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Desabafo

Thiago França, do Metá Metá: 'o mainstream não serve pra gente, e a recíproca é igualmente verdadeira'

Por Luccas Oliveira

Kiko Dinucci, Juçara Marçal e Thiago França: Metá Metá

Quem acompanha o trabalho do Metá Metá sabe que o trio paulista é um dos grupos mais intrigantes e talentosos disto que gostamos de chamar de novíssima música brasileira. Em um post brilhante, escrito após assistir ao show do Clube da Encruza (junção de Metá Metá, Passo Torto e os projetos solos de seus respectivos integrantes) no ano passado, o Mateus, aqui do Amplificador, cravou: "já é possível dizer que os sete (Kiko Dinucci, Marcelo Cabral, Rodrigo Campos, Juçara Marçal, Romulo Fróes, Thiago França e Sergio Machado) fazem parte do movimento brasileiro mais relevante desde o Manguebeat. Se faltava um nome, não falta mais: o Clube da Encruza é o que há de lindo na música nacional dos anos 2010".

Por isso, diversos fãs em mesas de bares volta e meia questionam: afinal, se essa turma está fazendo trabalhos tão importantes para a música nacional, por que não conseguem chegar ao grande público? Ou, usando o jargão apropriado, por que não alcançam o famigerado mainstream?

Bom, se eu já participei de discussões desse tipo umas três vezes só neste ano, imagino o quanto Kiko Dinucci, Thiago França e Juçara Marçal — que lançaram, no mês passado, "MM3", terceiro disco de estúdio do Metá Metá (baixe aqui) — já tiveram que gastar de saliva para falar sobre o assunto. E, nesta quinta-feira, França resolver gastar os dedos também — aqueles mesmos que brilhantemente o permitem desafiar os limites de seu saxofone.


O músico publicou, em seu Facebook, um texto em tom de desabafo sobre o assunto. Curto e direto:

O mainstream não serve pra gente, não serve pra mim, e a recíproca é igualmente verdadeira: nós não servimos pra ele, eu também não sirvo.

Há três anos, o Metá Metá estava concorrendo em três categorias no Prêmio Multishow, entre elas, melhor disco (Metal Metal), com Caetano Veloso e Guilherme Arantes. Ganhou Guilherme Arantes, a gente ganhou "melhor música compartilhada". na mesma intensidade que o público vibrava com cada aparição da Ivete Sangalo, Anita e Naldo, vaiava quando ouvia "Metá Metá", esse sei-lá-o-quê que ninguém ali conhecia, que ofendia o público com sua falta de fama, um verdadeiro hiato na programação. vaiaram mesmo, não é modo de dizer, vaiaram mesmo, "uuuuu.." porque a gente cometeu esse crime, de não ter sido empurrado goela abaixo por nenhuma rádio, nenhuma TV.

Há 20 anos atrás eu era um garotinho estudando música e ganhei de presente um CD do Sujeito à Guincho, um grupo de clarinetes, do qual faz parte o Luca Raele. hoje eu estou aqui na YB gravando um arranjo meu pruma música do Romulo na companhia dos meus amigos, aqueles de sempre, e o Luca vai gravar o clarone.

Não sintam minha falta no mainstream, não sintam a nossa falta. Não se perguntem porque não somos o "disco da semana", do dia, do minuto, em nenhum lugar. não achem que somos injustiçados por não estarmos onde não devemos, onde não queremos.

Meu tempo é outro.

LANÇAMENTO NO CIRCO VOADOR

Nosso tempo é outro e, apesar de não tocar no Faustão, o Metá Metá consegue fazer seu trabalho chegar ao público ávido por novidades da música nacional. E é um número significativo, a ponto do trio fazer, nesta sexta-feira, um dia nobre, o show de lançamento do "MM3" no Circo Voador, mais tradicional palco da cidade (saiba mais aqui).

Os ingressos, que custam R$ 40, estão à venda no site do Ingresso Rápido e na bilheteria do Circo Voador. Pode chegar com a certeza de que não vai se arrepender.

SERVIÇO

METÁ METÁ – Lançamento MM3

Pista: Caçapa

Data: Sexta, dia 10 de junho de 2016.

Abertura da casa: 22h.

Ingressos: R$ 40 (meia-entrada para estudantes, menores de 21 anos e maiores de 60 anos/ingresso solidário válido também com 1 kg de alimento).

Classificação: 18 anos.

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