua amiga.
— Vamos trabalhar, assistente! – pisco para a minha assistente e
entro.
Manuela espera-me no meio da sala com as mãos cruzadas na frente,
parecendo uma menina tímida. Passo por ela e sento em minha cadeira,
colocando a bolsa sobre a mesa. Recosto-me e contemplo a bela mulher à
minha frente cheia de expectativa. Ela é a visão dos céus.
— Tire a calcinha, assistente – ela levanta a saia devagar e desce a
pequena peça branca de renda. — Agora, venha até aqui. Quero inspecioná-
la e lhe dar um presente para tornar a tarde mais prazerosa – Manuela vem
até mim e a instruo. — Suba na mesa, apoie-se em seus cotovelos e abra-se
para mim, menina.
Ela faz como mandei e aprecio a vista. Acaricio suas dobras que logo
estão úmidas para mim. Eu queria degustar, mas como receberei alguém
daqui a pouco, acredito não ser uma boa ideia. Se eu encostar nessa mulher
agora, ninguém me tirará daqui. Retiro os meus dedos dela e os chupo. Ela
geme ao ver a cena.
— Dê-me a sua mão, querida. Desça – assim que Manuela está no
chão, tiro os itens da bolsa e os coloco sobre a mesa. — Como sou um amo
benigno, vou lhe dar a oportunidade de escolher o que quer.
Ela olha-me surpresa.
— Um foxtail ou um plug simples? Jesus! Você pensou em tudo.
— Ah, sim, eu pensei – encaro-a e sorrio maliciosamente. — Como
agora planejo o seu castigo para essa língua afiada.
— Como andarei com um foxtail? Isso é um plug com um rabo de
raposa. Estou de saia, o que pensarão quando me virem abanando o rabo
por aí?
Controlo-me para não rir. Aponto para os itens.
— Escolha agora ou eu mesmo o farei, Manuela – advirto-a.
— O simples – ela fala sem emoção.
— Curve-se sobre a mesa e abra sua bunda para mim – passo
lubrificante em sua abertura e no plug, acaricio sua boceta, preparando-a
para o acessório. Se eu a excitar demais, logo que eu colocar o plug ela
gozará. Assim que o coloco, arrumo a sua saia. — Vá e destranque a porta,
depois volte aqui. Quero um beijo.
Ela desfila pela sala, destranca a porta e volta. Inclina-se sobre mim
e me beija. Se eu for falar tudo o que quero fazer com essa mulher, será
uma história só sobre essa foda.
— Você ficará ao meu lado para que eu possa tocá-la a qualquer
momento. Só falará se eu permitir. Só fará o que eu ordenar – instruo.
— Sim, mestre.
— Boa menina.
Duda bate à porta e anuncia que a coordenadora chegou. Assim que
a senhora entra, levanto-me para cumprimentá-la. Manuela, ao meu lado,
apenas acena e sorri.
— Boa tarde, Soraia. Como está? – estendo a minha mão para ela.
— Boa tarde, Rodrigo. Estou bem. E você? – ela volta-se para
Manuela. — Bela assistente. Boa tarde, moça.
Mas a mulher insiste em apertar a sua mão. Por mais que a minha
menina queira, ela não pode fazer nada sem a minha permissão. É um jogo
e há regras, o descumprimento delas nos levará ao castigo, que é a minha
parte favorita. Mas Manuela olha-me à espera de permissão, e eu assinto.
Vamos ver até onde a menina Manuela suportará se submeter.
A mulher inicia a exposição do seu projeto com gráficos e imagens.
Discutimos sobre algumas melhorias que estamos dispostos a fazer em prol
da cidade, parceria público/privado para a preservação.
— Soraia, gostaria de café? Água? – ofereço.
— Café.
Sem olhar para a assistente, ordeno:
— Manuela, providencie.
Enquanto ela cruza a sala, desvio a minha atenção até sua bunda. A
coordenadora fala alguma coisa sobre os eventos que virão, mas a minha
única preocupação, no momento, é planejar o que farei com aquela mulher
quando essa reunião acabar. Manuela volta com o café e nos serve com um
sorriso no rosto. Em seguida, coloca-se novamente em seu lugar.
Soraia quer a revitalização de duas praças, o que para nós não é
difícil. Já fiz em anos anteriores. São coisas caras, vai um bom dinheiro, mas
acredito que, se cada um fizer a sua parte, a cidade tende a melhorar. Em
meio a negociação de valores, Manuela interrompe o seu silêncio para se
manifestar. Eu sabia que ela não se aguentaria, só que acreditei que ela
lembraria de me pedir permissão. Sua falta é minha alegria. Puni-la fechará
a tarde em alto nível.
— Estão falando daquela praça que tem um casarão ao fundo dela?
— Sim – Soraia responde.
Manuela aproxima-se da mesa e escora nela.
— Aquela casa não pode ser reformada, só pode ser restaurada, pois
foi tombada como patrimônio histórico. A restauração sairá mais cara que a
revitalização das duas praças juntas – ela resolve olhar para mim e retribuo
com o meu sorriso mais perverso. Manuela sorri até se dar conta do que
planejo. Ela fica série e vira-se para a coordenadora. — Infelizmente, não
será possível. Até onde sei, o incentivo fiscal que a prefeitura oferece é
mínimo. Muito dinheiro sairá dos nossos cofres para uma obra que vocês
não fiscalizam depois de pronta para evitar vandalismo. O que podemos
fazer, Soraia, é reformular a proposta do que pode ser feito.
Soraia olha para mim esperando que eu discorde da senhorita sabe-
tudo, mas, infelizmente para ela e felizmente para mim, Manuela está com a
razão.
— Como você pode perceber, Soraia, eu só jogo com os melhores.
Continue, assistente.
— Bom, o que podemos fazer é revitalizar uma praça, a que contém
a casa. Em contrapartida, queremos que o incentivo seja proporcional, ou
podemos até ficar com as duas praças, desde que sessenta por cento do
valor dos ingressos cobrados durante um ano e mais o incentivo fiscal, é
claro, sejam nossos.
Soraia se engasga.
— Mas assim vocês não ajudariam a cidade.
Manuela a encara.
— Tem certeza? Com essa porcentagem, seremos responsáveis pelo
local durante esse tempo. Isso significa que a prefeitura não gastará com
nada. Minha cara, pense comigo, isso seria um investimento.
Ela convenceu a mulher de que é um investimento. É uma boa para
as duas partes, mas longe de ser investimento. Desde que ela veio para
auditoria, eu já sabia que era boa no que fazia. Mas, com o passar do tempo,
vi que ela não é o que é à toa. De todas as suas qualidades, a habilidade na
negociação é a mais espetacular. Talvez não seja má ideia tê-la trabalhando
para mim.
Percebo que Soraia fala olhando para mim.
— Refarei a proposta e enviarei a vocês ainda essa semana. Tudo
bem? – a senhora pergunta.
— Sim – respondo.
Acertamos os detalhes que seriam alterados no acordo e nos
despedimos. Manuela acompanha Soraia até a porta, despede-se e volta ao
seu lugar. Enquanto faço algumas anotações, falo:
— Você fez a minha alegria no momento em que falou com ela sem
permissão. Não sabe o quanto eu desejo castiga-la – deixo a caneta de lado
e viro-me para ela. — Gostei do seu raciocínio sobre as praças, mas não
quero ganhar dinheiro com isso.
Encaro-a e assisto Manuela mexer as mãos nervosamente querendo
falar, então lhe dou permissão.
— E não ganhará, só tirará menos do bolso. Assim que você fizer os
cálculos, perceberá isso.
Levanto-me, retiro o terno e dobro as mangas da minha camisa. O
olhar de desejo dela envaidece-me.
— Curve-se na mesa novamente – assim que ela faz, levanto a sua
saia e acaricio sua bunda perfeita. — Serão dez tapas e quero que conte em
alto e bom som.
Acaricio a sua boceta, estimulando-a. Manuela está ficando
sobrecarregada com o estímulo excessivo sem a compensação, o gozo. O
primeiro tapa...
— Um! Obrigada, mestre.
Outro.
— Dois. Obrigada, mestre.
Acaricio sua pele avermelhada para que a ardência se espalhe e
desfiro outro tapa. Ela geme. Outro tapa. E assim foi até o último, ela
agradeceu.
— O-obrigada-a... mestre...
Ajudo-a a levantar-se e a seguro até que ela se equilibre. Nesse
momento, o telefone sobre a mesa toca.
— Oi, Duda.
— Senhor Rodrigo, a senhorita Bárbara Becker está aqui e disse que
é importante.
Era só o que me faltava. Olho para Manuela e lamento a interrupção.
Mas se eu não falar com a Bárbara, ela não me deixará em paz. E nem a
minha mãe.
— Dê-me cinco minutos e mande-a entrar, Maria Eduarda.
— Sim, senhor.
Desligo o telefone e vou até a mulher que me olha com expectativa.
