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Por — De São Paulo


Os cobiçados cursos de medicina, que representam cerca de 40% da receita do mercado de ensino superior, começam a perder valor diante do aumento na oferta dessa graduação. Em 2020, uma vaga de medicina chegou a ser negociada por R$ 3 milhões; nos últimos dois anos, girava na casa dos R$ 2 milhões e, no mês passado, a Cruzeiro do Sul desembolsou R$ 1,2 milhão.

Mesmo considerando outras métricas como lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), há uma redução. Em outubro de 2022, a Afya adquiriu uma faculdade de medicina avaliada em 5,8 vezes. Em maio deste ano, a companhia fez uma outra aquisição pagando, dessa vez, um múltiplo de 4,2 vezes o Ebitda.

Há ainda grandes grupos como Ânima e Cogna buscando investidores para seus braços de medicina, mas sem avanços até o momento. A Kinea chegou a fazer uma oferta por uma fatia da KrotonMed, mas não houve acordo de preço. A Ânima contratou o J.P. Morgan, no ano passado, em busca de uma nova entrada de recursos que poderia vir de abertura de capital, venda de fatia ou fusão. Em 2021, a companhia vendeu 25% da Inspirali à gestora DNA Capital por R$ 1 bilhão.

Essa desvalorização no “valuation” acontece porque hoje muitas faculdades só estão conseguindo formar turmas recorrendo a três ou quatro listas de chamada e já há instituições de ensino, em especial aquelas em regiões distantes, que, ainda assim, não preenchem todas as vagas - uma realidade improvável há alguns anos.

Entre 2014 e 2022, a relação candidato vaga nos cursos privados de medicina caiu de 31,9 para 8,9, segundo a Associação Médica Brasileira (AMB).

Em 2022, havia 175,7 mil alunos estudando medicina em faculdades privadas, um aumento de 66 mil estudantes quando comparado a 2018. Nos últimos quatro anos, houve um incremento de cerca de 10 mil vagas em faculdades privadas. Hoje, são 37,4 mil vagas nas faculdades particulares e 9,6 mil nas universidades públicas. E, haverá outro aumento relevante nos próximos anos. O Mais Médicos pretende acrescentar quase 10 mil vagas, sendo 7,7 mil da rede particular e 2 mil das instituições federais, nos próximos dez anos.

Há ainda as vagas judicializadas. O Ministério da Educação (MEC) está analisando 193 processos que abarcam até 11,5 mil vagas, mas estima-se que cerca de 3,1 mil sejam aprovadas. Isso porque boa parte das liminares não se enquadra nas regras do programa do governo federal - desde o ano passado mesmo quem entrou com liminar deve seguir algumas das exigências do Mais Médicos como, por exemplo, instalar o curso em cidades com menos de 3,73 médicos por 1 mil habitantes e que tenham infraestrutura no SUS local para aulas práticas.

Porém, as vagas judicializadas são uma incógnita mesmo com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) determinando como devem ser os processos para abertura de cursos de medicina fora do Mais Médicos. Segundo fontes, muitas faculdades já preveem ter seus pedidos reprovados e agora estão planejando entrar com novas liminares. Essa turma alega que seus processos foram solicitados antes do MEC passar a exigir que seus cursos também sejam instalados em cidades carentes. A maior parte das liminares pede abertura em regiões centrais.

Maior pressão será em cursos de medicina na base da pirâmide, como ocorreu no setor”
— Paulo Presse

O preço das mensalidades continua subindo, mas não no mesmo ritmo de antes. Neste ano, o valor médio pago pelos alunos está em R$ 10,4 mil, alta de 0,83% quando comparado a 2023. Entre 2014 e 2017, por exemplo, o crescimento anual estava na casa dos 6%.

Segundo Paulo Presse, consultor da Hoper Educação, a expansão de vagas nos cursos de medicina vem acontecendo na base da pirâmide. “É um movimento semelhante ao que ocorreu no mercado de ensino superior. Haverá mais pressão nessa camada, com possibilidades de uma mudança na curva ou queda de preços com a entrada de novos ‘players’”, disse Presse. Já há cursos com mensalidade de R$ 6,8 mil.

Há no país 175 mil alunos estudando medicina nas faculdades privadas, o que representa apenas 2,4% do setor, mas eles movimentam cerca de R$ 26,4 bilhões, o equivalente a 40% do mercado de ensino superior, segundo a Hoper. A mensalidade média de uma graduação de medicina é de R$ 10 mil. Nos demais cursos presenciais, o tíquete médio é de R$ 786 e no ensino a distância, cai para R$ 210.

A demanda pela medicina começou após 2015, com a redução drástica do Fies, programa de financiamento estudantil que sustentava o crescimento do setor. A partir de 2019, houve um incremento de alunos nessa graduação com a ampliação de vagas do programa Mais Médicos II e judicialização. Hoje, há cerca de 2 mil vagas de medicina abertas por meio de liminar. Muitos grupos entraram na Justiça porque, entre 2019 e 2022, houve uma moratória proibindo abertura dessa graduação. Nessa onda, surgiram escolas de fachada, consultorias e escritórios de advocacia correndo atrás de liminares para vendê-las no mercado tendo em vista o preço elevado das vagas de medicina.

As empresas foram procuradas pela reportagem. A Cogna respondeu: "Com o intuito de fortalecer a operação e expansão da KrotonMed, a empresa informa que conversou com players estratégicos de saúde e players financeiros em 2021/2022, mas não chegou a um acordo final." A Ânima disse que até o momento não há decisão sobre eventual venda parcial de participação da Inspirali.

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