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Crime organizado

Ecko morreu, mas os problemas que criaram as milícias no Rio continuam bem vivos

Por Giampaolo Morgado Braga

Weelington da Silva Braga, o Ecko: miliciano foi morto em ação da Polícia Civil, mas o crime organizado permanece

Wellington da Silva Braga, o Ecko, chefão da milícia, um dos criminosos mais procurados do país, está morto. E agora? Fim da linha para os paramilitares no Rio? Nem de longe.

No grande esquema da segurança pública, a morte de Ecko é cerca de nada. Como foi, em outros tempos, a prisão de Fernandinho Beira-Mar. Ou de Elias Maluco. Ou de Marcinho VP. Ou a morte de Uê. Ou a prisão de FB. É uma longa fila de criminosos mortos ou presos. Estamos mais seguros? Os moradores das favelas se libertaram da mão assassina do tráfico ou da milícia? A vida ficou melhor?

Haverá, ou já há, uma guerra intestina na milícia de Ecko pelo poder. Áreas sob domínio do seu grupo serão invadidas por milicianos rivais ou traficantes. Soldados dos dois lados morrerão — e alguns inocentes também. E depois, como escreveu Fernando Pessoa, "a vida de todos os dias retoma o seu dia...".

Fulanizar a segurança pública, criar de tempos em tempos o inimigo público número um, gera a sensação de que, uma vez que o bandido seja morto ou preso, tudo está resolvido. O que é uma excelente maneira de não resolver coisa alguma.

O problema da segurança pública no Rio de Janeiro (e, de resto, no país) é estrutural, não conjuntural. Ecko tinha 34 anos. Quando nasceu, o crime já mandava nas favelas e aterrorizava o Estado. Wellington cresceu, prosperou, alimentou parte desse terror e morreu. O crime continua mandando nas favelas e aterrorizando o Estado. A fila só andou.

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