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O “open banking” brasileiro tem um ponto cego. Saiba qual é

Daniel Marenco

Por Denyse Godoy, especial para Capital

O “open banking”, sistema de compartilhamento de informações dos clientes entre instituições financeiras, é aguardado ansiosamente no mercado.

Com acesso a mais dados de um interessado em tomar um empréstimo, por exemplo, um banco tem condições de customizar o financiamento de acordo com o perfil do consumidor. Se o cliente já tomou crédito em outras instituições e pagou em dia, o banco pode reduzir a taxa de juro cobrada. O tomador também consegue obter mais propostas para escolher a mais interessante.

Atualmente, o acesso das instituições financeiras aos dados do consumidor é limitado. Pelo Sistema de Informações de Créditos do Banco Central (SIR), dá para saber quantos financiamentos ativos o cliente tem (inclusive cheque especial e cartão de crédito) e o valor total, mas não se estão em dia ou atrasados. A lei do sigilo bancário exige que o consumidor autorize a consulta. Para checar se o tomador está devendo na praça, existem os birôs de crédito, como a Serasa e a Boa Vista. Por outro lado, o cadastro positivo ajuda a vislumbrar um histórico de bom pagador, sem nuances nem detalhes.

A promessa do “open banking” é mostrar, entre outras informações, um extrato das operações de crédito do consumidor, o que o favorece nas negociações com as instituições e permite aos bancos diminuir o seu risco na concessão de financiamentos.

Pela lei, o cliente vai precisar autorizar expressamente que uma instituição solicite a outra os seus dados financeiros. Daí surge um ponto cego do sistema, que em teoria poderia reduzir os benefícios do “open banking”: as instituições não sabem agora e não vão saber, com as novas regras, com quantos bancos o consumidor tem relacionamento. Então, caso alguém queira esconder um histórico ruim em um banco em especial, basta não mencionar que tem ou teve conta nesse banco. Ou o inverso: a fim de melhorar as suas referências, o consumidor pode apresentar apenas um histórico muito bom com uma determinada instituição e esconder os que não são tão positivos.

“O cliente de boa-fé que quer construir um relacionamento de confiança com aquela instituição sabe que quanto mais informações compartilhar, melhor”, pondera Rogério Melfi, responsável pelo grupo de trabalho sobre o “open banking” da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs). “Além disso, a análise de perfil do consumidor para concessão de crédito está cada vez mais sofisticada. Há quem analise até as redes sociais do cliente para entender seu modo de vida e saber se é compatível com a renda.”

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