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HÁ 50 ANOS

O casamento de Jorge Ben com a musa inspiradora de 'Dumingaz' e 'Cadê Teresa?'

Domingas Terezinha e Jorge Ben fazem sinal de "paz e amor" após casório, em 1971

A qualquer repórter que perguntasse, o cantor e compositor Jorge Ben dizia que aquela história de casamento era pura fofoca. Para despistar a imprensa, ele deu até um jeito de registrar, no livro da igreja, a data errada em que ocorreria o matrimônio. Mas não teve jeito. Na tarde de 5 de agosto de 1971, há 50 anos, o noivo se irritou ao ver o pelotão de jornalistas na Capela de São Pedro e São Paulo, no Morumbi, em São Paulo, para cobrir a celebração de sua união com Domingas Terezinha Inalmo, a musa inspiradora das canções "Cadê Teresa?" e "Dumingaz".

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"Esses caras são demais. Como é que eles descobriram? Acabo deixando Domingas no altar. Vou-me embora ou ainda dou um soco num fotógrafo desses", disse o artista, de acordo com a edição do GLOBO publicada no dia seguinte à cerimônia.

Carioca morador de São Paulo, Jorge Ben já era tratado pela imprensa como um gênio musical, autor de hinos como "Mas que nada", "País tropical" e "Que pena". Mas o homem que no palco sabia cativar o público era totalmente reservado sobre a sua vida pessoal. Quando se casou, ele e Domingas já estavam namorando havia cerca de três anos, mas o cantor se negava a falar do relacionamento durante entrevistas. De acordo com a revista semanal "Intervalo", primeira grande publicação do país sobre o universo dos famosos, ele chegou a reunir repórteres, no dia 4 de agosto, para desmentir qualquer informação sobre seu casamento no dia seguinte.

Jorge Ben e Domingas Tereza se casando em capela no Morumbi, São Paulo

Segundo O GLOBO, até o livro de registros da capela informava que o casamento seria no dia 6 de agosto. Por tudo isso, Jorge Ben fez cara de poucos amigos quando viu as câmeras se juntando na igreja. Soltou queixas diante dos repórteres, até porque Domingas estava um tanto atrasada. Mas o humor do artista começou a virar com a chegada dos convidados, que o abraçavam eufóricos. Foi uma cerimônia pequena, para coisa de 50 pessoas. Durante a celebração, o cantor tamborilava com os dedos na madeira do genuflexório, ainda um pouco angustiado com os flashes. Mas os sinais de nervosismo foram embora depois do "sim" da noiva.

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Ao fim do casório, visivelmente mais relaxado, Jorge Ben até posou para as lentes e incentivou Domingas a fazer, junto com ele, o símbolo de "paz e amor" com as mãos. Para quem se atreveu a perguntar, o cantor disse que a lua de mel do casal seria no Rio, para onde eles viajariam no sábado seguinte. Mais do que isso, não falou, e ainda deu fora em quem insistiu: "Esse negócio de falar sobre planos futuros, sobre casório, é um tremendo papo furado. Isso é um assunto meu e ninguém tem que saber", afirmou o artista, de acordo com a reportagem da "Intervalo". 

Em 1971, Jorge Ben lançaria o clássico "Negro é lindo", em que vociferava o crescente movimento de valorização do povo negro, unindo ritmos americanos e brasileiros de origem africana. De lá pra cá, o músico de hoje 82 anos se consolidou como um dos mais influentes artistas do país, mas se manteve fechado sobre a vida pessoal. Até sua idade exata foi motivo de especulação. Em 2020, a jornalista Kamile Viola lançou o livro "Africa Brasil: Um dia Jorge Ben voou para toda a gente ver" (Selo Sesc), no qual ela apresenta a certidão de nascimento de Jorge Lima de Menezes, filho de Augusto e Sebastiana Lima de Menezes, nascido em 22 de março de 1939. 

O cantor carioca Jorge Ben gravando faixa em 1972

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