Abraço-a e inalo o seu cheiro, beijo o seu pescoço e beijo a sua boca até não
conseguirmos respirar.
— A Bárbara está aqui. Vá se refrescar e volte, logo ela entrará –
aviso.
Ela dá um passo, mas volta-se para mim.
— Não é melhor eu sair, mestre?
— Não. Apenas vá se refrescar e volte. Você tem quatro minutos.
Antes dela entrar no banheiro, aviso:
— Não tire nada, querida. Deixe tudo exatamente como está, a não
ser que queira mais um castigo, eu não me importaria de aplicar.
Enquanto Manuela ajeita-se, olho um importante contrato que devo
fazer anotações para alterar. Manuela sai do banheiro como se nada tivesse
acontecido.
— Abra a porta, receba Bárbara e volte para a sua posição – ordeno.
Ela assente e vai em direção à porta. O andar de Manuela denuncia o
seu desconforto. Não sei se é o plug ou o tecido roçando sobre a sua pele
sensibilizada, o que não é ruim, a mulher está pingando de excitação, e eu
louco para possui-la sobre essa mesa. Ela abre a porta.
— Boa tarde, Bárbara. O senhor Castro a receberá agora.
Bárbara entra com uma expressão nada satisfeita. Ela não esperava
ser recebida por Manuela e demonstrou isso. Ao sentar-se à minha frente,
ela fala com Manuela.
— Manuela, eu gostaria de falar com o Rodrigo em particular. Você
pode sair.
Manuela me olha à procura de permissão. Eu sei que ela gostaria de
ficar longe, mas quero-a aqui.
— Venha para a sua posição, Manuela – volto minha atenção a
mulher à minha frente. — A que devo a honra de sua visita, Bárbara?
— Ela ficará? Eu não a quero aqui, Rodrigo! – Bárbara fala mais alto
do que deveria.
— Ela ficará, querendo você ou não. Até porque quem decide
alguma coisa aqui sou eu. Vou tentar mais uma vez. A que devo a honra de
sua visita, Bárbara? – digo sem humor.
— Eu só queria saber como você está. Sua mãe falou que você irá ao
jantar na quinta-feira e disse-me para vir acertar os detalhes com você.
O que a minha mãe acha que está fazendo?
— Bem lembrado. Só um minuto – ligo para Duda. — Por acaso eu
tenho algum compromisso essa semana, Maria Eduarda? – enquanto ela
responde, coloco minha mão sob a saia de Manuela, já que Bárbara não
pode ver. Duda me informa que há um jantar na quinta-feira e outro no
sábado à noite, instruo a confirmar ambos. Desligo e viro-me para a
Manuela. — Não é que temos dois compromissos essa semana. Você está
livre quinta e sábado à noite, querida?
Bárbara levanta da cadeira com agilidade.
— O quê? O que eu te fiz? – ela olha-nos com raiva. — Por que quer
me humilhar?
Respiro fundo e ajeito-me na cadeira.
— Não estou humilhando ninguém, Bárbara. Baixe o tom de voz
para falar comigo, aqui não é sua casa. E jamais esqueça com quem está
falando.
Ela se cala e senta.
— Como você pode perceber, já tenho acompanhante. Outra coisa,
minha mãe não decide as coisas por mim. Então, não vá pela cabeça dela,
porque você se decepcionará. Como agora, por exemplo.
— Rodrigo, você insistirá nisso? Olhe para ela – Bárbara aponta para
Manuela, e eu a olho, me faz bem ter a mulher aqui. — Você sempre disse
que odeia mulheres de negócios, diz que são frias, ela não é diferente. Ela
não liga em ser sua acompanhante, só quer usá-lo para galgar degraus na
sociedade. Fará com você o que fez com aquele alemão.
Minha paciência está por um fio. Sem alterar a voz, a corto:
— Respeite Manuela e respeite a minha empresa. Foi para isso que
veio? Se você não tiver mais nada de útil para conversar, dê-me licença.
Estou muito ocupado.
— Ocupado fodendo essa vadia?
Agora ela passou de todos os limites. Levanto-me e a encaro de
cima.
— Peça desculpas, Bárbara.
— Nunca! – ela fala entredentes.
— Peça desculpas agora, caso não o faça, qualquer relação amigável
que temos acaba aqui e a proibirei de estar onde eu estiver – a repreendo.
Bárbara olha com ódio para Manuela, que abre o sorriso mais
debochado que já vi. Essa menina pode ser cruel quando quer e isso pode
virar uma bagunça. A contragosto, Bárbara se desculpa.
— Desculpe-me.
Manuela olha para mim esperando a permissão que concedo.
— Sem problemas, Roberta...
A outra mulher surta e levanta-se para ir em direção a Manuela.
Aproximo-me dela, e Bárbara para ao perceber o gesto de proteção. Então,
sua raiva piora.
— Bárbara, idiota! Ela me provoca, Rodrigo. Que ódio! – Bárbara
perde toda a compostura. — Vou embora porque cansei de ser humilhada
por você, Rodrigo. Para mim já chega, agora você acertará com a sua mãe.
A mulher sai batendo a porta sem nem ao menos nos dar a chance
de nos despedirmos. Eu não poderia me importar menos. Vou até a porta e
a tranco. Volto à minha mesa e sento-me, abro a calça e a minha dolorida
ereção salta para fora. Aceno para Manuela aproximar-se.
— Minha vez, menina – ela se ajoelha em frente a mim, fecha sua
mão em torno do meu membro e o lambe como um picolé. Respiro entre os
dentes controlando-me para não a jogar sobre a mesa e enterrar-me nela.
Para o meu desprazer, o telefone toca. Ah, inferno! — Continue, minha
pequena. Quero que você me foda com a sua boca – atendo o telefone e
Duda avisa que é a minha mãe. Isso é hora para ela ligar? — Pode passar...
Enquanto Manuela chupa-me, acaricio os seus cabelos. Perco-me em
sua boca que é o paraíso. E, por um descuido, acabo desligando o telefone.
— Isso, menina. Assim... leva-me mais fundo... aahh... isso.
Meu telefone volta a tocar e atendo, Duda passa a ligação da minha
mãe novamente.
— Oi, mãe – para me provocar, Manuela me suga com mais força.
Ah... merda... não consigo raciocinar.
— Rodrigo, como assim Bárbara não vai com você nos eventos?
Acha mesmo que aquela garota é melhor? – a minha vontade era de
responder: a senhora não faz ideia. Mas tento me concentrar na conversa.
— Você tem que honrar o seu compromisso com a Bárbara. E eu estou
mandando, você tem que me obedecer!
Minha mãe me irrita. Sem paciência para os seus devaneios loucos, a
corto:
— Mãe, meu único compromisso está aqui à minha frente – acaricio
o cabelo da minha menina. — Só mais uma coisa, a senhora perdeu o
direito de mandar em mim quando saí de casa há vinte anos. Tenha um
bom dia – encerro a ligação da minha mãe e instruo a minha assistente.
— Duda, não passe mais nenhuma ligação – antes que ela possa
responder, desligo.
Levanto Manuela, coloco-a sobre a mesa e a beijo com loucura. Essa
mulher desperta a fera lasciva que há em mim, assim como desperto a sua.
Tudo é carnal, cru e intenso, luxúria do tipo que não satisfaz nunca! Quanto
mais a tenho, mais a quero. Levo-a até a suíte anexada ao meu escritório e a
coloco no chão. Abro a sua camisa, baixo o seu sutiã e abocanho seus seios.
Levanto a sua saia e penetro dois dedos, masturbando-a.
Tiro a camisa e a jogo de lado. Deito Manuela na cama, abro as suas
pernas e a saboreio. Ela se contorce e geme clamando por mim. A essa
altura, pouco me importo com o jogo, possuir Manuela é necessidade.
Penetro-a com a minha língua e beijo os seus lábios íntimos assim como
faço com a sua boca. Afasto-me o suficiente para baixar a minha calça e
colocar o preservativo. Deito sobre Manuela e a penetro, beijando-a e
bebendo de seus gemidos.
— Você. É. Minha! – declaro firmemente.
— S-sua...
Percorro o seu corpo com a boca, experimentando cada pedaço seu.
Volto à sua boca e sinto ela contrair sua boceta em torno do meu pau,
torturando-me.
— Olhe para mim, Manuela! – ordeno.
Nada me preparou para aquilo. Quando Manuela abre os olhos,
perco-me no desfile de sentimentos profundos que tanto repeli neles. Não
tenho dúvidas que são o reflexo dos meus. Beijo-a, belisco, chupo, mordo,
puxo e, ainda assim, nada é suficiente. Estou perto de gozar e a trago
comigo.
— Goze para mim, menina – viro-a de quatro e, duas estocadas
depois, retiro seu plug anal e ela grita meu nome, o que me leva ao pico.
Tiro meu pau da sua boceta e penetro em sua bunda apertada e gostosa.
