Saúde
 

Por Juliana Duarte


icterícia (Foto: KidStock / Getty Images) — Foto: Crescer
icterícia (Foto: KidStock / Getty Images) — Foto: Crescer

O que é a icterícia?


É uma alteração causada pelo aumento de bilirrubina no sangue, um pigmento amarelo fabricado naturalmente pelo organismo. Quando as células vermelhas se rompem, em um processo fisiológico, ocorre a liberação dessa substância, que vai direto para o fígado. Em seguida, ela é metabolizada e descartada por meio da urina. Como as funções hepáticas da criança ainda não estão maduras, pode haver uma deficiência nesse mecanismo – a bilirrubina fica, então, concentrada na corrente sanguínea e o tom amarelo toma conta da pele, bem como das conjuntivas (parte branca dos olhos).

Segundo os especialistas, a icterícia neonatal se manifesta em cerca de 60% dos recém-nascidos, não tem sintomas adicionais nem costuma representar grandes riscos, desde que seja detectada e controlada rapidamente. Caso contrário, se a quantidade de bilirrubina for excepcionalmente alta, há risco de o sistema nervoso central ser atingido pela substância, acarretando encefalopatia, uma lesão que está por trás da paralisia cerebral.

Há outras causas frequentes?

A icterícia também pode acometer as crianças quando houver incompatibilidade sanguínea entre mãe e filho. Por conta dessa diferença, o organismo tende a acelerar a destruição dos glóbulos vermelhos. Quanto mais eles se rompem, maior é o acúmulo de pigmento – e o fígado não dá conta de depurar tudo. Em alguns casos, o problema requer tratamentos específicos.

Amamentação (Foto: Thinkstock) — Foto: Crescer
Amamentação (Foto: Thinkstock) — Foto: Crescer

Outro gatilho possível é a dificuldade de amamentação. O leite materno tem substâncias que favorecem o processamento da bilirrubina. Portanto, quando o bebê não mama bem, pode ficar com excesso do pigmento. Prematuros tardios (que nasceram com 34 a 37 semanas de gestação) são os principais afetados, justamente por não terem uma capacidade de sucção bem desenvolvida. Normalmente, a disfunção é superada assim que a ingestão de leite materno aumenta.

Quando ela surge?


Geralmente, a partir do terceiro dia de vida. Se for observada antes disso, deve levantar suspeita para outras doenças mais sérias no fígado. Quando surge mais tarde – após a primeira semana de vida –, é necessário descartar problemas como aleitamento materno insuficiente, além de alterações gastrintestinais.

Que outras doenças podem ser confundidas com ela?


Vale descartar a ocorrência de hepatite, herpes, rubéola e citomegalovírus, além de atresia biliar – uma obstrução nas vias biliares, que requer cirurgia. Para fazer a distinção, os médicos analisam se, no exame de sangue, há apenas o aumento da chamada bilirrubina indireta, que indica a icterícia fisiológica, ou se o tipo direto está circulando em maior quantidade, o que acontece por motivos mais graves e raros.

Como é feito o diagnóstico?

Para detectar a icterícia, o exame mais comum é o físico: o médico pressiona o dedo na testa da criança e, depois de removê-lo, nota se a pele ficou branca ou amarela. No segundo caso, é importante fazer uma coleta sanguínea na sequência para medir, com precisão, os níveis de bilirrubina no sangue. Assim, o pediatra consegue dar início ao tratamento para conter o avanço da doença (ou simplesmente acompanhá-la mais de perto).

Outro teste é feito com o bilirrubinômetro cutâneo, equipamento que, ao ser posicionado na testa da criança, permite a leitura de bilirrubina sem precisar dispor de uma amostra sanguínea. A técnica, porém, não é tão precisa quanto a primeira. Vale ressaltar que a quantidade de pigmento considerada inofensiva varia de uma criança para outra. Para calculá-la, os médicos levam em consideração a idade gestacional e o peso do bebê. Todas as informações são colocadas em uma curva pelos pediatras responsáveis, que analisam os dados e determinam se a alteração é ou não alarmante.

bebê (Foto: KidStock / Getty Images) — Foto: Crescer
bebê (Foto: KidStock / Getty Images) — Foto: Crescer

Quando o bebê deve ter alta?


A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda a permanência no hospital por um período de 48 a 72 horas para os bebês saudáveis. As razões são diversas. Uma delas se refere ao fato de que, se ele for liberado antes da hora, a icterícia pode passar despercebida, já que a manifestação geralmente ocorre a partir do terceiro dia de vida. Nessa situação, se não houver acompanhamento, existe o perigo de a criança ter complicações.

Como tratar?

O bebê deve ser avaliado diariamente, até a normalização dos níveis de bilirrubina. A fototerapia é o tratamento mais indicado, mas só se a icterícia não regredir espontaneamente. Popularmente conhecida como banho de luz, a técnica expõe a criança à luminosidade emitida por lâmpadas específicas, que atinge diretamente a estrutura do pigmento, diluindo-o e eliminando-o.

Geralmente, o procedimento é realizado durante um ou dois dias, mas a frequência e a intensidade devem ser avaliadas caso a caso. Passado o momento mais crítico, os banhos de sol podem atuar como coadjuvantes. A rotina de amamentação e de demais cuidados segue a mesma, com exceção do fato de que a mãe pode receber alta antes do bebê. Não se desespere ao ouvir isso do médico! Logo, ele também será liberado (em segurança) para se unir à família.

Quanto tempo leva para desaparecer?


A doença fisiológica costuma se estender de sete a dez dias e regredir espontaneamente – nem sempre, porém, é preciso ficar no hospital por todo esse tempo. Há também a possibilidade de o quadro se prolongar, caso não seja bemtratado ou se a oferta de leite materno for escassa.

E depois, é necessário algum cuidado especial?

Com os parâmetros sanguíneos normalizados, não deixe de prestar atenção à coloração do seu filho e consultar um pediatra, se tiver dúvidas sobre o estado de saúde dele. Quando os níveis de bilirrubina baixam, não quer dizer que a alteração sumiu de vez. Algumas vezes, a concentração do pigmento no sangue volta a subir, embora isso não seja comum. Por isso, é fundamental fazer consultas periódicas e expor o bebê ao sol por cinco minutos ao dia, de preferência, no período da manhã ou no fim da tarde. Os raios solares também ajudam a dissolver o pigmento.

Fontes: Andrea Contini, professora do Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); Cecília Maria Draque, médica da disciplina de Pediatria Neonatal da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); Helen Zatti, neonatologista e professora da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul); Henrique George Naufel, pediatra e coordenador do curso de Medicina da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC); Ilson Enk, pediatra e integrante da Diretoria Científica da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS); e Lílian dos Santos R. Sadeck, vice-presidente do Departamento de Neonatologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).

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