Espaço

Por Redação Galileu

Assim como a Terra, Mercúrio pode ter glaciares de sal, um ambiente volátil possivelmente com as mesmas condições de vida encontradas em locais extremos no nosso planeta – como no caso do deserto do Atacama, no Chile.

A descoberta, que pode abrir uma nova fronteira na astrobiologia, foi publicada em 17 de novembro no Journal of Planetary Science. A pesquisa foi conduzida por cientistas do Instituto de Ciências Planetárias, nos Estados Unidos.

"Nossa descoberta complementa outras pesquisas recentes mostrando que Plutão tem glaciares de nitrogênio, implicando que o fenômeno de glaciação se estende dos confins mais quentes aos mais frios dentro do nosso Sistema Solar", conta Alexis Rodriguez, autor principal do estudo, em comunicado.

Conforme Rodriguez, os glaciares da Terra têm compostos de sal específicos que criam nichos habitáveis mesmo em alguns dos ambientes mais hostis onde ocorrem, como no Atacama. Isso abre possibilidade para a existência em Mercúrio de áreas que agem como "zonas goldilocks" ("zonas cachinhos de ouro") — aquelas a uma distância de uma estrela onde pode haver água líquida.

"Mas, neste caso, o foco é na profundidade abaixo da superfície do planeta, em vez da distância correta de uma estrela", explica o cientista.

Vista do terreno caótico do pplo norte de Mercúrio (Borealis Chaos) e das crateras Raditladi e Eminescu, onde foram identificadas evidências de possíveis geleiras — Foto: Nasa
Vista do terreno caótico do pplo norte de Mercúrio (Borealis Chaos) e das crateras Raditladi e Eminescu, onde foram identificadas evidências de possíveis geleiras — Foto: Nasa

Além disso, os glaciares em Mercúrio se diferenciam dos da Terra, pois se formam a partir de Camadas Ricas em Voláteis (VRLs, Volatile Rich Layers) profundamente enterradas e expostas por impactos de asteroides, conforme explica o coautor da pesquisa, Bryan Travis, cientista do Instituto de Ciências Planetárias.

A partir de um modelo que integra dados observacionais recentes, os pesquisadores buscaram entender como ocorre a formação dos glaciares no planeta. Eles examinaram a região Borealis Chaos, próxima ao polo norte de Mercúrio.

Imagem superior: Vista de um depósito que seria resultado de geleiras provavelmente compostas por sais. Imagem inferior: Vista de parte do Borealis Chaos, um terreno caótico do polo norte em Mercúrio — Foto: Nasa
Imagem superior: Vista de um depósito que seria resultado de geleiras provavelmente compostas por sais. Imagem inferior: Vista de parte do Borealis Chaos, um terreno caótico do polo norte em Mercúrio — Foto: Nasa

O terreno ali revela vários impactos de asteroides, indicando que as geleiras se formaram sobre uma paisagem já solidificada. "Nossos modelos afirmam fortemente que o fluxo de sal provavelmente produziu esses glaciares e que, após sua colocação, eles retiveram voláteis por mais de 1 bilhão de anos", diz Travis.

Outro coautor do estudo, Jeffrey S. Kargel, conta que água liberada por vulcanismo pode ter criado temporariamente poças ou mares rasos de água líquida ou água supercrítica (como um vapor denso e altamente salgado), permitindo que depósitos de sal se assentassem.

"A subsequente perda rápida de água para o espaço e a captura de água em minerais hidratados na crosta teriam deixado para trás uma camada dominada por sal e minerais argilosos, que se acumularam progressivamente em depósitos espessos", afirma Kargel.

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