Pressiono o seu clitóris que já está bem sensível e logo ela chega a mais um
orgasmo, levando-me junto com ela, recitando o seu nome como um
mantra.
Quando Manuela está envolvida, o sentimento de posse e proteção
são tão fortes que chegam a ser palpáveis. E isso tem me incomodado,
ainda assim, não consigo me distanciar dela. Sempre a quero! Esse
desespero por outra pessoa, assusta-me. Olho-a deitada e ofegante, dou-me
conta de onde isso está indo e começo a me fechar. Eu não quero um
relacionamento, não quero amor. Fico tenso e preparo-me para me
distanciar. Manuela lê os meus pensamentos e, em silêncio, se tranca no
banheiro.
Levanto e retiro o preservativo, descartando-o em seguida. Ajeito a
minha calça, alcanço a camisa. Atordoado com o rumo dos meus
pensamentos, vou ao frigobar pegar água e ouço meu celular tocar. Vou à
minha sala e alcanço o celular, é Arthur.
— Fala.
— Pelo jeito, atrapalhei sua tarde. Duda me avisou que você estava
instruindo a sua nova assistente, mas precisamos resolver algo urgente.
— O que é? – essa é minha vida. Trabalho, trabalho, sexo, trabalho.
— Não por telefone, animal. Te dou dez minutos para colocar roupa
e estou indo aí.
Manuela sai do banheiro como se nada tivesse acontecido. Como se
não tivesse me servido a tarde toda, ou como se não tivéssemos fodido
como animais, ou ainda como se não a tivesse marcado. O que outras
mulheres achariam uma declaração de amor para ela é nada. Isso me
incomoda muito, eu deveria significar algo para ela. Tudo bem que nenhum
dos dois quer mais que D/s, está no acordo. Mas é meio ofensivo para o
meu orgulho saber que há alguém no mundo que não afeto o suficiente
para marcar a vida de alguma maneira. Ser apenas mais um é chato.
Vou ao banheiro e tento colocar minha cabeça no lugar. Saio e ela
está sentada no sofá conversando com Arthur como se nada tivesse
acontecido. Sim, isso está me irritando! Sento-me na poltrona em frente aos
dois.
— O que houve, Arthur? – pergunto sem humor algum.
— Lembra daquele projeto da reforma de um hotel em Miami? –
assinto. — Então, eles ligaram e seu projeto foi escolhido.
Minha ficha demora alguns segundos para cair. Essa é uma
conquista importante na minha vida profissional. Durante o último ano,
trabalhei em projetos internacionais para conseguir atingir um segmento
que carece de engenheiro projetista. E ter meus projetos fora do país é a
melhor coisa que poderia me acontecer nesse momento.
Sem conseguir me conter, levanto e ando pela sala assimilando a
notícia.
— Você tem que estar lá na terça-feira para uma reunião às nove da
manhã – Arthur volta a falar.
— Miami? – pergunto ainda atordoado com a notícia.
— Não, na Índia! – e então o deslumbramento passa com essa
sutileza.
— Idiota. Claro que estarei, só preciso me organizar.
— Mais uma coisa. Embarcarei para Natal no domingo à noite.
Tenho que passar por todos os consórcios que participamos para rever os
contratos. Não estarei de volta em menos de quinze dias e não podemos
adiar. Na sexta-feira, tenho uma reunião em Brasília.
Agora complicou tudo. Apesar de a empresa funcionar sozinha, não
gostamos de sair ao mesmo tempo. Eu viajo muito mais que Arthur, ele
sempre fica tomando conta de tudo. Acreditamos na ideia de que devemos
manter o controle em nossas mãos para não termos surpresas. Manuela
nos assiste em silêncio e eis que surge a resposta para o nosso
questionamento.
— Manuela, você tem compromisso nos próximos quinze dias? –
pergunto.
— Não? – ela nos olha apreensiva.
— Não há melhor pessoa para nos ajudar, você conhece a empresa e
todos a conhecem. É só tomar algumas decisões e resolver algum problema
que porventura venha a acontecer – Arthur explica.
— E prometo recompensá-la muito bem – concluo.
Manuela ri.
— Aí as coisas mudam de figura. Podemos negociar, realeza.
Mesmo com a existência de um elefante branco depois da transa, ela
responde muito bem a mim. Isso significa confiança, o que me honra muito.
Acaricio o seu braço e beijo a sua mão.
— Gosto de ver como vocês fazem bem um ao outro. Separados são
filhos da puta, mas juntos fazem uma boa parceria – Arthur fala com
evidente agrado.
— Manuela, você assumirá a cadeira a partir de amanhã. Tenho que
repassar todo o projeto, refazer alguns cálculos e terei que correr contra o
tempo para deixar tudo certo até domingo.
Enquanto Arthur e eu falamos sobre o projeto de Miami, Manuela
surpreende-me ao falar com a Duda, organizando a minha viagem. Olho-a
de longe e sinto por não a levar comigo, sinto por ficar dias afastado dela.
* * *
Desde que soube que meu projeto fora escolhido, tenho trabalhado
dia e noite para que tudo esteja, no mínimo, perfeito. Arthur também está
preparando sua partida e nos próximos dias ele estará ocupado com os
contratos dos consórcios que participamos. São coisas que requerem
atenção e um acompanhamento bem de perto. Não queremos ser a próxima
empresa citada em alguma operação da Polícia Federal.
Arrumo-me com esmero para mais um evento social. Não costumo
participar sempre, mas, com o início da vida política do meu pai, isso
tornou-se uma exigência. A minha acompanhante está deslumbrante com
um vestido preto de renda sem mangas acima do joelho, é muito
comportado. Até ela virar e... Ah, inferno! O vestido é praticamente todo
aberto nas costas. Quem diabos desenhou isso e chamou de roupa? Faltou
tecido?
Desde o momento que chegamos, fomos abordados pela imprensa
com especulações sobre o projeto de Miami. Cumprimentamos as pessoas e
tiramos fotos, muitas fotos mesmo. Não sou muito de sorrir, mas até
mostrei os dentes dessa vez. Manuela estava impecável e merecia um
acompanhante à altura.
— Boa noite, Rodrigo – viro-me na direção da voz.
— Boa noite, pai. Como vão as coisas? – estendo a mão, e ele
retribui.
— Está tudo indo bem. Consegui apoio de pessoas importantes para
a minha campanha – ele volta-se para Manuela e a cumprimenta. — Boa
noite, Manuela.
— Boa noite, seu Eduardo – ela retribui com elegância.
— Rodrigo, meu filho, achei que não cumprimentaria a sua mãe –
essa mulher poderia ser atriz.
— Oi, mãe – dou um beijo em seu rosto. — Como a senhora está?
— Bem, mas poderia estar melhor. Se você me obedecesse, eu
estaria reluzente. Onde já se viu não trazer Bárbara a esse evento.
Poderíamos ter tirado um lindo retrato de família.
— Chega, mãe. Esse assunto acaba aqui. Cumprimente a Manuela –
corto-a.
— Oh, Manuela, não tinha lhe visto. Boa noite.
Manuela sorri condescendente, até parece estar se divertindo.
— Boa noite, senhora Castro.
— Até mais tarde, pai. Com licença, mãe. Vamos, Manuela – sem
assunto, coloco a mão nas costas nuas de Manuela e a conduzo para a pista
de dança. — Desculpe pela minha mãe, ela não filtra o que fala.
— Ela só quer o seu bem. Os pais fazem isso, podem até errar, mas é
sempre com boa intenção – ela fala com sinceridade.
Respiro exasperado.
— Essa história já está me cansando – sorrio para a mulher em
meus braços. — Ficaremos até servirem o jantar e depois partiremos. Ou
podemos sair agora e passar naquela lanchonete que você gosta para
comprar lanches. O que acha?
— Proposta tentadora, senhor Castro Filho – ela fala, rindo.
— Então, vamos.
Saímos do evento e, no caminho para o meu apartamento, paramos
na lanchonete que serve fast food que Manuela tanto gosta. Quando
chegamos em casa, comemos os nossos lanches enquanto conversamos. O
final da nossa noite de quinta-feira foi assim, caseiro e sossegado. Manuela
e seu computador foram para o quarto enquanto fiquei no escritório
trabalhando. Tarde da noite fui para cama e Manuela já estava dormindo.
Observo-a dormindo em paz e beijo seu delicado rosto. Deito e puxo seu
corpo para encaixar no meu, pego no sono em poucos minutos.
— Rodrigo, acorda. Estamos atrasados! – impossível, acabei de
dormir. — Rodrigo, acorda! – sinto me balançarem. — Rodrigo!
— Ah, mulher.... – viro-me para o outro lado.
— RODRIGO, ACORDA!
Sento atordoado e com as mãos nos ouvidos.
— Acordado. Só pare de gritar, por favor.
