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Nos milhões da Petrobras para o gás de cozinha, uma conta que não fecha para os mais pobres

Gás passa de 100 reais em algumas cidades

A Petrobras anunciou nesta quarta-feira uma ação social que destinará R$ 300 milhões para, ao longo de 15 meses, subsidiar o gás de cozinha para famílias vulneráveis. Parece muito dinheiro, mas uma conta conservadora mostra que a cifra está longe de resolver o problema de quem é obrigado a cozinhar com lenha.

Ainda não há detalhes de como funcionará o programa, mas esses R$ 300 milhões comprariam 3,2 milhões de botijões ao preço médio do varejo apurado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) em agosto, de R$ 93,48. Considerando-se apenas o preço médio de distribuição, de R$ 71,05, o número de botijões sobe para 4,2 milhões.

Como a Petrobras indicou que o programa durará 15 meses, esse volume deve ser dividido por cinco, levando em conta que cada botijão dure três meses. Assim, esse total conseguiria suprir as necessidades de mais ou menos 845 mil famílias. 

Mais uma vez, parece muito, mas não é, dada a precariedade social brasileira. Em 2018, o IBGE estimou em 14 milhões o número de famílias que usavam lenha ou carvão para cozinhar. Ou seja, os botijões da Petrobras só resolveriam o problema de 6% desses lares vulneráveis.

Mas esse percentual deve ser ainda menor, já que o número apurado pelo IBGE está defasado e ainda não considera o caos social provocado pela pandemia, nem a alta de 34% no preço médio do gás desde o fim de 2018. 

O passado recente mostra que essas condições fazem toda a diferença: em apenas dois anos, entre 2016 e 2018, o contingente de famílias que cozinhavam com lenha subiu 3 milhões por causa da crise no período.  

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