O mundo da MPB apareceu em peso no lançamento do livro “25 anos do Prêmio da Música Brasileira”, escrito por Antonio Carlos Miguel e com design de Gringo Cardia, anteontem, na Hípica. E todas, absolutamente todas as personalidades, tinham alguma história para contar sobre a premiação, idealizada pelo empresário José Maurício Machline.

“Na edição que homenageou Dorival Caymmi eu sentei ao lado dele”, lembrava Elba Ramalho, “uma cantora interpretou uma música e o compositor comentou: ‘Levo anos para colocar uma nota no lugar, vem alguém e muda tudo...’” Ali perto, Joyce Moreno divertia-se lembrando da homenagem à Rita Lee.

“Cantei ‘Minha gata Rita Lee’ e ela veio falar comigo. Tive que explicar que a música não era em homenagem a ela”, contava Joyce. “Era para a minha gata, bicho mesmo, que se chamava Rita Lee, aí sim, em homenagem à Rita de verdade”. Joyce, aliás, está indicada a um dos prêmios este ano. “Estou muito contente porque é um disco de inéditas. Hoje em dia ninguém dá a mínima para isso.”

Zélia Duncan encarou não só um raríssimo salto alto como também lente de contato em apenas um dos olhos quando foi mestre de cerimônias ao lado de Adriana Calcanhotto.

“Era para enxergar de perto com um e de longe com o outro”, explicava. “Pensei: talvez eu atravesse o salão e acabe com a minha carreira aqui, com uma foto caída de quatro no chão, hahaha!”

Em 1989, Marina Lima concorreu na categoria melhor canção, com “À francesa” — que fez o maior sucesso na novela “Top model” —, mas quem levou foi Angela Ro Ro, com “Cobaias de Deus”, parceria sua com Cazuza. “Saí correndo pelo teatro atrás da Marina, dizendo, ‘esse prêmio é teu!’”, contava Ro Ro. Os fotógrafos pedem então uma pose a ela. “Cara de Michelle Pfeiffer ou de Sônia Braga?”, pergunta a cantora.

O foco seguinte é Gaby Amarantos. “Gente, como você está maaagra”, diz uma mulher, ao avistar a rainha do tecnobrega. “Só vou parar quando chegar aos 58 quilos. Agora faltam seis”, orgulhava-se Gaby, quase irreconhecível num figurino discreto, que incluía calça preta e blusa justa. “Quero ficar uma coroa gata e saudável.”

Gaby contava que sim, sente os efeitos da mudança na silhueta. “Onde eu chego, as pessoas se surpreendem”, afirmava. “E o assédio masculino tá pesado, os caras estão chegando mesmo”. Um repórter pergunta se ela colocou silicone. “Não botei e nem fiz lipo, pode pegar aqui, ó”, dizia Gaby, chegando com o peito mais para frente. “Tem que parar com esse negócio de ‘ah, se está na na TV é porque deu para alguém. Se está magra é porque fez lipo.... Ah, para!”

Os repórteres de celebridade também queriam saber sobre a repercussão do show da cantora no “Big Brother Brasil" — houve uma chuva de comentários na internet dizendo que ela desafinou ao cantar ao vivo na TV. “Cantora que não desafina é chata demais. Tem que cantar com a periquita, com emoção”, respondeu Gaby. “Detesto cantora sem graça e afinadinha”.

“Olha lá, é a ‘Rosana-como-uma-deusa’”, aponta uma conhecida empresária, em direção à porta. Quem está entrando não é Rosana, e sim, Joanna — lembra do “meu namorado é um sujeito ocupado/ não manda notícias/ nem dá um sinal....?” Ela mesma.

Irreconhecível, a cantora Alice Caymmi apareceu na Hípica de peruca com cabelos brancos e lisos. “Vim de irmã do Andy Warhol”, brincou. “É para desencaretar essa noite de autógrafos”. O ator Tonico Pereira usava blusa com a seguinte frase estampada no peito: “Meu sonho é morrer contemporâneo”.

“E aí, cabocla?”, cumprimenta Zeca Pagodinho ao ver Elba Ramalho. “Esse livro pesa pra daná, né?”, continua o sambista, um dos mais de 500 premiados que ganharam de presente um exemplar da publicação, de R$ 120. A próxima edição do prêmio, em maio, no Theatro Municipal, terá Camila Pitanga e Mateus Solano como apresentadores e reunirá a cantora do Benin Angelique Kidjo em dueto com o sambista Péricles.

Fotos de Leo Martins: José Maurício Machline dá uma bitoca em Lucinha Araújo; Zeca Pagodinho conversa com João Bosco; Gilberto Gil dá um abraço em Arlindo Rodrigues; Maitê Proença folheia o livro que foi lançado; e Alice Caymmi chega ao lançamento de peruca branca.

Fotos de Roberto Filho/Divulgação: Lázaro Ramos e Toni Garrido se encontram no lançamento do livro; Ney Latorraca relaxa no sofá, com um exemplar da edição nas mãos.