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Crônica

"O Caso da Pretinha", crônica de Marcos Caldeira, de Itabira

Pretinha

Da pena de Marcos Caldeira, editor-faz-tudo do hebdomadário “Trem Itabirano”, recolho uma crônica no sentido estrito da palavra: injustiça canina na Fazenda do Pontal, que pertenceu à família de Carlos Drummond de Andrade. Podia chamar-se “O Caso da Pretinha”. 

Ele, que nasceu há 120 anos e passou a vida cronicando, ia dar vez e voz ao Caldeira em seu pleito: “Fica, Pretinha”. 

A. 

CASA DA FAZENDA DO PONTAL: PRETINHA FICA

Ninguém tem o direito de falar pelos mortos, mas nesse caso me arriscarei: Carlos Drummond de Andrade escreveria: "Pretinha fica".

A casa-sede da Fazenda do Pontal, que pertenceu à família do poeta, ganhou a gostosa presença de Pretinha, uma cadelinha bela, fofa, prestativa, elegante e bem-humorada.

O bichinho fez uma visita, amou o lugar, foi ficando, ficando, malandramente, e comoveu o coração de funcionários até não ter outro jeito: foi adotada. Está felizona lá.

Pretinha compõe magnificamente bem o cenário da casa da fazenda e presta valiosos serviços a todos que lá trabalham. Recentemente, avisou à vigilância, com nervosos latidos de alerta, que uma cascavel estava quase entrando na residência.

Gente oficial, no entanto, encasquetou que Pretinha não pode morar na Casa do Pontal e quer tirá-la de lá. Para onde vai Pretinha? Para o drama do desamparo? Para as ruas de Itabira, tão violentas aos animais? Será adotada por alguém incapaz de cuidar de um bicho até o último dia de vida deste?

Não, não e não!!! Convoquemos o gauche da rua das Flores. Por tudo que li da vida e obra de Carlos Drummond de Andrade, tenho certeza de que ele se colocaria em favor do animal e talvez assinasse crônica no Jornal do Brasil com este título: "Pretinha fica".

Marcos Caldeira 

O TREM ITABIRANO.

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