• Vanessa Lima
Atualizado em
Número de bebês com dor de ouvido caiu (Foto: Thinkstock)

Uma das situações mais incômodas para as crianças é a dor de ouvido. Nos menores de 1 ano, então, que não conseguem falar para comunicar o que estão sentindo, a situação é pior ainda. A boa notícia é que, embora ainda sejam altas, as taxas de bebês com otite sofreram uma queda significativa em 20 anos nos Estados Unidos. Um estudo da Academia Americana de Pediatria (AAP), publicado recentemente na revista médica Pediatrics, diz que, enquanto nos anos 1980 e 1980, 60% dos bebês tinham pelo menos uma ocorrência da inflamação até 1 ano de idade, entre 2008 e 2014, esse número caiu para 46%.

De acordo com o otorrinolaringologista Rodrigo Pereira, do Hospital Infantil Pequeno Príncipe, em Curitiba (PR), embora não existam estudos que comprovem, uma queda também pode ser observada por aqui. “Não temos dados epidemiológicos brasileiros para dizer que no grupo geral haja uma redução estatisticamente significativa, mas pode realmente estar ocorrendo no Brasil também”, diz o especialista.

Otite: comum no primeiro ano


Embora os casos tenham sofrido uma redução, alguns estudos afirmam que é normal os bebês terem otite pelo menos uma vez até completarem 1 ano de vida. “A frequência acontece por conta da maior abertura e permeabilidade da tuba auditiva, o conduto que liga a parte de trás do nariz com o ouvido médio”, explica Rodrigo. “Além disso, há outros fatores comuns que fazem com que crianças dessa faixa etária tenham mais pré-disposição: pior controle de rinites e a entrada na creche depois do fim da licença-maternidade das mães, quando a criança está apenas com 4 ou 5 meses”, exemplifica.

Os motivos que explicariam a queda nos casos


Segundo os cientistas que notificaram a queda de casos de otite, há três fatores que podem explicar a mudança das estatísticas: menor exposição à fumaça de cigarro, maior tempo de amamentação e mais acesso às vacinas. “Crianças que convivem com adultos tabagistas, independentemente do fato deles fumarem ou não na presença delas, apresentam componentes do cigarro identificáveis na corrente sanguínea e na urina”, lembra o médico. “O tabagismo passivo leva a vários problemas de saúde, mas, no caso da otite, a causa é a alteração que essas substâncias geram na mucosa do nariz e ouvido médio, alterando a capacidade de limpeza natural e de transporte do muco do nariz para a garganta”, completa.

Já a amamentação colabora porque aumenta a imunidade, com anticorpos que são passados para a criança nessa fase inicial do desenvolvimento. Por sua vez, a vacinação contra o pneumococo, principal responsável pela otite média aguda, pode aumentar a capacidade de combate a essa bactéria. “A redução da estatística observada pela vacina foi abaixo do que se esperava, mas é um fator a mais para melhorar o controle”, diz Rodrigo.

Como identificar e tratar a otite


Justamente pelo fato de os bebês de até 1 ano ainda não conseguirem falar, perceber que seu filho está sofrendo com otite é um desafio. Os sintomas são muito parecidos com os de outras infecções virais: febre e irritabilidade. Às vezes, o bebê para de comer. Vale lembrar que o fato de você mexer na orelha do seu filho e ele não protestar não é suficiente para descartar a infecção do ouvido. “A dor da otite média aguda normalmente não piora com a manipulação da orelha”, informa o otorrino.

Por conta disso, o único jeito de se certificar de que a criança está ou não sofrendo com esse problema é consultar um médico especialista, que realizará o diagnóstico adequado. Segundo Rodrigo, em bebês menos de 6 meses, o tratamento costuma ser feito com antibióticos porque há maior risco de complicações. “Acima dessa idade, é possível observar os sintomas por até 48 horas, quando a febre está abaixo de 39 ºC e  a dor é controlável com analgésicos comuns. Nos casos mais severos, é preciso usar antibióticos”, orienta.

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