Ela sorri e sai saltitando como uma menina. Deus me ajude com essa
mulher! Reúno as minhas forças e levanto, vou para o banheiro tomar
banho. Assim que saio, Manuela está de costas fechando o zíper do seu
vestido. Abraço-a por trás e coloco as mãos sob o vestido da noite anterior
e aperto os seus seios, ela geme e meu pau endurece.
— Rodrigo, não começa – ela desvencilha-se de mim. — Assim eu
me derreto e ninguém vai trabalhar. Já não basta o fiasco de ir para a
construtora com esse vestido.
— Você está linda – vou ao closet vestir-me. Ao sair, levo-a comigo
pela mão. — Vamos tomar café – fomos para a sala e encontramos Joana,
minha empregada há anos. — Bom dia, Joana.
— Bom dia, seu Rodrigo. Bom dia, Manuela – minha assistente do lar
cumprimenta.
Manuela a abraça, foi um caso de identificação instantânea.
— Bom dia, Jo. Perdemos a hora e não poderei trocar a roupa do
jantar. – enquanto tomamos café, tento ler o jornal, mas Manuela tem
outros planos. — Rodrigo, hoje vou mais cedo para casa. Sei que temos um
coquetel amanhã e tenho que me preparar psicologicamente para isso.
Sobre sua viagem, está tudo confirmado.
— Certo – digo, tentando me concentrar no jornal... ainda.
— Preciso que tire um tempo para vermos aquela papelada que
precisa ser assinada antes de sua viagem. Também tem que apontar as
mudanças que devo fazer naquele contrato de prestação de serviço da
terceirizada do gesso. E o...
— Você é assim o dia inteiro, Manuela? Uma coisa após a outra sem
dar chance de alguém respirar? – a questiono.
— Sou. Conforme-se!
Passamos o dia trabalhando intensamente, somos uma boa equipe.
Enquanto eu terminava o levantamento do projeto e Arthur organizava sua
papelada, Manuela cuidava de toda empresa. No meio da tarde, ela foi para
casa e, ao final do expediente, Arthur e eu saímos da empresa direto para
casa dos nossos pais.
No momento em que chegamos à casa dos meus pais, o sol já tinha
se posto, meu pai nos contou como está indo a sua vida política e o que
espera dali para frente. Quando sentamos para jantar, não tinha assunto
para conversar, já que a minha mãe insiste em um único tópico, o qual
Arthur e eu nos negamos a discutir. Concentro-me em minha lista de
afazeres e mantenho-me em silêncio.
— É complicado os dois viajarem ao mesmo tempo, não é? – meu pai
fala, trazendo-me a realidade.
— Não – Arthur responde, mas ele está mais calado que eu.
— Quem ficará à frente? – pai insiste.
— Sim – minha vez de responder.
— É complicado conversar quando a outra parte não está
interessada. O que está acontecendo com vocês? – minha mãe sempre
dramatizando.
— Mãe, temos muita coisa para organizar. Estamos concentrados na
viagem importante que faremos. – olho para o meu pai que provavelmente
está com aquela cara porque não respondi sua pergunta. — Manuela ficará
à frente da empresa.
Mamãe dá um de seus chiliques. Senhor Deus.
— Não acredito! Tudo é Manuela, Manuela, Manuela. O que essa
garota fez para hipnotizar vocês dois?
— Manuela é muito competente e, graças a Deus, aceitou nos ajudar
– Arthur responde.
Meu pai continua o ataque da minha mãe:
— Ela nem é nada nossa, não tem nenhuma ligação conosco.
Também não entendo porque deixá-la à frente. O seu primo é bem
competente também...
— E também tem a Bárbara – minha mãe complementa.
Toda minha paciência evapora. Levanto para sair, mas não antes de
fazer meu discurso.
— Chega de falar em Bárbara, ela não faz ideia de como é gerenciar
alguma coisa – encaro os meus pais. — A empresa é do Arthur e minha. Se
nós decidimos que Manuela fica, ela ficará e pronto – ando em direção à
porta. — Eu já estou indo, até a volta.
— Estou indo com você – Arthur me acompanha sem se dar ao
trabalho de virar para o casal. — É por isso que evitamos vir aqui. Boa
noite.
Minha mãe vem atrás de nós.
— Esperem, só falamos essas coisas porque queremos o bem de
vocês. O dia que forem pais, saberão como é ter filhos ingratos.
Capítulo 20 – Manuela
Amo o frio, mas isso aqui é demais. Brasileiro não nasceu para viver
na neve, minha gente! Estou curtindo Nova York há mais de trinta dias.
Aqui é o lugar onde tudo acontece, o sonho de todo executivo. Vim a convite
de uma empresa parceira da Ideals para reorganizar a companhia que caiu
no colo dos filhos logo que o pai morreu. O presidente da Ideals, Richard
Stevenson White, é americano, pelo nome vocês não adivinhariam nunca,
falem a verdade.
Estive por aqui algumas vezes, mas a negócios, em breves visitas.
Agora, morar aqui é um luxo. A empresa se encarregou de tudo para a
minha chegada. Estou hospedada em um apartamento do Richard que fica
na Quinta Avenida, de frente para o Central Park. Já conheci pessoas e sai
algumas vezes, tenho aproveitado meus momentos de folga para passear.
Antes que me perguntem se vou correr no Central Park, esqueçam!
Só vou ao famoso parque caminhar, se preciso tomar decisões importantes
ou apenas esfriar a cabeça. Mas, nos últimos dias, tenho me sentido muito
mal, devo ter comido alguma coisa que não caiu bem. Tenho vomitado
constantemente, um mal-estar interminável, a fraqueza é tanta que quase
desmaiei no escritório ontem. É por isso que estou aqui nesse consultório
hoje. Vim para que o médico me desse um remédio, estou há dias sem me
alimentar e coloco para fora o pouco que como.
— Senhorita Vasconcelos, seus exames ficaram prontos.
— Pode falar, doutor, só não faça rodeios. Deve ser só uma virose ou
qualquer coisa desse tipo, não é? – tem que ser.
— Você mora sozinha aqui em Nova York? – os médicos e seus
rodeios.
— Sim. Vamos, doutor, desenrole.
— Você está grávida, Manuela. Está de mais ou menos sete semanas.
— Estou o quê? – aponto para o meu ouvido. — Acho que fiquei
surda.
O médico sorri.
— Você terá um bebê.
Abro a boca para falar, mas nada sai. A enfermeira entra e entrega-
me um copo com água enquanto o afere minha pressão. Quando volto a ser
uma pessoa normal, faço outro papel de ridícula.
— Existe alguma possibilidade desse exame estar errado?
Ele me olha com humor.
— Existe alguma possibilidade de há sete semanas você não ter feito
sexo sem preservativo?
— Fodeu! – enterro o rosto entre as minhas mãos.
— Literalmente! É assim que os bebês são feitos – o médico emenda.
— O senhor está vendo alguém rir aqui, doutor? Eu não – falo
irritada.
— Desculpe, senhorita. Vi que foi um choque para você.
Saio do consultório antes que eu mate aquele infeliz. Durante o
caminho para onde estou hospedada, tento digerir a notícia de que estou
grávida. E agora? Nunca pensei em casar ou engravidar. Pior do que estar
grávida, é estar grávida do Rodrigo. Assim que chego em casa, deito no sofá
e apago.
Acordo com um daqueles enjoos horríveis, olho-me no espelho e me
assusto com o que vejo. Pois é, meu bebê, se você ver a cara da sua mãe
nesse momento, não vai querer sair daí nunca. Por isso a sensibilidade nos
mamilos, meus seios andam um pouco doloridos e sinto-me inchada.
Gravidez não é o que eu queria no momento, não fazia parte dos
meus planos, mas aconteceu, agora há alguém dentro de mim. Passo a mão
pela minha barriga. Estou feliz, não há questionamentos do tipo: por quê,
meu Deus?, O que farei?. Sou adulta e minha vida é bem resolvida. Minha
única preocupação é se serei uma boa mãe.
Bia e Duda vêm em minha cabeça, elas vão mimar essa criança como
se fosse delas. Bia vai ensinar todo tipo de palavrão e modos de responder
alguém à altura. Duda vai enfeitar como uma boneca. Arthur será um tio
babão, Steban será um homem perdido, mas não duvido que vá amá-la
como sobrinha. E o seu pai... Nesse instante, toda a história dele com
Débora cai em mim como um soco no estômago. Meu enjoo piora e coloco
para fora até aquilo que nunca coloquei para dentro.
Tenho que decidir o que fazer para tomar as providências
necessárias. Posso continuar a morar aqui sem que ninguém saiba de nada
ou posso voltar e ter essa criança perto de pessoas que a amarão
incondicionalmente. Não há dúvidas quanto a isso, agora não é apenas EU,
agora somos NÓS! Ligo para Richard e Marilyn, sua esposa, e explico tudo.
Eles recebem a notícia tão bem como se fossem parte disso.
