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Fintechs

Aposta de Warren Buffet no Nubank indica como fintechs farão bancos mudarem

Por Marcello Corrêa

Nubank: R$ 27 milhões de ativos e prejuízo em 2020, mas com boas perspectivas que atraíram investidores

A rodada de investimentos de US$ 750 milhões que turbinou o Nubank é um sinal de confiança em um movimento de fortalecimento do fintechs que tem deixado em alerta gigantes do segmento, em especial os bancos tradicionais. Se a aposta de Warren Buffet e outros pesos-pesados estiver certa, tudo indica que essas empresas tendem a ganhar mais espaço em um setor que ainda está majoritariamente nas mãos de poucos agentes.

É emblemático que, após receber os aportes, o banco digital tenha ultrapassado gigantes como o Banco do Brasil e a XP em valor de mercado. De acordo com dados do Banco Central, o BB é hoje a maior instituição financeira do país em volume de ativos, com R$ 1,7 bilhão. É seguido de perto por Caixa, Bradesco e Itaú. Nesse ranking, o Nubank aparece bem atrás, com R$ 27 milhões em ativos.

Também chama a atenção o fato de a fintech ainda não ser lucrativa. No ano passado, o prejuízo foi de R$ 230 milhões — impactado pela decisão de investir mais no desenvolvimento de produtos e serviços. As receitas com intermediação financeira, no entanto, indicam um negócio em ascensão: somaram R$ 5 bilhões em 2020 , alta de 79% em relação ao ano anterior.

Esses dados indicam que o apetite dos investidores no Nubank não reflete apenas o momento atual, mas é uma aposta em um modelo de negócios diferente no futuro. A instituição é a face mais conhecida de uma onda que tem ganho força no Brasil. Pesquisa de 2020 da Abfintech, que representa o setor, mapeou 148 startups financeiras no país. O percentual de negócios com faturamento inferior a R$ 350 mil caiu de 51%, em 2017, para 42%, em 2020 — um sinal de amadurecimento do setor, na avaliação da entidade.

A senha de que um ambiente em que bancos digitais têm mais peso também está no fato de que o BC tem dado especial atenção a essa agenda nos últimos anos. O Open Banking, que facilita a competição bancária, e o incentivo a ferramentas como Pix e, mais recentemente, o pagamento por WhatsApp, são sinais de que a autoridade monetária está atenta às demandas do consumidor.

Se os investidores e órgãos reguladores acompanham a mudança do mercado, o mesmo já ocorre com as instituições tradicionais. O efeito disso deve ser o foco maior na digitalização e desburocratização do sistema bancário, com aumento da competitividade em um segmento no qual 80% do crédito ainda está concentrado nas mãos de cinco gigantes.

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