Rennan Setti e João Sorima Neto
As Lojas Americanas anunciaram na noite desta terça-feira a compra de 70% do Grupo Uni.co, dono das lojas Imaginarium e Puket. A companhia era totalmente controlada pela gestora carioca Squadra, de Guilherme Aché, e, como noticiou a coluna em fevereiro, havia abortado seus planos de fazer IPO.
O valor da transação não foi divulgado. Segundo comunicado da Americanas, o acordo prevê a aquisição dos 30% restantes dentro de 3 anos.
"A aquisição do Grupo Uni.co é mais um movimento do Universo Americanas na expansão de sua plataforma de varejo especializado em franquias e marcas próprias, somando-se à operação recentemente anunciada da criação da joint-venture com a BR Distribuidora para a exploração do negócio de lojas de conveniência. Além disso, a aquisição poderá ampliar o sortimento em verticais estratégicas e de alta frequência (moda, acessórios, presentes e design), bem como aumenta ro poder de desenvolvimento de produtos de marcas próprias”, disse me nota o diretor de relações com investidores da Americanas, Carlos Eduardo Rosalba Padilha.
Além de Imaginarium, de presentes, e Puket, de meias e pijamas, o grupo é dono da Mind (decoração) e da Love Brands (franquia multimarcas).
Com 445 lojas, majoritariamente em formato de franquias em shopping centers, as marcas do grupo tiveram uma perda de receita da ordem de 37% nos primeiros nove meses do ano passado em função da pandemia, encerrando o período com R$ 103,7 milhões de receita líquida ajustada.
Ecossistemas
Para Marcos Gouvêa de Souza, sócio da GS&MD, consultoria especializada em varejo, a compra da Uni.co pela Americanas segue a tendência de formação de ecossistemas de negócios, com diferentes produtos. É um movimento que está sendo feito também por outras grandes varejistas como Magazine Luiza e Via varejo.
— É a lógica do quanto maior é, maior fica. E por isso existe essa volúpia de crescimento, de expandir e ocupar espaço. A Americanas vai incorporar clientes da Puket, da Imaginarium que também passam a usar crédito da Americanas, por exemplo — diz Gouvêa de Souza.
Esse movimento de criação de ecossistemas de negócios já aconteceu em países como China e Coréia do Sul há alguns anos. Agora começa a ganhar força no Brasil. Gouvêa de Souza lembra que a Magalu já oferece produtos de educação, tecnologia, além de seus produtos.
— Vamos assistir mais operações desse tipo. Nesses ecossistemas, serão incorporados produtos de alimentação, transporte, saúde. Há demanda por esse tipo de negócio — afirma o especialista.