Posteriormente, ligo para os meus pais para prepararem o meu
quarto. Não há nada melhor que um papo de mãe para filha quando a filha
será mãe. Em seguida, ligo para as meninas, avisando que estou voltando
para o Brasil, mas ficarei um tempo com os meus pais. Não ligarei para o
pai desse bebê. Ainda não! Em algum momento, contarei a ele, mas não
agora.
Começo a providenciar a minha volta para casa. Indo à cozinha para
comer, sorrio ao pensar na criança dentro de mim e paro abruptamente.
Jesus Cristo! Eu serei mãe! Saio correndo para o banheiro para vomitar...
novamente.
* * *
Demorei três dias para organizar tudo no escritório e mais três para
arrumar minhas coisas e despachar. Meu coração pesa por deixar meu
sonho, mas estou feliz porque tenho um novo projeto, ser mãe. Só de
lembrar que tem um bebê aqui abro um sorriso. Sinto-me mais bonita e,
tirando o mal-estar, tudo está mais agradável. Admito que não tinha
vontade de ser mãe até a consulta, mas, depois que soube, acho que nunca
quis tanto uma coisa em minha vida.
De volta ao Brasil, desembarco em Porto Alegre e toda a minha
família me espera no aeroporto. Muito choro da parte da minha mãe,
muitos abraços por parte das cunhadas e muitos beijos por partes dos
sobrinhos. Será que eles sentem que há algo diferente?
Depois de tomar um bom banho e descansar, chega a hora de
conversar com os meus pais. Encontro-os na mesa tomando café da manhã.
Café da manhã? Quantas horas eu dormi? Isso já não é sono, é desmaio.
— Sente aqui, Manu, você precisa se alimentar direito. Fiquei
espantada quando a vi abatida dessa maneira – minha mãe fala com aquele
olhar estranho.
— Oi, pai – beijo-o no rosto.
— Oi, minha filha. Descansou?
Minha mãe coloca um prato de bolo à minha frente.
— Descansei, sim. Não dá para comer, mãe. Eu não ando passando
bem.
— Eu sei – novamente aquele olhar.
— É melhor abrir o jogo de uma vez – falo. — Estou grávida!
— Eu sei – meu pai e eu a olhamos enquanto a senhorinha continua
a tomar o seu café tranquilamente.
Essa coisa de mãe pressentir as coisas é verdade. A minha mãe
sempre teve pressentimento quando se trata dos filhos. Quando ela chega
com um papinho de “sonhei com você, o que anda acontecendo?” Ela sabe o
que está acontecendo, só quer que a gente confirme. Ela volta a falar:
— Minha filha, nada tiraria você daquele lugar se não fosse tão sério.
Cada vez que você ligava dizendo que seu estômago não estava bem, minha
certeza só aumentava – ela se levantou e veio até mim de braços abertos. —
Parabéns, meu bebê. Nada é tão especial como ser mãe e nada é tão
precioso quanto um filho.
Sinto-me tão protegida e então, choro. Esses hormônios acabam com
a gente.
— Obrigada, mãe. Eu tento ser forte para que o meu bebê saiba que
a mãe dele fará qualquer coisa para protegê-lo. Mas, às vezes, a insegurança
e o medo são mais fortes que eu.
— Isso é ser mãe, querida – ela beija-me no rosto. — Você será uma
ótima mãe.
Meu pai me abraça forte.
— Nenhuma criança será tão esperada quanto essa, minha
Nequinha.
— O que eu faria sem vocês? – deito a cabeça em seu ombro e
recebo conforto. — Estou tão perdida, não sei o que fazer.
Minha mãe é sempre muito direta.
— Já contou ao pai?
— Não – respondo insegura.
— Então conte o mais rápido possível. Todo homem tem o direito de
saber que é pai. Você vai nos contar quem é? – eu aceno afirmativamente
com a cabeça. — É o tal que saiu nas notícias com você?
Encaro-a de boca aberta.
— Como a senhora sabe?
— Pelos olhares apaixonados dos dois – Quê? De onde ela tirou isso?
— Não estamos apaixonados.
Minha mãe ri juntamente com o meu pai.
— Jovens!
— Aff! – reviro os olhos.
— Nada de aff para sua mãe, mocinha! E nem sobrancelha
levantada.
Pais!
— Ele vai se casar – falo baixinho.
Minha mãe segura a minha mão.
— Tudo acontece por um motivo. Se o caminho de vocês foi
separado pelo destino ou pela teimosia, agora não importa. Vocês terão um
filho e isso é mais importante que tudo.
Volto para o meu quarto para pensar. Tenho que criar coragem para
contar ao Rodrigo, mas e se ele pensar que é um golpe? A louca da mãe dele
é capaz de colocar isso nos jornais para que eu seja apedrejada em praça
pública. Não vou permitir que ela ou qualquer um faça mal ao meu bebê.
Ao completar oito dias no Sul com a família pensando no que fazer e
como fazer, decido voltar ao Rio. Minha vida se resumiu a comer, vomitar,
dormir, vomitar, vomitar, comer e assim por diante. Quero muito rever os
meus amigos, sinto muitas saudades, acho que já chegou minha hora de ir.
Reservo minha passagem para daqui a dois dias, ligo para a Célia limpar o
apartamento para mim e telefono para as minhas lindas para me pegarem
no aeroporto. Tudo pronto, tudo certo, agora é só criar coragem para
contar ao Rodrigo. Corro para o banheiro...
* * *
— Ai que saudades de casa! Saudades de vocês! – olho para os meus
amigos que tanto amo. Bia, Duda, Steban e Arthur.
— Você vai nos contar o que a trouxe de volta ao Brasil? – Steban
com aquele olhar investigativo questiona-me.
Suspiro e sento-me na poltrona da minha sala .
— Estou grávida.
Primeiro ato: bocas abertas e perplexidade. Segundo ato: palmas,
risos, parabéns e abraços. Terceiro ato: meu choro compulsivo. Arthur vem
embalar-me em seus braços e, quando paro de chorar, ele pergunta:
—Vou ser tio? – mais lágrimas caem enquanto eu afirmo com um
aceno. — Quanto tempo?
— Nove semanas. Essa semana terei que marcar uma consulta
médica e fazer minha primeira ultrassonografia...
Bia interrompe-me.
— E contar para o pai.
— Pois é – falo sem convicção.
As conversas giram em torno dos planos para essa criança. Eu não
tinha dúvidas quanto a voltar para cá, meu bebê estará perto de quem o
amará e o apoiará. Ri muito e não comi quase nada, apesar da comida que a
Duda fez estar deliciosa. Recebi muito carinho, atenção e lágrimas caíram
novamente. Estou desidratando.
Bia abaixa-se à minha frente.
— O que foi, querida? Não chore – ela seca as benditas lágrimas.
— Desde que eu descobri que serei mãe, eu não paro de chorar.
Conformem-se – falo entre riso e choro.
Todos riem e Duda fala:
— Temos que começar a nos revezar aqui, Bia.
Oi? Começaram a fazer planejamentos sem nem ao menos me
perguntar o que acho. Paro a conversa das comadres.
— Ei. Nada de revezamentos. Estou muito bem, voltarei a trabalhar
na segunda-feira...
Um “não” em coro se forma e volta toda aquela confusão. Todo
mundo falando ao mesmo tempo, deixando-me tonta. Senhor, como falam!
Steban cala todo mundo.
— Acha mesmo que é uma boa ideia voltar a trabalhar, Manu?
— Sim, é. Gravidez não é doença e minha vida vai continuar normal
até quando for possível. Só peço que mantenham segredo – falo esperando
compreensão.
— Podemos conviver com isso, Manu. Mas viremos mais vezes aqui,
querendo você ou não. Quando estiver conosco, a mimaremos. Conforme-se
também! – diz Bia.
— Combinado! Agora vão me contar como estão? Estou vendo
quatro carinhas felizes. Pelo jeito, tudo certo no paraíso.
Duda me interrompe.
— Manu, tem preferência por obstetra? Tenho a lista desses que são
altamente recomendados.
Olho a lista e reconheço um nome, doutor Jorge, é o obstetra da
Elisa, ouvi muitos elogios sobre ele. Aponto o nome para Duda e, em poucos
minutos, tenho uma consulta marcada para segunda-feira à tarde. Pessoa
eficiente é outra coisa. Observo Arthur, que só tem olhos para a doce Duda.
Isso vai dar em casamento e a Maria I, a louca, terá um infarto. Duda me dá
um copo com água e senta da mesma maneira que Bia, aos pés de seu
dominador.
Para nós, sentar aos pés do dono é um símbolo de devoção. Existe
toda uma simbologia em torno dos gestos, sentar aos pés não demonstra
rebaixamento, e sim que ele é seu apoio a todo tempo. Se você virar, vai
escorar as costas em suas pernas, se for levantar, usará suas pernas como
apoio. O dono gosta de tocar sua posse em todos os momentos, um carinho,
uma carícia. Então, quando ver uma mulher sentada aos pés de um homem
e perceber que é uma submissa, não faça pouco-caso dela. Porque, diante
de você, está a relação mais íntima a que os seres humanos podem alçar.
