Yi and the Thousand Moons é um jogo musical legal. David Su é um cara nichado, com ele se especializando em jogos curtos que são musicais, com boa parte deles sendo Walking Sims. Yi foi o único dos jogos principais dele que eu ainda não havia jogado, pois diferente dos seus outros jogos, ele era pago e eu não tinha Steam na época (baixava no itch.io e não tinha cartão internacional; continuo não tendo um cartão), e agora que eu tenho uma, tive a chance de jogá-lo. O jogo é um Walking Sim como Edith Finch, Firewatch entre outros, com o diferencial sendo que ele é um musical. Basicamente, um jogo é uma música adaptativa que se desenrola ao chegar nos pontos A ou B, com poucas ações que servem de ferramentas para alcançar esses pontos. Diferente de M Dolly e Garden Song (outros games do mesmo criador), esse aqui incorpora outras interações além de andar, levando em conta que a Yi é uma arqueira e pode usar seu arco em determinadas partes. Se isso o torna melhor ou pior, não sei, mas a forma meio obtusa que as ações são ativadas incomoda um pouco (não consigo fazer jus explicando, só jogando pra saber). Por ser um musical, é claro que ele tem que caprichar nas músicas, e digo que acertaram nesse quesito. A instrumentação é simples e agradável, os cantores cantam bem e cada música serve bem o que cumpre ser precisar serem bombásticas. A história também é simples e pouco bombástica, sendo sobre Yi, que é uma arqueira enviada pelos deuses pra fazer os seus serviços, e ao perceber que os seus serviços ferram com o mundo, decide consertar esse erro. É simples, curta, mas agradável, e serve pra quem aprecia teatros e musicais. Yi and the Thousand Moons pode não ser super impressionante, mas agrada quem tem a mente aberta para experiências menores e simples.

Tall Man Run é o jogo mais fútil que já joguei. Este é um daqueles jogos mobile de baixíssima qualidade que você vê em anúncios, aqueles lá em que um personagem passa por uma porta ou qualquer coisa que o deixa mais forte ou fraco enquanto corre pra sabe lá aonde. Eu nunca o jogaria se eu não descobrisse pelo Backloggd que dá pra jogá-lo pelo Youtube sem anúncios, e foi isso que fiz, mesmo sabendo que ele seria uma bosta. O jogo é simples, você controla esse boneco que deve coletar coisas que deixam ele mais alto ou mais espesso para que no fim ele corra numa pista de obstáculos que o encurtam até ele poder dar uma voadora no bonecão gigante. Por incrível que pareça, ele não é um autorunner, você controla o boneco segurando o dedo na tela e faz curvas deslizando pros lados. Por sinal, o controle é bem ruim, pois além da velocidade de lesma com excesso de melatonina, as curvas também são pesadas e escorregadias. Há diamantes como coletáveis, mas não tem utilidade. O objetivo não é só fútil, é duplamente fútil. O boneco percorre uma maratona inteira tentando não morrer, só pra percorrer uma pista de obstáculos em que ele praticamente morre. O objetivo não é dar a voadora no bonecão, é chegar na pista de obstáculos, já que tem fases em que é impossível chutar o bonecão, e independente se ele vive ou morre, o jogo vai pra próxima fase e a história se repete. Isso é basicamente um purgatório onde as vitórias não são recompensadoras e as derrotas não são esmagadoras, sobrando só um vazio. Tall Man Run é só mais um shovelware mobile, com o diferencial de ter o conjunto de regras mais fúteis criadas.

Traumacore Violence é uma experiência muito daora. Descobri esse jogo lendo algumas reviews no Backloggd, e ele me pareceu interessante, e visto que ele custava 3 reais na Steam, acabou sendo difícil de recusar a jogá-lo. O jogo é um character action que nem DMC ou Bayonetta, mas sinto que até essa descrição não faz jus a ele. Mesmo sendo um character action, ele não tem 1001 habilidades complexas que podem ser encaixadas de mil maneiras ou um sistema de ranking exigente com a sua performance (tem high-score pra quem quiser), mas isso não significa que falta profundidade, pois a forma que as habilidades da personagem fluem pode ser usada de muitas maneiras. A personagem usa chutes e metrancas, e os 2 tipos de ataque servem não só pra ofensiva, como também mobilidade, e cada tipo flui tão bem quando são encaixados uns com os outros, ainda mais porque a maioria dos golpes só tem 1 frame de startup. Fora isso, ela também tem um parry que a teletransporta pra trás do inimigo que nem o Goku, e uma doze de usos limitados que pode ser recarregada com o parry (não é tão exigente quanto parece). Traumacore é o nome de uma estética em que coisas fofas, infantis ou familiares fazem justaposição com contextos pesados pra falar sobre trauma, abuso ETC. E olhando os visuais, faz sentido ter Traumacore no título. Visualmente, parece algúm jogo em flash meio edgy que você veria no Click Jogos ou outros sites do tipo, as poucas cutscenes que tem usam desenhos rabiscados e os inimigos consistem em stick figures, bichos de pelúcia endemoniados e até mesmo cristos redentores, e acho que tudo isso condiz com Traumacore. Tem uma história aqui, mas não captei muita coisa, já que a história só é contada por textos flutuantes nos cenários e fiquei concentrado demais no combate pra ler, mas não precisa ser vidente pra saber que a 1° palavra do título mostra o núcleo da história. A melhor coisa desse jogo, é o senso de concisão. O jogo só dura 1 hora ou menos, fases só são tão longas quanto precisam ser e não há firulas. Traumacore Violence não é um jogo polido e duradouro, e não precisa ser, visto que ele faz muito bem o que importa.