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SÉTIMA RODADA

Galeão segue perdendo passageiros e Santos Dumont já concentra 67% dos voos no Rio

 

Passageiros no Aeroporto Internacional Galeão-Tom Jobim

A retomada dos voos após um ano e meio de pandemia no Rio tem favorecido o aeroporto Santos Dumont em detrimento do Galeão: o aeroporto central concentra hoje 67% da oferta de voos na terminal do Rio — com o Galeão demorando mais do que seus pares de outras capitais, como Guarulhos, Brasília e Confins, a recuperar o movimento de passageiros no pós-pandemia. 

Mas a situação poderá ficar ainda mais crítica para o Galeão com a modelagem prevista pelo governo federal para a privatização do Santos Dumont — que prevê a investimentos de R$ 1,36 bilhão, com a sua internacionalização e um aumento de capacidade para até 15 milhões de passageiros.

Este é o temor do RIOgaleão, conforme um estudo interno de cenários sobre a privatização do Santos Dumont, ao qual a coluna teve acesso.

— A modelagem da 7ª rodada estimula artificialmente a fragmentação da malha aérea doméstica praticada no Rio de Janeiro, canibaliza o sistema e reduz a atratividade do estado como destino turístico e de investimentos em geral —diz o RIOgaleão no documento.

O principal argumento é que o volume de passageiros no Estado do Rio de Janeiro é inferior a 30 milhões, o que seria insuficiente, segundo especialistas em infraestrutura aeroportuária, para que não haja uma canibalização entre os dois aeroportos. Em casos assim, a recomendação é que haja uma coordenação entre eles, como acontece em Belo Horizonte, com a Pampulha restrita à voos da aviação executiva para não reduzir a atratividade de Confins.

Antes da pandemia, a terminal Rio movimentou 22 milhões de passageiros, sendo 9 milhões no Santos Dumont. 

A ausência de coordenação tem feito o Galeão perder movimento não apenas para o Santos Dumont, mas também para outros estados. Atualmente, 65% dos assentos ofertados no Santos Dumont alimentam hubs fora do Rio, segundo estudo da Firjan. Os principais destinos dos passageiros em conexão são Guarulhos (GRU), Viracopos (VCP), Brasília (BSB) e Confins (CNF).

Assim como o prefeito Eduardo Paes já se manifestou em ofício enviado à Agência Nacional de Aviação CIvil (Anac), o RIOgaleão defende que Santos Dumont fique restrito a voos regionais. Pela proposta, o SDU só poderia operar voos para destinos até 500 km de distância mais Brasília. 

— Apesar de ser o 2° maior mercado do Brasil, o estado do Rio tem conexão direta com 24 destinos domésticos, enquanto Brasília tem 38 e Belo Horizonte, 37— diz o RIOgaleão no documento.

SUBSÍDIO CRUZADO

O RIOgaleão também critica o fato de que a modelagem prevê que o aeroporto carioca subsidie três aeroportos regionais mineiros (Uberaba, Montes Claros e Uberlândia), que farão parte de um mesmo bloco a ser leiloado. 

— Subsidiar aeroportos mineiros com o Santos Dumont é um tapa na cara do Rio — disse à coluna o secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio Chicão Bulhões, que estuda contestar o edital na Justiça.

 

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