Arthur acaricia os cabelos de Duda e responde:
— Nós estamos muito bem – só aquelas carinhas já respondem tudo.
— Vocês não sabem como fico feliz em vê-los bem.
Bia e Duda pulam sobre mim e gritam:
— Estamos mais felizes ainda por sermos tias!
Eram mais de nove horas da noite quando eles resolveram ir para
casa. Minha noite foi bem tranquila, acredito que o medicamento que o
médico americano receitou está ajudando. Logo que levanto da cama, vou
para a varanda com um copo de Soda Limonada, que, segundo os médicos,
ajuda muito a manter alguma coisa no estômago. Minha campainha toca.
Será que essas meninas caíram da cama? Elas terão que aprender a se
controlar.
De camisola e um roupão de malha, cabelos desarrumados e cara
amassada, atendo a porta.
— Bom dia, Manuela – Rodrigo está com uma cara de poucos
amigos, mas está mais lindo do que nunca. Veste uma calça jeans e uma
camiseta da cor dos seus olhos. Eu devo estar muito estranha, porque ele
entrou e fechou a porta, pegou-me pelo braço e fomos para o sofá. — Você
está bem? – fico encarando-o. O homem é lindo demais, e ele tem essa coisa
de macho alfa que... — Por favor, fale comigo.
Balanço a cabeça para voltar à realidade.
— Desculpe-me. É que eu não estava esperando ninguém e estou
com essas roupas – as benditas lágrimas aparecem do nada. — Toda
despenteada e amassada. Estou muito feia...
Ele senta ao meu lado e passa os braços pelos meus ombros.
— Calma, pequena. Você é bonita de qualquer maneira.
Choro ainda mais.
— Não me chame assim – fungo como uma criança. — Vou me
ajeitar, depois farei um café para a gente.
Ele abre aquele sorriso lindo, e eu me derreto. Viro-me e vou para o
quarto para ele não ver como sou patética. Percebo que não está com
aliança, mas usa o anel que lhe dei. Não estar de aliança não quer dizer
nada... ou quer? Logo que cheguei ao Brasil, corri para internet para ver os
babados da high society carioca, Rodrigo apareceu pouco, mas, sempre que
o fazia, Bárbara estava a tiracolo. E todos escreveram a mesma coisa: A
futura senhora Rodrigo Alcântara e Castro.
Depois de colocar um vestido decente, arrumar os cabelos e escovar
os dentes, volto para a sala.
— Desculpe pelo drama. Eu ando muito sensível ultimamente.
Ele segura a minha mão e uma onda de calor invade o meu corpo.
Estou... excitada?
— Eu acho bonito vê-la chorar, nos lembra que você tem
sentimentos – ele ri, ficando ainda mais sexy. — Sensibilidade combina com
você. Deveria usar mais vezes.
— Bobo – viro as costas e vou para cozinha. Alguém pode me dizer
como uma mulher grávida que só vomita pode se excitar dessa maneira?
Agora lascou tudo!
Faço café, pego alguns biscoitos e levo a bandeja até a mesa de
centro na sala. Quando vou servi-lo, o cheiro do café me golpeia e corro
para o banheiro. Depois de colocar minha alma para fora, — só para que
vocês saibam, nossa alma é verde — lavo o rosto e, quando me olho no
espelho, assusto-me com Rodrigo atrás de mim. Pois é, senhorita Manuela,
agora você não tem para onde correr. Terá que contar ao Senhor Fodão que
ele será papai! Escovo os dentes rapidamente e saio.
Encontro-o na sala sentado na poltrona de frente para o sofá, onde
me sinto melhor em sentar. Ele olha-me sério, o infeliz está me analisando.
Do nada, ele aperta meu mamilo e eu grito.
— Isso dói! Por que fez isso? – cruzo os braços para proteger-me.
— Tem alguma coisa para me contar, Manuela? – sua expressão é
assustadora.
— E-eu estou grávida.
Ele empalidece e faz uma careta. Isso não é bom... não é.
— Você está grávida? Foi por isso que voltou ao Brasil? – ele se
levanta e fala mais alto do que eu esperava. — E veio até o Rio para jogar na
minha cara?
— Rodrigo, por favor...
Ele ignora-me.
— Desejo toda felicidade do mundo a você, a essa criança e ao pai
dela. Adeus, Manuela.
Minhas lágrimas voltam a cair e as minhas forças me abandonam.
Sentada, acaricio a minha barriga.
— Pois é, meu bebê, seremos você e eu contra o mundo!
Capítulo 25 – Rodrigo
Quanto mais o tempo passa, mais pesada e cansada fico. São cinco
meses e parece que estou de oito. Deito na rede que Rodrigo colocou para
mim na varanda, é deliciosa. Começo a pensar na minha vida maravilhosa
que tive nesses últimos meses. Estou quase pegando no sono quando a
campainha toca. Tento levantar, mas sem ajuda está ficando quase
impossível. Parece que tem uma ninhada, e não um bebê. Joana vem ao meu
encontro com cara de poucos amigos.
— Quem é, Joana?
Ela faz uma careta.
— A mãe do seu Rodrigo.
Suspiro e vou em direção à sala, esse encontro já estava demorando.
Eu a aguardava desde o dia em que Bárbara saiu daqui bufando.
— Boa tarde, dona Rosita. Como está?
Ela olha-me de cima a baixo com cara de desgosto. Realmente não
esperava outra coisa.
— Poderia estar melhor, Manuela. E, pelo que vejo, você está muito
bem instalada aqui.
Essa conversa será difícil.
— Joana, nos traga um café, por favor – sento-me na poltrona e
aponto o sofá para ela. — Sente-se, por favor.
— Quantos meses?
— Cinco.
— Manuela, vou direto ao assunto. Quanto você quer para deixar
meu filho em paz?
Fico olhando para ela, decidindo se dou risada ou solto os cachorros.
A mulher é avó do meu bebê, consideração é o mínimo.
— Dona Rosita – falo pausadamente, escolhendo minhas palavras.
— Eu não quero e não preciso de dinheiro. Quanto a deixar o seu filho, o dia
que ele me disser que não me quer mais, eu irei embora.
— Todo mundo tem um preço, quanto é o seu? Um apartamento,
uma viagem pelo mundo, roupas caras, status?
Não me contive e ri.
— Eu não preciso disso. Tenho meu dinheiro, sou muito bem de
vida. Tenho imóveis, carro, uma coleção de estilistas famosos que saio do
Brasil para comprar e tudo isso com o meu dinheiro. Se a senhora acha que
é um golpe, engana-se. Se eu não quisesse seu filho, poderia dar o mundo a
essa criança. E, com isso, meu filho não precisaria carregar o fardo que é o
sobrenome do pai.
Joana serve o café e deixa a sala.
— Eu não acredito que essa criança seja dele – a senhora tenta me
ofender.
— Nisso, senhora, infelizmente não posso ajudá-la.
— A mulher perfeita para ele é Bárbara! Se você o ama, vai deixá-lo
ir, porque é assim que o amor é. Eu dou o que você quiser para deixá-lo.
Quando essa criança nascer, eles terão prazer em criá-lo.
Me engasguei com o café. Essa mulher é louca!
— Então, eu não sou boa para o seu filho? Por que, dona Rosita? Por
que sou negra, não venho de uma família tradicional ou por que não sou
fútil?
— Larga de besteira, menina, não me importo com cor. Para mim,
você e Bárbara são iguais, a diferença é que ela tem berço e você não.
— Graças a Deus, somos muito diferentes. Orgulho-me de onde vim
e de quem sou.
Ela se levanta.
— Quero deixar uma coisa bem clara, Manuela. Eu não faço gosto
disso, nós não reconheceremos nem a você e nem ao seu filho como
Alcântara e Castro.
— Faça-me esse favor, dona Rosita – a desafio. Levanto e vou até a
porta. — Se a senhor me der licença, tenho mais a fazer do que ser
insultada.
A senhora sai sem nem ao menos se despedir. Fecho a porta e a
fraqueza repentina tira-me o equilíbrio e escoro-me na parede. Essa
mulher trouxe uma péssima energia para a minha casa. Credo!, Joana vem
em meu socorro.
— Me ajude a chegar no quarto, por favor – ela ajuda-me a deitar. —
Joana, não conte nada ao Rodrigo. A última coisa que ele precisa saber é
que a mãe dele é uma vaca do mal.
— Fique tranquila, Manu. Quer que eu traga algo para comer ou
beber? Você está pálida. Quer que chame um médico?
— Não, minha flor. Só me deixe dormir.
— Tudo bem. Qualquer coisa, aperte o botão. Virei correndo.
— Obrigada.
