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Estado da União no tom certo

Discurso de Biden contra Putin tem aplausos até de republicanos

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, concede o discurso do Estado da União

Joe Biden acertou o tom no início de seu discurso do Estado da União ao falar sobre a resposta dos EUA aos ataques da Rússia à Ucrânia. Mostrou firmeza e soube delinear as ações americanas e de seus aliados ocidentais. Não teve medo de chamar Putin de ditador. Sua  postura conquistou aplausos até mesmo dos opositores republicanos. "Quando a história dessa era for escrita, a guerra de Putin contra a Ucrânia mostrará que a Rússia ficou mais fraca e o resto do mundo, mais poderoso".

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Fica claro que o presidente, muito criticado antes da invasão, passou a ser mais elogiado pela sua condução na estratégia para conter o líder russo por meio de sanções coordenadas com a União Europeia, Reino Unido, Japão, Canadá e até mesmo a Suíça e outros países e o fortalecimento militar da Otan.

Iniciar discursos com política externa é raro, embora tenha ocorrido em outros anos. Biden se focou apenas no conflito ucraniano e evitou questões como a retirada do Afeganistão ou as negociações para retorno americano para o acordo nuclear com o Irã. Mesmo a China apareceu dentro do contexto de política doméstica. Chamou a atenção o pouco espaço dedicado ao combate às mudanças climáticas, que seria uma das prioridades de seu governo.

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Ao longo do restante de seu discurso, Biden abordou temas internos, como a economia, educação, saúde e segurança. Em certos momentos, adotou uma agenda mais progressista, ao defender 15% de imposto de renda mínimo para corporações e a expansão de crédito tributário para crianças. Em outros, se posicionou de forma mais centrista, ao condenar ações para retirar fundos da polícia e defender reforço na fronteira com o México.

Sua postura foi mais de união e otimismo, bem diferente de seu antecessor Donald Trump, que apelava para a divisão e muitas vezes um discurso de ódio. No final, Biden optou por terminar delineando quatro questões com apoio bipartidário — combate aos opióides, que provocam dezenas de milhares de mortes por ano nos EUA; tratar de doenças mentais; aumentar o suporte aos veteranos de guerra; e combate ao câncer.

O discurso foi bom. Pode até não alterar a popularidade Biden, que anda baixa, mas estava no tom certo e agradou em muitos momentos até seus adversários.

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