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Itaúsa, que controla Itaú, quer diversificar negócios e entrar em saúde e agronegócio

Reservatório Cedae

Mariana Barbosa e Rennan Setti 

A Itaúsa, holding que é acionista do Itaú e tem participação na dona das Havaianas, está buscando diversificar o portfólio com investimentos em saúde e agronegócio.

— Já olhamos algumas oportunidades na área de saúde, mas ainda não conseguimos entrar. É um setor que vai crescer muito e passar por mais consolidação. E com a população envelhecendo, há uma carência do setor público — diz o presidente Alfredo Setubal (leia no link abaixo entrevista exclusiva com o executivo).

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Nos últimos anos, a controladora fez diversas aquisições, como a compra de uma fatia da empresa de saneamento Aegea, que arrematou dois dos quatro blocos no leilão da Cedae, e da NTS, de gás. 

A diversificação para além da participação no Itaú tem dado resultado. No segundo trimestre, a Itaúsa registrou lucro líquido de R$ 3,5 bilhões, crescimento de 487% em relação ao ano anterior. Só a NTS rende dividendos de R$ 940 milhões à Itaúsa desde 2017.

O resultado da Itaúsa tem tornado a companhia uma das queridinhas da B3, atraindo 950 mil pessoas físicas. Ou seja: quase um a cada quatro investidores na Bolsa tem ações da Itaúsa. Há 3 anos, eram apenas 130 mil. A pulverização fez a companhia ampliar sua comunicação com esse público, inclusive por meio de campanha institucional na mídia.

Além da entrada em novos negócios, a Itaúsa não descarta ampliar sua participação em saneamento. 

— A Aegea atua em um dos grandes problemas do Brasil. Com a Cedae, ela passa a atender 10% da população brasileira. Os lotes também vão resultar no renascimento na Baía da Guanabara. A Baía naturalmente vai se recompor, com um impacto inacreditável — diz o empresário, que quer aumentar sua participação na Aegea, que considera relativamente pequena (8,53%).

Desinvestimento na XP

Sobre o tema da sustentabilidade, Setubal afirma que a Itaúsa vai assinar a carta do empresariado que cobra do Brasil a volta ao protagonismo na agenda verde global. 

— Não assinamos ainda porque não havíamos sido convidados (risos) — justifica.

Na XP, a Itaúsa vai receber 15% da corretora em função da cisão que o Itaú está fazendo de sua participação. Como explica Setubal, depois que o Banco Central barrou os planos do banco para assumir o controle da corretora, a participação “ficou meio sem sentido” e os conflitos de interesse entre as duas empresas começaram a pesar. O plano da Itaúsa é também se desfazer das ações “nos próximos anos”: 

— Nossa política de diversificação é fora da área de serviços financeiros. Mas a XP é um investimento que a gente gosta. É um modelo vencedor. Por isso não temos pressa de sair, mas a gente vai sair.

O desinvestimento se dará por meio de até seis vendas em bloco na Bolsa, mas não há qualquer prazo.

— Vamos fazer vendas quando acharmos momentos favoráveis ou quando haja possibilidade de a Itaúsa usar o capital para outras coisas. Pagar dívida, comprar uma empresa, fazer recompra de ações — diz.

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