Rodrigo instalou um sistema que, segundo ele e Arthur, chama-se
“socorro da Manu”. Em todos os cômodos, há um botão que, quando
acionado, faz barulho na cozinha e, como o escritório fica perto, também
ouve-se lá. Resumindo: é um botão para deixar todo mundo em pânico.
Meus pensamentos voltam para a mãe de Rodrigo. Como pode uma
mãe não se importar em conhecer o próprio neto? Por um momento, pensei
que ia me pedir para tirar o bebê. É tudo tão diferente da minha realidade.
Me sinto em uma novela mexicana.
No final de semana em que estivemos na casa da minha família no
Sul, fomos tão bem acolhidos. Somos pessoas de classe média, meu pai
batalhou muito para que todos nós tivéssemos profissão e dignidade.
Minha família adorou o Rodrigo e jamais faria o que a mãe dele fez. Meu pai
o pegou e disse:
— Eu não me importo com quem você é, não me importo se é rico
ou pobre, o que importa é se você a ama e fará o meu bebê feliz. Ela está
esperando o seu bebê, mas ainda é minha caçula, meu bebê. Se você a fizer
feliz, você ganhará uma família que o acolherá de todo coração. Se você a
magoar, vai encontrar Jesus Cristo mais cedo – os olhos de Rodrigo
brilharam com admiração. Meus irmãos saíram com ele dizendo que iam
testá-lo e voltaram todos felizes e fazendo planos para a próxima vez com o
cunhado.
Mas o que a mãe dele me disse, “se você o ama, vai deixá-lo ir”,
incomoda-me. Se ele quer Bárbara, eu sairei do caminho dele, eu o amo.
Amo? Sim, amo! Como jamais amei alguém em toda a minha vida. Passando
a mão na minha barriga, lembro-me que ele me deu o presente mais
precioso, meu filho. Não tem como não amá-lo.
* * *
Três dias de reuniões, andar entre a Ideals na Barra e a construtora
em Copacabana está me matando. Tenho a impressão de que a barriga está
cada vez maior. Com quantos quilos essa criança pretende nascer?
— Boa tarde, Duda.
— Boa tarde, mamãe. Está pálida, quer alguma coisa?
— Água, por favor. O Rodrigo está ocupado?
— Está em uma reunião.
— Sabe se vai demorar?
— Acredito que sim, Manu. Acabaram de entrar e o projeto é grande.
— Tudo bem, vou para casa descansar. Só diga a ele que preciso dele
em casa essa noite.
No caminho para casa, vou bolando uma noite excitante para nós
dois. Com a gravidez, trabalho e viagens do Rodrigo, temos pouco tempo
para desfrutarmos um do outro e, quando temos tempo, preferimos dormir.
Triste! Hoje pensei em algo especial, falei para Joana que poderia ir para
casa mais cedo. Assim, eu poderia fazer um jantar especial para nós, uma
sobremesa que ele ama e uma surpresa.
Chego em casa, tomo um banho e coloco um vestido fino. Descalça,
vou para cozinha, preparo um risoto de frutos do mar e uma salada de
folhas verdes. Para sobremesa, faço brownie com calda de chocolate com
avelã. Agora vou para o quarto preparar a surpresa. Espero que ele goste.
Solicitei à portaria que, quando ele chegasse, me avisassem rapidamente.
Rodrigo tem uma rotina imutável quando chega em casa. Ele coloca
suas coisas ordenadamente no aparador que está na entrada, vai para o
quarto e lá toma seu banho demorado. É a mesma coisa todos os dias.
Deixei tudo apagado e um bilhete sobre a cama.
Tome seu banho e me encontre na varanda.
Por favor, não demore. Preciso de você!
As luzes do terraço estão apagadas, o ambiente é iluminado por um
caminho de velas. Ao final desse caminho, próximo ao pilar, sobre um
confortável tapete, estou eu, em minha posição submissa. Ao meu lado, está
uma mesinha com todos os acessórios que couberam. Cordas, algemas,
flogger, cinto, entre outras coisas. Em meu pescoço está a coleira de sessão
que sustento com orgulho.
Como estou de cabeça baixa, não o vejo, mas o sinto. Um arrepio de
antecipação percorre meu corpo. Seus pés descalços entram em meu
campo de visão, e ele acaricia os meus cabelos.
— Linda menina, olhe para mim – assim o faço. — Você está
confortável com isso? Venho lhe poupando porque tenho receio pela
gravidez – balanço minha cabeça em negação. — Fale comigo.
Quero que ele sinta exatamente o que quero lhe dizer.
— Senhor meu, eu preciso que me tome, preciso sentir que ainda
estou viva. E isso só é possível em suas mãos. Não me poupe de nada, por
favor. Eu...
— Eu?
— Eu só preciso – só preciso dessa ligação íntima que temos, em que
entrego a você tudo o que sou e você me recompensa com tudo o que é.
Ele acaricia minha barriga, meus seios e me toma em um beijo
apaixonado. Pega minha mão e ajuda-me a levantar. Como eu já estava nua,
não precisa de muito, ele me toca, e eu molho. Simples assim.
— Sempre pronta para mim.
Ele liga o som e um belíssimo canto gregoriano ressoa pela a nossa
casa. Ele encosta-me no pilar, pega as cordas e começa a trançar por mim.
Seu shibari está cada vez mais perfeito. Muito concentrado, executa sua
arte na mais profunda concentração. Eu sei que para ele isso é uma forma
de relaxar. Rodrigo passa a corda envolta dos meus seios, deixando-os
apertados. Meus braços presos para trás, posição um pouco desconfortável,
mas nada que não dê para aguentar. Olhando daqui, é como se fosse uma
espécie de colete trançado.
Ele sorri contemplando sua obra.
— Você fica muito bonita assim – vindo em minha direção, ele
aperta meus mamilos e os suga enquanto me toca lá embaixo. — Seus
gemidos me deixam louco, pequena – continua seu caminho pelo meu
corpo, acaricia minha barriga e sorri de satisfação. Desce acariciando as
minhas pernas, minhas coxas, minha... Ah, sim... bem aí. Ele alcança o
flogger e começa a passar pelo meu corpo, atiçando-me. Esse acessório não
marca a pele, o que é uma pena. Amo suas marcas em mim. Ele me açoita
nos seios, nas coxas e passa sua mão entre as minhas pernas, deixando-me
desejosa. Penetra-me com dois dedos, açoita-me. Três dedos, açoite. Sim...
sim... sim...
— Por f-favor, Rodrigo... – nada que sai da minha boca é coerente. —
Preciso de... aaahhhhh...
— É isso o que você quer, mulher? – ele pergunta em seu modo dom.
— Oh, sim, mestre.
Ele continua a me foder com seus dedos e a chupar meus mamilos.
— Quer mais alguma coisa, submissa? Diga-me o que quer.
— Eu preciso de você, por favor – Rodrigo aplica um tapa sobre o
meu clitóris e isso leva-me ao ápice — Aaaahhhh!
— Diga-me, sub. O que você quer?
Com todo o atrevimento que possuo, ordeno:
— Foda-me!
Ele levanta as minhas pernas e as coloca em torno de sua cintura,
para o meu deleite, Rodrigo entra em mim. O desejo e o prazer são tão
intensos que gozo de imediato. Ele continua a bombar sem parar.
— Ah... sim... Deus. Dê-me mais, eu quero mais – e assim foi. Ele me
fodeu desesperadamente como há muito não fazíamos.
Rodrigo me desamarra e leva-me até o sofá. Ele se senta e coloca-me
em seu colo.
— Você vai cavalgar, gostosa – deslizo pelo seu pau até estar todo
dentro de mim. — Ofereça-me seus seios, Manuela – no subir e descer, levo
os meus seios até sua boca. Minha mente há muito tempo está longe do
meu corpo. Quando estou à mercê do Mestre, tudo o que sou pertence a ele:
meu corpo, meus sentidos, meus pensamentos e meu coração.
Ele me coloca de quatro sobre o sofá.
— Vamos lá, bebê. Goze comigo – ele pede.
Ele entra deliciosamente lento para que eu sinta cada centímetro
seu tomando conta de mim. Penetra a minha bunda com dois dedos,
sincronizando as entradas e saídas com seu pau. Delícia de homem, delícia
de foda. Não demorou muito para o meu orgasmo vir e, com mais duas ou
três estocadas, ele goza também.
— Eu gostaria de mais, mas não vou abusar da minha mulher
grávida – ele puxa-me para seu colo e beija minha boca. — Adorei a
surpresa, estava tudo perfeito. Mas nada se compara a sua imagem em
posição, amarrada com essa barriga linda exposta. Senti-me o homem mais
poderoso do mundo e o mais feliz também. Sou louco por você, Manuela.
— Eu também, querido – ele ajuda-me a levantar. — Enquanto você
toma uma ducha, eu vou colocar a mesa para jantarmos.
