Artes visuais
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Por Nelson Gobbi


Jonathas Andrade e a instalação 'Com o coraçãosaindo pela boca', que dá nome ao pavilhão brasileiro Divulgação — Foto:
Jonathas Andrade e a instalação 'Com o coraçãosaindo pela boca', que dá nome ao pavilhão brasileiro Divulgação — Foto:

Expressões populares que usam partes do corpo como metáfora para diversas situações, como "nó na garganta", "cara de pau", "pé na jaca", "bunda mole", "cabeça de vento", serviram de inspiração para o artista Jonathas de Andrade desenvolver instalações e esculturas para ocupar o Pavilhão do Brasil na 59ª Bienal de Veneza. As representações sugerem críticas sociais de formas mais sutis ou mais evidentes, como a escultura "Dedo podre", na forma de um indicador pressionando o botão de uma urna eletrônica. O título da representação nacional, "Com o coração saindo pela boca", vem de uma das obras, uma instalação inflável de grandes dimensões, que pende do teto e, quando cheia, toma parte do espaço dedicado ao público.

— A linguagem tenta explicar algumas situações quase intraduzíveis, é parte de uma negociação subjetiva do idioma. Quando este grande coração infla, também obriga o público a negociar seu espaço, fazendo com que se aproxime mais de outras obras da exposição, olhando-as de forma diferente — explica Andrade.

Escolhido pelo curador do Pavilhão, Jacopo Crivelli Visconti (curador-chefe da 34ª Bienal de São Paulo, no ano passado), Andrade despontou para o circuito de arte contemporânea com o projeto Museu do Homem do Nordeste (2013), um contraponto à instituição homônima de caráter antropológico criada por Gilberto Freyre em 1979 na capital pernambucana. Com individuais em instituições como o New Museum (Nova York), Museum of Contemporary Art Chicago e Museo Jumex (Cidade do México), o alagoano radicado no Recife parte de sua experiência local para criar um discurso universal.

— Mesmo sendo muito identificadas com a linguagem popular do Brasil, várias dessas expressões têm correspondentes em outros idiomas. Trago sempre questões pessoais para as obras, mas isso me permite abordar temas universais e chegar a um público mais amplo — acredita. — Tudo isso cria um jogo com o público, de tentar passar uma sensação do que é o Brasil de hoje.

Para o curador, o principal desafio do projeto foi desvendar como falar do momento atual do país.

— Jonathas e eu debatemos muito que Brasil é este que a gente está representando. Os pavilhões nacionais têm um caráter diplomático que não dá para fugir, o que sempre mais complexo em momentos tensos como os que temos vivido — comenta Crivelli Visconti, para quem o país nunca deixou de estar em evidência internacionalmente. — A presença dos brasileiros na seleção principal (cinco artistas) foi positiva pela quantidade e a diversidade entre eles. Pode ser que, por conceitos específicos, uma curadoria opte por mais ou menos artistas do país, mas o mundo sempre olha para a produção brasileira.

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