A escolha de Kamala Harris para a chapa de Joe Biden na disputa presidencial nos Estados Unidos era esperada. Foi uma decisão acertada do candidato democrata dentro do contexto atual americano. Senadora pela Califórnia e ex-procuradora-geral do mesmo Estado, a candidata a vice-presidente possui a experiência necessária para o cargo. Também se encaixa dentro do perfil demográfico determinado pelo democrata por ser mulher e de origem negra e indiana.
Normalmente, candidatos a vice causam pouco impacto em eleições. O senador Tim Kaine, escolhido por Hillary para a sua chapa em 2016, talvez consiga andar sem ser reconhecido pela maior parte da população pelas ruas de Nova York. Sua escolha teve um efeito basicamente neutro na performance da democrata contra Trump. Mas uma escolha errada por ter um resultado negativo, como Sarah Palin, vice na chapa de John McCain em 2012.
George W. Bush e Barack Obama venceram as disputas presidenciais escolhendo vices mais velhos e experientes. Donald Trump optou pelo religioso Mike Pence para atrair o voto evangélico – algo que funcionou bem para o atual presidente. Já Kamala entra na disputa para dar um pouco de juventude para Biden. Será distinta também de seus antecessores porque, caso os democratas saiam vitoriosos em novembro, automaticamente ela se posiciona como candidata em 2024. Afinal, Biden, que terá mais de 80 daqui quatro anos, já indicou que não deve disputar a reeleição.
Kamala também desfruta de carisma. É “presidential”, como gostam de dizer os americanos. Por ser conhecida e estar no Senado, traz tranquilidade aos americanos caso precise assumir o cargo. Claro que será alvo de ataques de Trump, como já aconteceu no Twitter minutos após a sua escolha. Faz parte da campanha. Tem pontos fracos, como absolutamente todos os políticos. Mas não há nada grave contra ela. No máximo, os ataques que fez a Biden em relação aos segregacionistas no debate das primárias democratas – e realmente terá de explicar porque sua opinião sobre o candidato mudou.