— Combinado – Rodrigo me dá um tapa na bunda e sai falando. —
Gostosa.
Enquanto ele guarda tudo o que estava na varanda e toma a sua
ducha, eu sirvo o jantar. Nos adaptamos muito bem à rotina um do outro,
parece que vivemos assim há anos. Tudo é muito normal e simples.
— Aproveitarei que você e as meninas irão para Itaipava esse final
de semana e colocarei a banheira – ele anuncia.
— Já falamos sobre isso, não precisa – outro dia, cai na besteira de
contar o quanto gosto de me deleitar na banheira.
— Vocês irão sexta à tarde?
— Sim. Amanhã à tarde – falo.
— E quando voltam?
— Domingo. A Duda precisa dar um tempo dessa loucura com
Arthur. Ele a enlouquecerá. Sinto falta de dirigir, então serei a motorista –
digo.
— Nem pensar! Não vai dirigir e o assunto está encerrado. Sobre
Arthur, é complicado. Nenhum de nós lida bem com sentimentos. Ele talvez
seja ainda pior. Voltando ao assunto da banheira, minha equipe chegará
aqui amanhã logo que você sair. Acredito que dois dias seja o suficiente
para arrumarmos tudo.
— O que vai fazer além de colocar uma jacuzzi para sua
alegriazinha? –pisco para aquele homem que é gostoso demais para o meu
gosto. É um crime tanta beleza em um único ser.
Sua risada é deliciosa.
— Não sei de onde você tira esses apelidos. Então, minha
alegriazinha, além de instalar sua banheira, dormirei. Preciso descansar –
ele olha para mim sério. — Vou sentir sua falta, Manuela.
— Eu também, garanhão – rimos. — Desculpe, é incontrolável. Ando
convivendo demais com a Bia – justifico.
— Percebe-se.
* * *
O hotel é localizado na serra, um lugar lindo, digno de novela. Mas
tenho uma preocupação, será que só servirão comida natureba? Mesmo
para uma grávida?
— Estou com fome – falo.
— Conta uma novidade – Bia me olha com deboche. Ela parece uma
boneca de tão linda, e tem a boca mais suja que conheço.
Duda, com cara de poucos amigos, diz:
— Bia, é melhor esse lugar ter comida boa. A ideia de vir para cá foi
sua.
Ernesto, nosso motorista, não para de rir. Deve pensar que somos
completamente malucas.
— Vai rindo, Ernesto – olho com cara de brava para ele. — E fique a
postos, “tiozin”. Talvez seja necessário comprar comida com sustância para
mim.
Considero todo funcionário como um amigo. Ordeno, instruo, faço o
que devo fazer, mas, se convivem comigo, tem que entrar no meu jogo.
Ernesto tem sido meu motorista nos últimos meses, viu e ouviu muitas
coisas particulares. Não há motivos para tratar de outra forma.
As meninas e eu gostamos de ficar juntas e, dessa vez, não foi
diferente. Momentos assim tem sido necessário para mim e para elas.
Depois que me mudei para o apartamento do Rodrigo, nossas noites de
fofocas ficaram raras. E, quando uma de nós está chateada, damos um jeito
de escapar juntas.
— Só para deixar vocês ligadas, nos escrevi na ioga e em uma
massagem relaxante – Bia e suas ideias mirabolantes.
— Estou adorando as atividades, Bia – Duda fala.
— Nem pensar! Ninguém me tirará da cama – não vou mesmo. Vim
só para fazer volume e planejar a morte do Arthur. — Duda, eu não vou me
meter na sua relação com Arthur. Só me avise quando eu tiver que matá-lo.
Estou com fome! Essa criança é realmente do Rodrigo e deve ser um
menino. Estou de cinco meses e parecem oito.
Bia, muito concentrada em seu celular, fala:
— Eu digo e repito, envolver coração nas relações é só para dar
merda. Em vez de ser só fodida, você se fode inteira.
Duda começa a rir.
— Falou a experiente. Depois de cinco anos, continua com o papo
furado com Steban.
— Eu não quero você ensinando meu bebê a falar palavrão, Bia.
Ainda mais se for menina – a repreendo.
O final de semana foi basicamente dormir, comer e rir das loucuras
da Bia. Elas se empenharam nas atividades que o lugar oferecia, eu apenas
descansava. Duda nos falou pouco sobre os seus problemas com o Arthur,
mas é sempre a mesma coisa, o rapaz tem um sério problema em assumir
um relacionamento. Voltamos para o Rio no domingo à tarde. Deixamos as
meninas em suas casas e fomos para a minha. Estou morrendo de saudades
do Rodrigo e dos seus carinhos. Estou ficando mal-acostumada.
— Ernesto, amanhã ficarei em casa o dia todo, pode tirar o dia de
folga. E não se esqueça de comprar um presente para sua namorada,
cabeção. Sei que homens não são apegados a datas, mas, poxa vida, custa
lembrar de vez em quando?
— Não era nada demais, era só para comemorar seis meses que
estamos juntos.
— Cabeção! – ele dá risada.
Ernesto sobe comigo, deixa a minha mala e se vai. O apartamento
está todo escuro, o Rodrigo deve estar no décimo quinto sono. Vou para o
quarto louca por um banho. Quando abro a porta do quarto, paraliso com a
cena à minha frente. Bárbara e Rodrigo deitados na nossa cama. As roupas
dela estão espalhadas pelo chão e ambos parecem estar em um sono
profundo.
Sento na poltrona que fica aos pés da cama e penso nas
possibilidades para acabar com a dor que está me dilacerando. Penso em
dar um escândalo, matá-los, chamar o tal do Macarrão para dar um fim
como fez com a garota do jogador. Mas do que adiantaria? Essa dor vai
continuar comigo.
Meu Deus, por que ele fez isso comigo... conosco?
Observo-os. Ele está virado para o lado direito e ela com o braço
sobre ele em nossa cama... Não! Em sua cama, na sua casa. Nada aqui é meu,
a não ser minhas roupas. Apesar dos meses que vivi com ele aqui, apesar
dos momentos felizes que tivemos, apesar de todo amor, nada é nosso.
Fico mais de uma hora assim, divagando sobre a minha dor. Rodrigo
acorda e olha diretamente para mim, abre um sorriso lindo e isso faz com
que minha dor aumente.
— Já chegou, minha menina. Deite aqui – ele apalpa sua lateral e vê
que ainda há um corpo ali. A reação dele foi digna de um ator.
— O que... quem... Bárbara? – a vadia se levanta e o lençol cai,
deixando seus seios à mostra. — O que você está fazendo aqui?
Eu não consigo falar nada, meu único movimento é passar a mão na
minha barriga para proteger o meu filho de sofrer também. É tudo o que
posso fazer no momento. Ele sai da cama rápido e vejo que está de cueca.
Menos mal, não que isso faça a diferença, mas... Rodrigo ajoelha-se à minha
frente.
— Manuela, eu juro a você que não aconteceu nada. Eu nem lembro
dessa maluca ter entrado aqui.
— Assim você me ofende, amor. Você disse que iria dispensá-la para
ficar comigo.
Isso é um pesadelo, só pode ser. Levanto minha sobrancelha e
encaro-o. Por um momento, esperei um milagre, que tudo isso não passasse
de um sonho. Mas essa é a realidade. Essa é a realidade que espera por meu
filho. Rodrigo levanta e joga as roupas de Bárbara sobre ela.
— Bárbara, cale a boca. Nós conversaremos de perto e com a polícia
junto. Isso é invasão, eu não lembro de tê-la convidado para vir aqui –
calmamente, me levanto e saio em sentido da sala. — Onde você vai,
Manuela? Você precisa me ouvir, acreditar em mim...
Solto uma risada mais que amarga.
— O pior é que acredito. Ela pode ter entrado aqui e simulado tudo.
Já vi os mesmos filmes e novelas que ela... – reúno todas as minhas forças
para não estourar, tenho que preservar o bebê. Eu aponto para ela. — Eu
não quero viver assim e não quero que o meu filho viva assim, em meio a
intrigas e confusões, isso não é saudável, Rodrigo. Admito que o amo, mas
meu amor não é tão forte a ponto de me anular para ter você. Seja feliz.
— Volta aqui, Manuela. Por favor, você não pode ir embora e levar
meu filho.
— Não só posso como vou. Assista! Amanhã peço para alguém vir
buscar as minhas coisas. E se quiser ver o seu filho, procure meus
advogados. Não quero a mesquinharia da sua família perto dele.
— Manuela, por favor... – Rodrigo continua a implorar.
Fecho a porta e saio. Vou para a garagem, entro no meu carro e
deixo para trás o lugar em que um dia fui feliz. Novamente, sinto-me como
se estivesse dormente, nada me atinge. Ao chegar em meu apartamento
escuro, sento na varanda e assisto o dia amanhecer orando para que um dia
essa dor passe.
Capítulo 27 – Rodrigo