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Na Rua do Ouvidor, uma troca simbólica no varejo livreiro: sai Saraiva, entra Leitura

Marcus Teles, CEO da Leitura

No mês que vem, ocorrerá no Centro do Rio uma troca de inquilinos simbólica do varejo livreiro no Brasil. A rede Leitura abrirá as portas no número 98 da Rua do Ouvidor, por 23 anos ocupado por uma megastore da Saraiva.

Enquanto a segunda encolhe e tenta emplacar o fatiamento das operações junto a credores na recuperação judicial, a Leitura planeja terminar o ano com nove lojas a mais e diz não ter dívidas, a despeito da pandemia. Na estante, modelos de negócio opostos em vários aspectos. 

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Enquanto Saraiva e Cultura digladiavam-se por endereços de prestígio, dimensões superlativas e estoques onívoros, a rede mineira cresceu perseguindo lojas médias em regiões e cidades esnobadas pelas rivais. Em vez de investir em um site potente, a Leitura fechou seu e-commerce durante a recessão e só voltou com ele no ano passado. Na quarentena, vendeu mais pelo WhatsApp do que pelo portal. 

A rede mineira está em 19 estados e no Distrito Federal, em capitais como João Pessoa e Porto Velho. No Rio, está em shoppings como o Bangu e Park Shopping, no deserto de livrarias que é a Zona Oeste. 

— Temos de ir aonde o cliente está, e há uma carência enorme. São Gonçalo tem 1 milhão de habitantes, mas não tem uma livraria de 300 metros quadrados — diz Marcus Teles (foto ao lado), cujo irmão Elídio fundou a primeira unidade em Belo Horizonte, há 53 anos. 

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Teles enxerga a Leitura como “um relógio de crescimento” que segue regras peculiares. Todo ano, fecha-se uma loja que dá menos resultado. Nenhuma unidade fica mais de um ano no prejuízo. Há ainda uma política de partnership incomum entre empresas familiares: promove-se um gerente a sócio, que se torna responsável pela nova livraria.

O plano da Leitura é fechar o ano com 79 lojas, 22 a mais que a Saraiva, e se consolidar como maior rede do varejo físico de livros no país. Isso apesar de uma redução de receitas estimada em 25% no ano, por causa da pandemia. 

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