Lula defende investir no social e critica a elite: 'Nós não somos todos iguais'

A uma plateia de estudantes, professores universitários e militantes em Osasco, na região metropolitana da capital paulista, Lula reforçou o discurso do “nós contra eles”, dos trabalhadores contra a elite.

“Neste país, toda vez que se tenta fazer política social, aparece alguém dizendo 'gasta demais'. Eu fico me perguntando quanto custou a esse país não ter feito a reforma agrária na década de 50? Quanto custou a esse país não ter feito universidade 300 anos atrás?”, disse o presidente. “Tem gente da elite brasileira que não gosta que eu falo isso. Tem gente que fala que não pode falar 'eles e nós, nós somos todos iguais'. Não é verdade. Nós não somos todos iguais. Tem gente que come dez vezes por dia, tem gente que passa dez dias sem comer. Esse é o país que nós queremos consertar”, afirmou.

Lula participou da inauguração das novas instalações do edifício acadêmico e administrativo da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios do Campus Osasco da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O governo federal investiu R$ 102 milhões na obra.

“Podem não gostar, mas nós vamos investir na formação de meninos e meninas nesse país. Queremos os mais pobres, queremos os de classe média e queremos os mais ricos sendo tratados em igualdade de condições”, disse o presidente.

“Tem gente que não gosta que essas coisas aconteçam. Porque esse país achava que pobre trabalhador tem que trabalhar. Que quem podia estudar era o filho do rico, que foi para Londres, para Chicago, para Paris, para Madri, para Coimbra. Nós queremos que a filha de uma empregada doméstica possa ser médica. Não queremos uma sociedade dividida pelo berço em que a pessoa nasceu. O papel do Estado é garantir a todos, independentemente da religião, da raça, do time de futebol, da condição financeira, a mesma oportunidade.”

Sem citar os nomes dos ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), Lula afirmou que seus antecessores deixaram de investir nas universidades. Durante seu discurso, o presidente incentivou os alunos da Unifesp, que cobraram por melhorias na universidade como a ampliação da moradia estudantil, a continuarem reivindicando.

“É lógico que vocês têm direito de fazer reivindicação e todo dia têm que cobrar, mas é importante lembrar que isso aqui ficou parado por muitos anos por falta de responsabilidade de governantes, de ministros da Educação”, disse Lula, em recado os estudantes que cobraram melhorias no campus.

Ao lado de Lula, participaram do evento os ministros Camilo Santana (Educação), Fernando Haddad (Fazenda), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja.