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Ciclo de Conferências

"Sobre a Coragem" - título do novo Ciclo de Adauto Novaes, no Sesc SP

Série Mutações

Cedo o meu espaço para o artigo de Adauto Novaes, criador da série “Mutações”. Dia 06/06, segunda-feira, terá início mais um Ciclo de Conferências organizado por ele, intitulado  “Mutações – Sobre a coragem e outras virtudes”. O Ciclo se realizará até 02/08, no  CPF - Centro de Pesquisa e Formação do SESC-SP (Rua Dr. Plínio Barreto, 285, 4o andar, Bela Vista). Conferências sempre às segundas e terças-feiras, das 19h30 às 21h30. Informações e inscrições: sescsp.org.br/cpf

Afonso Borges

 

Mutações – Sobre a coragem e outras virtudes

 

Em tempos de mutações, tempos de grandes transformações em todas as áreas da atividade humana, dezoito pensadores do ciclo I/ Sobre a coragem e outras virtudes se reúnem no Sesc para dar ir resposta a uma questão fundamental para a existência da democracia hoje: como repensar a teoria da coragem em meio ao declínio de uma época, momento que o filósofo italiano Giorgio Agamben chamou de “tempo de trevas”? Ou seja, como repensar a teoria da coragem hoje? Corajoso não é aquele herói do dia, descrito pela mídia e mostrado em filmes espetaculares. Ela supõe uma virtude individual mas também virtude anônima e coletiva, como lemos na tradição republicana.

 

A primeira resposta dada por muitos conferencistas do ciclo consiste, pois, em dizer que não existe coragem política sem coragem moral e que é preciso buscar a retomada dos fundamentos pessoais e coletivos. Não há democracia sem a consciência de si, sem o saber de si e sem uma ética da coragem. Alguns filósofos chegam a dizer que a coragem é menos uma virtude pessoal e mais uma disposição coletiva em resposta a determinadas questões de uma época.

 

O segundo momento do ciclo procura analisar o problema do medo. Albert Camus escreveu, durante a Segunda Guerra, que o nosso século é o século do medo e mostra que não existe coragem sem medo: o corajoso é aquele que não ignora o medo. Lemos em “Grande sertão veredas”, (tema da conferência de abertura do ciclo com o professor José Miguel Wisnik): “Medo, não, mas perdi a vontade de ter coragem”. Hannah Arendt, filósofa citada por alguns conferencistas, dá a resposta: “Ser livre para a liberdade significa, acima de tudo, ser libertada não apenas do medo, mas também da necessidade”. Os filósofos da Antiguidade diziam que a coragem transitava entre o medo e a temeridade. A coragem não é, portanto, uma virtude que age sozinha: a ela estão vinculadas três outras virtudes essenciais: a justiça, prudência e saber (ou, como escreve Foucault, coragem de saber e coragem da verdade).

 

Por fim, a coragem só ganha sentido se se transformar em ação política. Diante do egoísmo organizado pelas mídias eletrônicas e da indiferença crescente das coisas do mundo, indiferença pela ordem social e política, devemos seguir advertência de Hannah Arendt: não é apenas a vida que está em perigo, mas o mundo do viver-juntos, do viver em comunidade: “A coragem é indispensável porque, em política, não é a vida, mas o mundo que está em jogo”.

 

Esses são os temas das discussões do ciclo de conferências Mutações — Sobre a coragem e outras virtudes.

 

(Adauto Novaes)

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