Ao contrário da Inglaterra, que aprovou, sem grandes turbulências, a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, do outro lado do Canal da Mancha, a proposta não teve um trâmite fácil até o sim final. Somente após cinco meses e mais de 170 horas de debates no Senado e na Assembleia Nacional, os deputados da França aprovaram, no dia 23 de abril de 2013, de forma definitiva, por 331 votos a favor e 225 contra, o projeto de lei que legaliza a união entre pessoas do mesmo sexo e também a adoção de crianças por casais homossexuais. Ao fim da sessão, os parlamentares da maioria socialista, em pé, bradavam repetidamente "égalité!" ("igualdade!").

Nas últimas semanas, a oposição ao projeto de lei se radicalizou no discurso e em manifestações nas ruas. A ministra da Justiça, Christiane Taubira, pediu aos homossexuais para "manterem a cabeça erguida", previu celebrações "lindas e alegres" para os primeiros casamentos gays, e encerrou seu discurso com uma citação do filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900): "As verdades que calamos tornam-se venenosas."

Com a aprovação da lei, a França se torna o nono país na Europa e o 14° no mundo a legalizar o casamento homossexual. Mas a oposição quis prorrogar o embate no campo jurídico. A União por um Movimento Popular (UMP), principal partido conservador, recorreu contra a lei no Conselho Constitucional, argumentando que a "definição do casamento não pode ser modificada por uma simples lei". O conselho negou o recurso da UMP e, no dia 18 de maio de 2013, o presidente François Hollande sancionou a lei.

Vitória. Ativistas dos movimentos homossexuais festejam a aprovação do casamento gay na França

Vitória. Ativistas dos movimentos homossexuais festejam a aprovação do casamento gay na França AP/Christophe Ena/23-04-2013