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Macron vs Le Pen

Primeiro turno da França não teve surpresa. E o segundo, terá?

Homem passa por cartazes de campanha dos candidatos presidenciais franceses, o incumbente Emmanuel Macron e a candidata da extrema direita Marine Le Pen em Denain

O primeiro turno da eleição francesa não teve surpresas. Emmanuel Macron e Marine Le Pen terminaram nas duas primeiras posições, conforme o previsto, e disputarão o segundo turno em duas semanas. O cenário foi relativamente similar a cinco anos atrás. A diferença, claro, é que agora o jovem "radical de centro" ocupa a Presidência. Concorre como incumbente. Carrega toda a bagagem de meia década no poder. Já a extremista de direita amenizou um pouco o discurso ao se focar mais no custo de vida e menos na islamofobia e na xenofobia. Suas chances aumentaram.

As pesquisas indicam uma disputa mais acirrada do que em 2017, quando Macron venceu com dois terços dos votos, tendo o dobro da votação de Le Pen — na época, o então candidato centrista teve uma performance bem superior no resultado final em relação ao que indicavam as pesquisas. Ainda assim, está claro que a eleição deste ano será mais equilibrada do que na anterior, até porque pesa uma certa rejeição ao presidente.

Domínio das ideias conservadoras: Mesmo que Macron ainda seja favorito, a direita será a grande vitoriosa da campanha à Presidência na França

Le Pen recebeu apenas o apoio do ultra extremista Éric Zemmour no segundo turno. Com 7% dos votos, ele acabou ficando bem aquém do que indicavam as pesquisas meses atrás. Sua idolatria por Putin levou sua candidatura ao naufrágio — Le Pen também é entusiasta do líder russo, mas foi mais hábil para se distanciar dele após a invasão à Ucrânia.

Todos os demais principais candidatos, da esquerda à centro-direita, declararam apoio a Macron ou pelo menos pediram para seus eleitores não votarem em Le Pen. Foi o caso do esquerdista Jean-Luc Mélanchon, que mais uma vez teve cerca de um quinto dos votos (subindo de 19% para 22%), incluindo 34% dos mais jovens. Com um perfil próximo do americano Bernie Sanders e do britânico Jeremy Corbin, ex-líder do Partido Trabalhista, seu apoio é considerado fundamental. Apesar disso, não está claro como seu eleitorado irá se divider entre Macron, Le Pen e abstenção — esta última pode ser decisiva.

Os tradicionais partidos foram um fiasco e mais uma vez ficaram de fora do segundo turno. Os socialistas, com Anne Hidalgo, tiveram votação de candidatos nanicos (1,8%) e terminaram em décimo lugar. Os republicanos, com Valérie Pécresse, tiveram seu pior desempenho na história, com 4,8% e uma quinta colocação. Mesmo assim, seus eleitores serão importantes no segundo turno e tendem a ir para Macron, mas nada está garantido

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