Publicidade

Revelação de 1987

'Tem que deixar a vida te levar': Um encontro com Marisa Monte aos 20 anos, no Quadrado da Urca

Marisa Monte aos 20 anos de idade, na murada da Urca

Marisa Monte tinha 20 anos de idade e estava a poucos dias de começar uma sequência de apresentações no teatro da Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema, no Rio, quando encontrou uma equipe do GLOBO no dia 29 de dezembro de 1987 para conversar sobre aquele momento de sua carreira e posar para uma breve sessão de fotos no pacato bairro da Urca, onde morava.

Instagram: Siga nosso perfil, com 96 anos de memória visual

A artista, que hoje está em turnê com seu nono álbum de estúdio, "Portas", havia despontado na cena musical apenas três meses antes. Em setembro daquele ano, ela fez uma série de exibições lotadas no Jazzmania, também em Ipanema, sob a direção do incensado produtor Nelson Motta, que tinha visto Marisa cantando num bar em Veneza, na Itália, onde a carioca viveu por um breve período.

Marisa Monte em imagem de 1987, no início de sua carreira

O show no Jazzmania, batizado de "Veludo Azul", rendeu à intérprete elogios de artistas como Marina Lima e Patrícia Travassos, além de críticas entusiasmadas da imprensa. As performances também atraíram o interesse de gravadoras e, em 1989, Marisa lançaria seu primeiro álbum, "MM", com sucessos como "Bem que se quis" (Pino Danielle/Nelson Motta) e "Negro Gato" (Getúlio Cortes).  

Exclusivo: Marisa Monte fala sobre vida em família durante a pandemia

Mas o título de "sensação do momento" parecia não balançar a cabeça da cantora. "Não espero nada. Estou feliz hoje. Talvez este seja o segredo. Cheguei até aqui dando passos do tamanho das minhas pernas", disse ela ao jornal. "O importante é ser fiel a si mesmo e não atropelar as coisas".

Na época, Marisa ainda não compunha seu material (o primeiro disco com letras suas, "Mais", seria lançado em 1991), mas fazia questão de só cantar o que gostava de ouvir. Seu repertório, na época, tinha músicas de ícones como Tim Maia, Chico Buarque, Rita Lee, Marvin Gaye e Caetano Veloso, entre outros. "Me amarro em todos os tipos de música, todos os estilos. Tenho meus dias de jazz, de reggae, Vicente Celestino e Noel Rosa".

Marisa Monte: 'Cheguei aqui dando passos do tamanho das minhas pernas'

Filha de uma família abastada do Rio, Marisa estudou piano, canto e bateria na infância e na adolescência. Em 1982, participou do musical "The rocky horror show", dirigido por Miguel Falabella, com alunos do Colégio Andrews. Em 1985, deixou a Escola de Música da UFRJ e foi morar em Roma para se aprofundar nos estudos do canto lírico, mas decidiu voltar ao Brasil. Apesar de tanta proximidade com a música em sua juventude, não foi simples para ela se "assumir" como cantora. 

Covid-19: Marisa Monte adiou shows no Rio e SP devido a doença

"Há certas opções que não é você que faz. Tem que deixar a vida te levar", refletiu a intérprete, que faria os shows na Laura Alvim com o mesmo quarteto que a acompanhara no Jazzmania: Roberto Alves (piano), Ronaldo Diamante (baixo), Edu Szajnbrum (bateria) e Marcos Suzano (percussão), além do trompetista Saulo.

A artista e sua banda ficariam em cartaz por oito noites na casa de cultura, que fica na orla de Ipanema, com o show "Cantando na praia". De acordo com uma crítica publicada pelo GLOBO no dia 11 de janeiro, o primeiro fim de semana da temporada foi um sucesso, com ingressos esgotados e público arrebatado pela simplicidade e o talento da artista. "Ela é uma ótima cantora, que oferece um produto honesto num mercado nem tanto", dizia o texto de Alexandre Martins. 

Marisa Monte: cantora despontou após série de shows em 1987

Leia também